Seria possível um novo amigo?

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   Snape deixou o felino no chão com cuidado e foi até o banheiro, ficou em frente da pia, lavou bem as mãos, pegou um pano e o umedeceu. Logo tirou o pano que cobre o espelho, para ver melhor o hematoma. Passou delicadamente o pano no olho, agora teria verificar se tem alguma poção Wiggenweld (uma poção de cura) em meio às que trouxe.
Encarou o próprio reflexo por alguns segundos, agora, para ele, estava mais feio do que o normal. Isso o deixou triste, ser feio é algo triste, ser solitário é uma tortura. Nesse momento, Snape pensou como seria diferente se a vida dele fosse pelo menos um pouco normal, imaginou um cenário dele se divertindo normalmente em alguma festa com vários amigos. Ele odeia esse tipo de coisa, mas ao mesmo tempo é oque queria. Viver a vida sem remorso, sem a tristeza que o afunda no mais profundo abismo.
Olhou para seus próprios olhos e pensou: "talvez tivesse sido tudo diferente, se ao menos você tivesse escutado ela"

  Teve a súbita vontade de chorar, por um momento quis se esgueirar em um canto escuro, senta-se e permanecer lá. Mas não podia agora, nem queria, "isso é fraqueza" pensou ele. "Em que isso seria útil? Em nada, pare com isso, esqueça, não pense em nada".
No momento, forçou a própria mente a ficar totalmente vazia e sem pensamentos negativos. Os que surgiam, ele rapidamente os trocava pela imagem do seu foco atual: o gato.

  Saiu do banheiro e foi diretamente até um guarda roupa, pegou alguns panos velhos e rasgados para criar a casa do felino. Foi até um canto específico perto da sala, juntou os panos e fez uma cama pequena.
Ficou confortável, pelo menos foi oque Severus achou.
  Foi pegar o gato, agora era a hora do banho de Saturno. O animal estava tão sujo que, se desse para ficar com a pelagem mais escura, ficaria. Levou um balde para a pia da cozinha utilizando a varinha e o colocou para ser enchido de água, enquanto a água ainda não transbordava, com a varinha, ele trouxe para cozinha oque havia comprado para o mês e organizou devidamente no armário. De repente ouviu que o som que a água fazia caindo no balde havia mudado de seco para muito molhado, oque significava que o balde estava prestes a transbordar. Foi até a pia e desligou a torneira, pegou o balde pesado com magia e o levou com cuidado para o banheiro. Agora que estava tudo pronto, era a hora do banho do bichano.
Snape andou até o gato miudinho e o pegou com as duas mãos cuidadosamente.
-Saturno, não diga a nenhum trouxa que sou um bruxo. É nosso segredinho agora. -falou ele, sorrindo da bobagem que havia dito e, como se entendesse, Saturno deu um miadinho.
Snape entrou no banheiro e foi até onde estava o balde. Agachou-se e segurou o gatinho, quando Severus colocou a mão na água e sentiu que ela estava fria. Ele fez uma expressão pensativa, não era o ideal para o gato. Pegou a varinha das vestes e fez um movimento.
-Ebublio.
Guardou a varinha e tocou novamente na água, agora morna. Começou jogar água no felino, que miou assustado com a água repentina. Mas Snape continuou até que ele estivesse limpo.

  Após banhar o gato, Severus o secou e o colocou na casa improvisada. Com olhos atentos, Snape observou o gato por alguns segundos sem perceber que estava sorrindo atoa.
-Você é tão miudinho, será que é um gato anão? - falou, enquanto fez carinho na pelagem felpuda do felino - se é assim, então seu nome deveria ser, na realidade, Plutão. Mas não gosto muito de Plutão, é pequeno, isolado, esquecido e sem importância. Saturno é melhor.

  Agora, com Saturno, a vida de Severus havia melhorado um pouco. Quando começava pensar sobre Lily Evans e a antiga vida como comensal da morte, ele ia até o gato pequenino e se distraia conversando com ele. Passou a semana em casa, tinha comida, água potável, um toca discos e Saturno, não tinha o porquê sair de casa.
No domingo, Severus acordou cedo (não conseguiu dormir até tarde como planejou) e foi fazer café. Enquanto o café fervia, foi até Saturno para certificar-se que ele estivesse bem. Encheu o pote de ração e de água, e começou conversar com o gatinho sobre assuntos complexos demais até para uma outra pessoa entender.
Com o café pronto, encheu a xícara e foi observar a rua pela janela. Terminou o café mas continuou observando as pessoas, as julgando, entrando em reflexões profundas sobre a vida e, de repente, imaginando cenários catastróficos com atropelamentos, acidentes e morte. Estava imerso em reflexões ruins quando algo o tirou de sua imaginação deprimente, uma batida na porta da casa dele.
-Ótimo, estou ouvindo espíritos. Se for o do meu pai, quero que vá embora e morra de novo - com grande sarcasmo, ele falou em um sussurro tranquilo e voltou a observar as pessoas. Porém, foi novamente atrapalhado quando ouviu mais batidas. Severus fitou a porta com curiosidade, se perguntando quem vivo o visitaria. Desconfiou, poderia muito bem ser alguma encrenca, em meio a pensamentos paranoicos, ele pegou a varinha e a segurou firmemente do lado dele. Totalmente desconfiado, caminhou até a porta, a abriu devagar e oque viu o surpreendeu mais do que qualquer coisa.

O Verão Quase PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora