Don't Cry

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Nós estamos naquele pub que você recomendou e só para esclarecer, Peter não está aqui. Passamos o dia com ele e decidimos sair durante a noite, ele prometeu se comportar em casa.

Está tendo música ao vivo e o clima é aconchegante.

Hey, Jude dos Beatles, dá pra acreditar? É um músico bonito, jovem e canta super bem. Parece com você, americano. Qual a possibilidade?

James e eu mantemos uma conversa agradável, ele é divertido e tem se mostrado um bom ouvinte, também é bom em guiar uma conversa e me distrair.

- Por que Irlanda de todos os lugares calmos? - Questionei tomando um gole do meu Whiskey, se tem uma coisa boa em Tudo isso, é a bebida.

- Não sei ao certo, sempre me pareceu distante de tudo. Quem imaginaria um lugar assim? E dizem que é bom para turistas.

- Você tem um ponto, mas por que não Wakanda?

- Tecnológico demais. - Ri levemente e olhei ao redor. - Fora o fato de ser óbvio que sou um estrangeiro, ainda olham diferente.

- Olha, eu concordo com a segunda parte... mas o antigo Tony Stark teria amado tudo isso. Nos últimos anos tenho estado cansado de ser Tony Stark.

- Bom, aqui você não é Tony Stark. Aqui você é quem você quiser.

- Você também... você também deveria se divertir, não ficar sentado com o cara velho.

- Eu estou me divertindo muito com você e convenhamos... de nós dois, o cara velho sou eu.

- A diferença é que você não parece.

- Você também não e é muito atraente. Tenho certeza de que ainda tem pessoas interessadas em você. - Ele se inclinou para frente e manteve seus olhos presos nos meus. De novo ele tem aquela coisa nos olhos, Steve. Aquela coisa que não entendo.

- Eu... eu vou pegar uma bebida. - Avisei, me levantando apressado. - Preciso de uma bebida. - Falei de forma brusca ao chegar no bar, foi inconsciente.

- Americano? - Perguntou o cara ao meu lado, o ignorei de início, mas logo percebi que era o cantor que havia descido do palco, então assenti - Nova iorquino? Seu sotaque... - Esclareceu. Olhando de perto, ele não parece tanto assim com você. Os olhos são diferentes, ainda azuis. Mas diferentes. Na verdade, os do James parecem mais os seus.

- Você parece conhecer bem os sotaques. - Comentei enquanto esperava o barman me atender

- Sou de lá... gosta de Whiskey? - Assenti, sem olhá-lo - Posso te recomendar um? - Suspirei e voltei a encará-lo.

- Claro, por que não? - Ele sorriu e chamou o barman.

- Dois Power Irish. - Pediu logo se virando para mim - Gosta de coisas doces?

- Confesso que amo coisas doces, mas um Whiskey? Prefiro o gosto amargo.

- Ah, você vai se surpreender. Garanto que irá gostar.
- Então... você mora aqui? - Questionei ao receber a bebida, ele assentiu.

- É um bom lugar para gente de fora e gosto de tocar.

- Ah, você tem um bom gosto para músicas... confesso que me surpreendi, não esperava que tocasse justo aquela.

- Alguma história com ela? - Neguei, enquanto tomava um gole.

- É mais por causa da letra. - Respondi o olhando com atenção, realmente nada de você.

- É bom? O que achou? - Questionou sinalizando a bebida.

- Um pouco fraco... mas bom.

- Jura? Eu pensei que fosse preferir algo com o sabor mais fraco.

- É essa a impressão que passo?

- Talvez... - Sorri em resposta

- Foi um prazer, mas eu tenho que - Parei de falar ao me virar para minha mesa, James não estava mais. - Merda.

- O que houve?

- Meu acompanhante acabou de sumir... tenho que ir procurá-lo. - Sai de perto antes que ele pudesse dizer algo mais, fui até nossa mesa e olhei ao redor.

Eu nem percebi ele saindo! Olhei pela extensão do pub e ele não estava mais ali. Não o vi em canto nenhum.

- Aquele ancião... ao menos deveria ter me avisado! - Reclamei ao sair do pub, está meio frio aqui fora. - Merda, James.

- Olha a língua. - Dei um leve sobressalto ao escutar sua voz.

- O quê? Você também é contra palavras feias? - Questionei me virando para ele, estava perto da porta, num canto mais escuro.

- Nada contra, mas não podia deixar passar.

- O que está fazendo aqui fora? Eu estava te procurando.

- Achei que estivesse ocupado conversando com o cantor. Pensei em ir embora para não atrapalhar, mas sem você fico sem carona. - Me aproximei dele, ao que parece o lugar que ele escolheu para se esconder não pega tanto vento.

- Desculpa, ele começou a falar e não podia ignorá-lo... ele parece um pouco o Steve.

- Só porque tem cabelos loiros e olhos azuis? - Ele estava em um ponto meio escuro, mas de alguma forma eu sabia que estava arqueando a sombrancelha.

- É... pensando bem, ele não se parecia em nada com Steve. Mas tem um bom gosto para musica e bebidas.

- Acho que vou reservar um hotel, assim você não precisa se preocupar. - Falou saindo das sombras e começando a caminhar.

- Você está irritado? - Questionei surpreso.

- Não estou, só estou dizendo que se você quiser passar a noite com ele-

- Eu não quero passar a noite com ele. - Neguei tão rápido quanto era sincero, me surpreendi comigo mesmo - O que te faz pensar isso? Você ao menos viu como ele parece jovem? Duvido que ele queira alguma coisa com alguém da minha idade. - James parou de forma brusca e se virou, me fazendo trompar nele.

- Como não consegue perceber que as pessoas sempre estão olhando para você? Você não está velho, Tony e qualquer pessoa teria sorte em te levar para cama. É uma pena você só conseguir pensar no Steve... já se passou tanto tempo. Ele está morto, você não. - Quando James parou de falar o silêncio reinou entre nós. As palavras simplesmente sumiram da minha mente.

- Acho que... - Comecei hesitante - acho que devemos ir pra casa. Eu já estou cansado, você não precisa pegar um quarto de hotel. - Me virei para ir em direção ao nosso carro e pude escutar James soltando um suspiro, daqueles que Steve dava quando estava frustrado com alguma coisa. Geralmente com algo que eu fiz. Que ironia ser James a estar frustrado comigo agora.

Entrei no carro e o encarei de dentro dele, ele passou a mão em seus cabelos em um movimento brusco logo finalmente vindo até o carro.

- Desculpa... - Falou entrando no carro - Eu me deixei levar, não devia ter dito aquilo.

- Tudo bem. - Falei enquanto ligava o carro e dava a partida

- Tem certeza que tudo bem dirigir bêbado?

- Você deveria ter mais medo de entrar em um carro dirigido por um suicida do que alguém bêbado.

- O que quer dizer?

- Não se preocupe, um copo e meio de Whiskey não seriam capazes de me deixar bêbado.

- O que quer dizer com a história do suicida? Está pretendendo nos matar essa noite?

- Sabe, James... um suicida não é um suicida quando se mata, um suicida é um suicida quando tem desejos de se matar. Quando ele se mata é quando ele finalmente teve coragem para fazer, aí não tem mais volta.

- O que você- - Me virei para ele e sorri, meu olhos foram guiados aos dele e mantive o contato visual por um tempo.

- Não se preocupe, não pretendo fazer nada... às vezes só gosto de dizer coisas mórbidas. Também não colocaria outra vida em risco por uma escolha minha.

- Tony, você-

- Gosta de Guns N' Roses, James? - O interrompi enquanto Don't Cry começava a tocar

P.S. eu te amo - Stony & IronWinter Onde histórias criam vida. Descubra agora