P.S. eu te amo - Stony & IronWinter

Patience

Sabe, Steve... Começo a desconfiar que você só olhou o site de viagens e nos mandou para cá sem a mínima noção do que isso poderia gerar. Ok, tudo bem... eu entendo que isso também é por James que passou muito tempo querendo algo calmo, mas isso! Isso definitivamente não é algo para mim.

Nós estamos nas falésias de Moher e eu gostaria de deixar claro que já quero ir embora. Pode me chamar de estraga prazeres, eu não ligo. Essa coisa de paisagem natural nunca foi a minha, você sabe disso, Steve.

- Nós podemos subir, Sr. Stark? - Questionou Peter, ao chegarmos, no que segundo o guia disse, a Torre de O'Brien.

- Pode ir, Peter. O guia disse que tudo bem, só não demore.

- O senhor não vai? - Questionou confuso.

- Não estou muito afim no momento, James te fará companhia.

- Mas e o senhor?

- Espero vocês aqui embaixo. Tudo bem por você, certo, James? Imagino que queira ver a coisa toda lá de cima.

- Não é bem o que eu tinha em mente, posso te fazer companhia enquanto Peter vai com o guia.

- Ah, qual é... aproveite, James. Você não precisa ficar grudado em mim, essa viagem também é para vocês. Não quero me sentir culpado por atrapalhar o passeio de vocês... vão lá. Eu espero.

- Sr. Star-

- Vai, Peter. - Falei sério, logo indo até ele e passando o braço por seu ombro - Tudo bem, eu vou dar uma olhada aqui embaixo. Se você conseguir me ver de lá, tire uma foto e me mostre depois. O que acha? - Ele sorriu amplo.

- O celular que o senhor me deu é muito bom! A câmera com certeza vai conseguir chegar aqui.

- Faça a prova e se ela não conseguir, esse será nosso próximo projeto.

- Sim, senhor! O sr. vai? - Questionou se virando para James.

- Ele vai sim, o arraste para lá, Peter. - O garoto assentiu e me afastei. - Tomem cuidado. - James me olhou uns instantes antes de ceder e ir com Peter.

Os segui com o olhar enquanto eles caminhavam até a Torre, pude ver James olhando para trás como se fosse para ter certeza de que eu ainda estava ali, logo sumindo Torre a dentro.

Sem ter o que fazer, comecei a andar pelo lugar. Reparando no céu e nas pessoas. Não somos os únicos aqui, é um ponto turístico no fim das contas.

- Ei, amor. - Me virei de supetão ao escutar sua voz. - Por que não subiu com eles? - Questionou com um sorriso.

- Você sabe que isso... - Olhei ao redor - nada disso sou eu. Por que escolheu esse lugar?

- Achei que fosse gostar da paisagem... da adrenalina.

- Onde está a adrenalina em ver uma Torre velha? Posso vê-la em miniatura do meu Taller em holograma, é a mesma coisa. - Ele riu e caminhou até mim, aproximou nossos corpos e fez carinho em meu rosto.

- Posso te levar em um lugar?

- Sempre. - Confio tanto em Steve que nunca cogitaria dizer "não".

- Vem. - Falou começando a andar e o segui sem questionar. Caminhamos por um tempo, nos afastando do resto das pessoas, que estavam mais preocupadas em olhar a Torre e subir até o topo.

- Nós podemos chegar tão perto da beira? - Perguntei ao perceber onde ele me levava.

- De acordo com as regras? - Questionou me olhando de relance, aquele seu sorriso perfeito estampando seu rosto - Não. Mas meu marido nunca foi de agir pelas regras, certo? - Assenti e continuei o seguindo - Eles nem vão perceber que você veio aqui.

- Por quê?

- Porque eles não estão te olhando. - Ele segurou minha mão e me ajudou a chegar na beira do penhasco. - Tome cuidado onde pisa, meu amor. Ali - Sinalizou o chão, perto demais da beira, um passo em falso ou um resbalo... - é o mais longe que pode chegar. Quer olhar para baixo? - Meus olhos estava presos em seu rosto, assenti em um movimento brusco e ele soltou minha mão. - Eu te amo. - Sussurrou e eu guiei minha atenção até o mar, uma lufada de ar atingiu meu rosto e aquele friozinho na barriga me acertou, meu coração começou a acelerar e eu... eu sorri. A sensação de que se eu desse um passo em falso ou o vento um pouco forte demais poderia me atingir e eu poderia me desequilibrar... eu gosto da sensação.

- 8 km de penhascos e mais de 200 metros acima do oceano, o guia disse. - Sussurrei para mim mesmo. Tirei um pé do chão como se fosse dar um passo a frente e senti uma mão segurando meu braço.

- Não faz isso, por favor... - Voltei a ficar com ambos os pés no chão e dei um passo para trás, me distanciando da beira.

- Você achou que eu me jogaria? - Questionei sem tirar os olhos da paisagem à minha frente, sua mão ainda em meu braço.

- Posso ficar ao seu lado? - Não respondi, mas James o fez mesmo assim.

- Você está assim por causa daquela coisa que eu disse? Sabe, eu nunca disse aquilo para Steve, mas ele sabia que eu era suicida. Não por realmente querer morrer, mas pela sensação de sempre chegar perto da morte e poder vencê-la, por isso às vezes eu levava mísseis para buracos de minhoca, eu nunca fui um herói. - Me virei para olhar para James e ele tinha aquela coisa nos olhos, me encarando com atenção e sem querer me interromper. - Eu fazia pela adrenalina. - Continuei - Quando chegou a vez do Steve, eu devia ter dito que ele nunca foi bom com esse tipo de coisa... que não era para ele morrer de verdade. Que era só para chegar perto da morte... - Em um movimento brusco ele me puxou para um abraço, me afastando da beira. Confesso que me surpreendeu, mas seu abraço foi tão bom. Me lembra o seu. - Eu sinto tanta falta dele. - Admiti, retribuindo o abraço.

- Eu sei... - Respondeu, afagando meus cabelos. Ficamos assim por um tempo e eu... eu chorei. Chorei como só tinha feito na sua frente, da Pepper e do Rodhey. - O que acha de encerrarmos por hoje? - Questionou quando eu finalmente parei de chorar e me afastei.

- Acho que estraguei o passeio de vocês, né?

- Essa viagem é sua, não nossa... estamos aqui por você.

- Mas é um lugar que você queria conhecer.

- Não é bem assim, sempre achei que fosse ser interessante, mas ficaria feliz com qualquer lugar que não precisasse viver com multidões... com a pessoa certa qualquer lugar seria agradável. Eu já estou com a pessoa certa. - James passou a mão por meu rosto e limpou os rastros das lágrimas.

- E eu sou essa pessoa? - James não respondeu com palavras, ele voltou a aproximar nossos corpos, sua mão deslizando por meu rosto enquanto colava nossos lábios.

Foi um beijo... estranho. Estranhamente bom, calmo e gentil, romântico e profundo. Coisas demais foram transmitidas naquele beijo, coisas que não percebi de imediato.

- Acho... - Comecei a dizer sem tirar meus olhos dos seus - Acho que devemos ir. Nós ainda temos um adolescente para cuidar, ele deve estar nos procurando. - James assentiu e segurou minha mão, me ajudando a voltar a subir aquela pequena inclinação. - Como sabia onde eu estaria?

- Eu te vi se afastando lá de cima, então voltei a descer e vim até você.

- Sabe, eu realmente não ia me jogar... seria como embrulhar o trauma e dar de presente ao garoto.

- Você sempre coloca o bem das pessoas acima de você e do seu querer? - Eu sabia que ele não estava falando dessa situação em particular, então não respondi.

Logo avistamos Peter que vinha em nossa direção, pelo sorriso não tinha percebido o que havia acontecido.

Nós fomos embora logo em seguida, foram emoções o suficiente para um dia.