Seru Yoru. O melhor.

8 2 2
                                    

"Eu me chamo Yoru Seru." As palavras entediadas saem da minha boca, e os alunos que prestam atenção em mim claramente conseguem perceber isso. Por que minhas palavras soam assim? Você pergunta. E o motivo é tão simples quanto poderia ser: É a quarta vez que estou mudando de escola no ano.


Não sei dizer, parece que tenho um talento misterioso de arrumar problema onde quer que eu vá. Da ultima vez foi uma briga, na primeira arrumaram intriga, na segunda uma lá se fez de cínica. Dá até para escrever uma música. E quais os motivos para tanta merda em escolas? É muito simples, até mais que o outro: Sou bonito.

.

.

.

Todas as escolas do setor são interesseiras, a equipe de gestão sabe que eu supostamente não sou flor que se cheire mas todas me aceitam, isto é, porque sou o melhor da porra desse estado. Não me leve a mal, mas em um setor que é praticamente conhecido por sua afinidade esportiva, um aluno como eu nunca poderia ser negado, eu até entendo eles.


Ao pisar na nova escola, eu sinto que não terei paz por aqui. Sinto olhares vindo das janelas e isso continua até a minha entrada na secretaria. Peço informação sobre minha sala e a procuro, e é aquela enrola que citei no início. Yoru Seru, Ás do estado e praticamente uma figura modelo.


 Nessa sala, quase todos os lugares estão preenchidos, parece que todos já têm seus lugares, alguns alunos vão chegando depois de mim, todos param e encaram por uns dois segundos pelo menos.


Observo que os alunos não chegam perto de um lugar na sala de aula, há apenas um garoto que senta atrás e um que senta dois lugares a frente. Escolho meu lugar e logo pergunto...


- Tem alguém sentado ali? - Pergunto. O garoto me olha, perdido. Ele olha para os lados e logo em seguida aponta para si, como se achasse que eu não estava falando com ele.

- Uh... É... Não, parece que hoje não. - Era o que eu queria ouvir, agradeço com a cabeça e sigo para a carteira vazia. Arrastando a cadeira para trás, no intuito de me sentar, o garoto que senta atrás me encara, com olhos neutros.

 - Algum problema? - Pergunto, mas para alguns soaria como uma ameaça.

- Problema nenhum, apenas quero avisar para limpar a mesa e cadeira quando a aula acabar, ok? - Ele deve estar falando de algum costume da escola, é até interessante uma escola bem higienizada.

.

.

.

Meu primeiro dia nessa escola foi até... Tranquilo. Isso me conforta, porém me deixa incomodado, pois é incomum, como se algo estivesse errado. Eu me pergunto se isso continuará pelo resto do ano ou se logo terei que enfrentar problemas.

Aquela escola é quieta, se levar em conta as escolas em geral, qualquer um acharia que é uma escola de surdos e mudos.

.

Um dia se passa, é meu segundo dia de aula na escola nova. Sinto os olhares novamente, mas não sinto mais aquela pressão desconfortável. Chego dentro do prazo até o portão fechar, porém ainda assim meio atrasado, entro na sala e percebo que as duas cadeiras vazias do dia anterior estão ocupadas agora. Uma garota ruiva está sentada na "minha" carteira, e um branco com longos cabelos negros está logo a sua frente, eles conversam normalmente, não consigo sentir nenhuma malícia entre eles. Parecem bons amigos.

...Onde histórias criam vida. Descubra agora