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Capítulo 5: O tempo é como a maré... o que ele dá, ele leva.

Mudar-se para a costa do continente, em suma, deveria proporcionar uma conversão na perspectiva e uma renovação das esperanças. Era definitivamente algo como uma alteração positiva no dia-a-dia. Ao entrar em contato com a água salgada, apreciar o mar aberto e ficar observando a imensidão sem fim faz com que os horizontes se expandam ao embarcar em uma viagem que prometia uma movimentação interior. O vento refrescante batia junto com o calor escaldante; era como se o tempo passasse sobre as paredes rochosas, como se pele e carne se dividissem em milhares de átomos e os problemas sumissem junto com os grãos dourados da areia.

Anmyeondo era uma das seis maiores ilhas da Coréia do Sul localizada no Mar Amarelo. A costa da ilha possui quatorze praias e pinheiros em abundância, os quais se faziam o seu símbolo. O turismo era muito assíduo, então negócios no ramo são frutíferos. Ali era abrigado a Floresta Natural e a Floresta Mogamju. A única conexão com o continente era uma ponte de cerca de 200 metros construída em 1970.

Mas, honestamente, San não tinha planos de se conectar novamente.

Ele vivia bem na ilha. Por um tempo, tentou não ficar parado em lugar nenhum e continuou morando na Casamarã, até que se cansou e percebeu que precisava ancorar o barco e reconstruir a sua vida contra a sua vontade ou não. Porque se não fizesse isso, era melhor que morresse de uma vez e San, ele estava disputando consigo mesmo, estava em conflito sobre querer viver ou não.

Conhecer as incontáveis ilhas da Coréia era um desejo de infância. Seus irmãos, Yeeun e Sunghoon, e ele conversavam muito sobre viajar pelo mundo através do mar e viver de pescaria. A ideia era muito fortuita. No entanto, San viveu tudo isso sozinho. Foi solitário, mas ele tentou incansavelmente buscar paz, embora suas noites fossem tomadas por profunda angústia. Se lembrava do que havia perdido; ele perdeu tudo. Era inevitável não viver sob remorso e luto. Pulando de uma ilha e outra, San entendeu que não iria encontrar uma cura.

Se estabeleceu em Anmyeondo depois de desistir de ficar em Namhae. Com o dinheiro do último grande roubo, ele comprou um bar velho de um homem aposentado à beira da morte e começou do zero. Reformou o lugar e passou a atrair uma clientela que inundava o lugar com música, barulho e conversas agitadas. Enquanto todos estavam vivendo a própria vida, San continuou atrás de um balcão, secando copos e mostrando sorrisos cordiais que de longe não retratavam o estado lacerado de sua alma.

Era possível se distrair em um bar mesmo observando o desenrolar do cotidiano alheio. San escutava muitas conversas, ouvia histórias as quais não sabia da veracidade, e era o ombro amigo de alguns dos clientes mais bêbados. Outros foram fidelizados, então mal se tratavam formalmente. Se encontravam como amigos, riram e às vezes San sentava na mesa e bebia também.

— Como seria se você estivesse aqui?

No silêncio do entardecer, San questionou o vento enquanto encarava a areia esvaindo entre os espaços de seus dedos gradativamente. Estava sentado na praia, seus ouvidos eram embalados pelo barulho do mar e seu coração era refrescado pela marola.

No fim, estava sozinho.

— Nunca vi Anmyeondo tão movimentada como hoje.

Os devaneios de San romperam ao entrar em contato com uma voz aveludada e bem-humorada, leve. Sorriu ao ver que o espaço ao seu lado foi ocupado por um garoto um ou dois anos mais jovem que ele e, por fim, aceitou uma lata de cerveja que veio na companhia de outro que seguiu em posse de outrem.

Quebraram o lacre ao mesmo tempo e deram um gole generoso depois de brindar, mantendo seus focos oculares nas ondas altas do mar que apresentava um clima tempestuoso.

CA$HOUT | MAFIA ATEEZ | TEMP FINALOnde histórias criam vida. Descubra agora