04. A Traição da Inocência II

48 15 64
                                    

A BABÁ FIXOU OS OLHOS EM KATE, seu coração acelerando em um ritmo frenético. Cada batida ecoava em seus ouvidos enquanto ela se preparava para enfrentar a ameaça iminente.

A garotinha de oito anos segurava firmemente outra faca, seus dedos brancos de tensão ao redor do cabo afiado. O brilho metálico da lâmina refletia uma luz sinistra, revelando a intenção sombria que se escondia nos olhos de Kate. Seu rosto, contorcido por uma combinação assustadora de raiva e loucura, como se uma força maligna tivesse tomado posse de seu ser frágil.

O silêncio pesado pairava no ar, interrompido apenas pela respiração ofegante da babá e pelo som abafado do coração martelando em seu peito. Era um momento crucial, onde o destino delas seria decidido em um confronto mortal entre a inocência corrompida e a coragem desesperada.

Cada movimento era calculado e cauteloso, a babá estudando cada gesto de Kate para antecipar suas ações. O ambiente parecia ter se transformado em um cenário sombrio e claustrofóbico, onde o perigo espreitava em cada sombra.

Caitlyn sentiu um calafrio percorrer sua espinha, arrepiando cada centímetro da sua pele, enquanto enfrentava a realidade aterrorizante diante de seus olhos. Aquela adorável garotinha, que ela havia cuidado e protegido com tanto amor, estava se transformando em algo sinistro e perigoso.

O medo se misturava com a tristeza em seu coração, pois ela não conseguia acreditar no que seus olhos testemunhavam. Era como se uma sombra sombria tivesse envolvido a alma de Kate, corrompendo-a e transformando-a em uma figura irreconhecível.

— K-Kate, por que você fez isso?!

A jovem balbuciou, sua voz trêmula de pavor e confusão. Seus olhos buscavam desesperadamente uma resposta, enquanto o coração apertado ansiava por compreender o que havia acontecido com a menina que ela costumava conhecer tão bem.

— Não fui eu! Foi o Alex! — As palavras de Kate ecoaram no ar, carregadas de uma mistura intensa de emoção e angústia. Sua voz tremia enquanto tentava se explicar, lutando para encontrar as palavras certas. O desespero transbordava em cada sílaba pronunciada.

Caitlyn sentiu o pânico se apossar de seu corpo ao ouvir o nome de Alex. Ele era o amigo imaginário de Kate, mas algo parecia ter saído do controle. O que antes era apenas fruto da imaginação da criança agora se manifestava como uma presença ameaçadora e perigosa.

O corpo de Caitlyn ficou rígido ao perceber que algo sinistro estava acontecendo. Como um simples amigo imaginário poderia ter tanto poder sobre a mente de uma criança? A perplexidade a dominou, mas ela sabia que precisava agir com cautela para proteger Kate.

Caitlyn respirou profundamente, sentindo a ansiedade crescer dentro dela. Desistindo da ideia de fugir pela janela, seu coração a impulsionou a se aproximar da pequena garotinha, movida pelo intenso desejo de proteger a criança que tanto amava. Com cautela, ela deu cada passo, consciente de que qualquer movimento em falso poderia desencadear uma reação imprevisível e tornar a situação ainda mais perigosa.

"Kate era apenas uma criança, com uma imaginação vívida. Eu só preciso me deixar envolver pela brincadeira", pensou Caitlyn, lutando para acalmar seus próprios medos enquanto seus olhos se mantinham atentos na garotinha.

Com a voz suave, a babá se dirigiu a Kate, buscando transmitir sua sinceridade e compreensão:

— Kate, você poderia dizer ao Alex que eu não sou má? Assim poderíamos tomar chá juntos, como costumávamos fazer. Seria maravilhoso ter um momento especial com vocês dois novamente.

As palavras escaparam acompanhadas de um leve tremor em sua voz, enquanto lágrimas ameaçavam brotar de seus olhos, revelando a profunda angústia e o medo que a consumiam. Era evidente que a babá estava lutando contra suas próprias inseguranças, desejando ardentemente ser compreendida e aceita pela pequena Kate.

O Mal InvisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora