A vingança é um prato que liberta a alma. Part.2

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Leona sorriu largamente, observando os olhos esbugalhados de Milan.

A Herege de sangue levou a mão até o pulso da mais velha, tentou afastar mas a mão de Leona parecia um prego que fôra martelado forte de mais em um pedaço de madeira, quase impossível de tirar. Milan gargalhou, passando a mão em seus fios ruivos, deixando uma Leona incrédula com a tal reação.

— Querida.. você não pode me matar. - A ruiva negou com a cabeça, parando de rir lentamente. — Achei que fosse mais esperta, mas lembro-me bem que nem mesmo conseguiu pensar em um plano melhor do que me prender. Não sabe que para toda cadeia há uma saída? Até mesmo as mais planejadas.

Leona fôra empurrada para trás, tirando a mão bruscamente do peito da sobrinha. Agora, ela quem estava com os olhos quase saltando do rosto e não era uma falsa imitação de surpresa; a mulher engoliu em seco, observando os olhos de Milan tornar-se negros.

Passeando de mãos dadas, S/n e Lizzie pararam em frente ao museu de Brighton. A Mikaelson havia criado uma lista de lugares interessantes para levar Elizabeth Saltzman e mesmo sabendo que a loira preferia ver uma briga de rua em vez de estátuas antigas — Entre outras coisas —, não viu um motivo negativo para não leva-la ao museu.

Lizzie sorriu, puxando-a para dentro. Contudo arrependeu-se no instante seguinte, Annalise estava em frente a um pequeno cubículo de vidro, analisando alguma coisa rara. A loira quase praguejou-se em voz alta pela falta de "sorte", conhecia bem o olhar que Annalise usou para encarar a sua Merlin no dia do mercado e não gostou dos sentimentos que o sorriso causou em si mesma.

Um gosto amargo chamado ciúmes.

— Acho que eu taquei pedra na estátua do dragão raro na minha vida passada. Não é possível. - Lizzie revirou os olhos, procurou a mão de S/n, porém não a encontrou e ao olhar para o lado. Viu Merlin parada em frente a um mural de ossos. — Acho que eu já vi muita coisa antiga por hoje, podemos partir para a próxima parada? - Lizzie forçou um sorriso, e ao ver Annalise indo naquela direção, ela quis se enterrar. — Tipo.. agora

S/n franziu as sobrancelhas, mais uma vez confusa com a mudança de ideia repentina de Elizabeth.
E no exato momento que suspirou pronta para assentir, sentiu uma mão tocar seu ombro com cautela e ao olhar para o lado, encontrando o sorriso pequeno no rosto da destruidora de livros, Merlin afastou-se levemente da mão da outra.

— Hey, não esperava encontrar você aqui.. quer dizer - Annalise fechou os olhos, parecendo pensar melhor em seus dizeres.— Você sempre teve essa paixão por livros, artes e essas coisas.. é só que..

— Misericórdia - Lizzie sussurrou, passando a mão nos fios loiros e com uma careta em seu rosto.

S/n intercalou o olhar entre as duas garotas se encarando. Annalise parecia envergonhada e Elizabeth parecia irritada, porém sua reação se foi por completa ao olhar por cima do ombro de Lizzie.

Merlin passou pela namorada quase correndo, a euforia impregnando suas veias ao encarar o pequeno cubículo de vidro "etiquetado" como Poemas de Emily Dickinson.

Lizzie bufou seguindo a namorada logo em seguida, ignorando a presença de Annalise logo atrás de si, os olhos azuis-celestes fitaram S/n Merlin Mikaelson com tanto brilho que fôra capaz de transmitir pelo reflexo do espelho.

Merlin parecia uma criança vendo seu super herói favorito bem em sua frente. A de olhos verdes rondou o pequeno cubículo, analisando os pedaços folhas antigas de todos os tamanhos. Seus olhos brilharam, olhou ao redor em busca de alguém responsável, um guia ou até mesmo um funcionário que pudesse explicar como os poemas haviam parado ali, em Brighton; como se o destino estivesse fazendo o maldito trabalho que a levava as mesmas escolhas e acontecimentos.

— Não há ninguém aqui para matar a sua fome por saber mais. - Annalise sorriu, mais uma vez atraindo os olhos esverdeados em direção a ela.— Quer dizer.. eu sei o que quer saber.

O sorriso de S/n nunca esteve tão brilhante, não por Annalise, não mesmo. Mas sim pelo interesse em saber como os poemas de sua poetiza favorita parou em Brighton, olhou para a vitrine e novamente para Annalise.

— Me conte - Sua voz calma e suave adentrou os ouvidos da amiga de Hope como um choque eletrizando todo o corpo.

[...]

O distintos sons entravam nos ouvidos de Milan, mas o que lhe cativava era os gritos de sua tia. Leona estava em um tipo de maca de madeira, com os punhos presos por arames e seu rosto agora enfaixado.

A ruiva suspirou, sentindo a alegria aquecendo em seu interior com agressividade. A escuridão iluminava pela pequena chama em seu dedo, o vento gélido já não a incomodava, o calor da vingança lhe aquecia melhor do que um cobertor.

— Sua vaidade sempre veio em primeiro lugar para você, assim como a minha liberdade era para mim, querida tia. - Milan disse, aproximando-se da maca.— Você me prendeu e hoje eu terei a minha vingança.. nunca é tarde para nos vingarmos, acredite, Nana. Valeu a pena esperar. - Concluiu, livrando o rosto de Leona da atadura que o cobria.

O grito estridente transparecendo a raiva e desespero de Leona se alastrou pela escuridão, ecoando no lugar mais silencioso do limbo. Seus olhos derramavam lágrimas enquanto observava seu próprio reflexo no espelho em frente ao seu rosto; as inúmeras cicatrizes em carne viva formavam um nome.

Velum

Leona virou-se de uma vez, a corrente que prendia-lhe os pulsos se soltaram com um mover de dedo de Milan.

— Espero que aprenda a amar a si mesmo além da beleza, Nana. - A Herege de sangue sorriu, inclinando-se pra frente. — Ou morrerá se odiando pois está tão feia quanto a sua alma.

Ao abrir os olhos, Milan se encontrou em seu quarto. O aroma das velas entrando em suas narinas, a luz laranja das chamas refletindo em seus olhos e o perfume de Ayla por toda parte.

Seus fios ruivos levemente bagunçados, provavelmente pela movimentação durante seu sono. Levantou-se assim que ouviu o bocejo vindo do canto do quarto, Ayla que antes estava adormecida na poltrona deu um leve sorriso para Milan.

No museu, Lizzie Saltzman tentava concentrar-se na voz de sua Merlin praticamente saltitando ao seu lado após ser permitida cheirar as folhas dos poemas de Emily Dickinson – O que a loira achou muito estranho – e tocar por um segundo exato com medo de rasgar ou causar algum danos nas velhas folhas.

Lizzie no entanto sorriu sem que a garota Mikaelson percebesse, achava fofo a "obsessão" de S/n por coisa antiga, gostava da forma que os olhos verdes tornavam-se brilhantes e quase inocentes enquanto explicava detalhadamente sobre cada mínima coisa que viram no museu, a forma que os lábios naturalmente rosados moviam soltando palavras inteligentes que ela fingia entender.

Observou Merlin movimentar as mãos minimamente enquanto explicava sobre algo que ela não ouvia mais, estava concentrada nas reações no rosto da namorada.

— Você quer ? - Piscou algumas vezes assim que saiu de seu transe, S/n a encarava. Única coisa que conseguiu pronunciar fora um simples e baixo "Hum?". — Ir ao parque.. você parecia está dormindo acordada enquanto olhava fixamente para o parque. Você quer ir?

Então era isso o que parecia? - Lizzie fez uma careta, suspirando ao encarar Merlin observando-a em silêncio. Aguardando por uma resposta.

— Sim - Uma resposta afirmativa e simples para que não tornasse sua situação pior.

Merlin sorriu sem mostrar os dentes, agarrou a mão de Lizzie em um ato inconsciente e a levou até o carro.

Para um "primeiro" passeio e encontro, tudo parecia estar indo bem.

Mesmo que Merlin pudesse senti-lo gritando em sua mente.

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Eu tinha esquecido dessa aqui😭😭

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⏰ Última atualização: Mar 26 ⏰

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𝐎 𝐂𝐀𝐎𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎 [ Lizzie Saltzman e S/n]Onde histórias criam vida. Descubra agora