Prólogo

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Finalmente aquele dia havia chegado, estava por fim, me mudando do dormitório.

O número de caixas espalhadas pelo quarto era surpreendentemente pequeno, uma com minhas roupas e mais duas com livros e pertences, o meu apego as coisas me impedia de ter muito, sempre foi assim.

Agora eu cedia ao pequeno cômodo minhas últimas despedidas, mesmo que se eu parasse para pensar, aqueles quatro anos não haviam rendido nada memorável, além de noites em branco estudando e aquela noite em que Jaemin vomitou na minha cama depois de voltar de uma festa de aniversário completamente bêbado.

Antes de me perder por completo em meus pensamentos a voz de Jeno irrompe pelas paredes do quarto.

"Ei, quer ajuda com as caixas cara?" Ele entra, o cheiro de seu perfume invade minhas narinas, é tão forte que minha cabeça começa a doer quase que instantaneamente.

"Ah não, tá de boa, são só essas três, vou colocar no carro e ir pra casa" Respondo com um sorriso cordial, rezando pra que Jeno saia logo e leve junto sua catinga chique.

"Quatro bobão, olha aquela ali" O moreno aponta para o canto do guarda roupa aberto.

"'Quê?" Olho pra ele, apertando os olhos
enquanto Jeno pega uma caixa empoeirada e coloca em cima da cama.

"Tá aí" Ele sorri e antes de poder falar algo percebe seu telefone tocando, o moreno pede licença e sai do quarto para atender uma ligação de sua mãe.

Assim que Jeno sai do quarto, com um tapinha, arrasto a poeira pra longe do topo e abro a caixa, sinceramente, tinha esquecido de sua existência e se não me engano...

"Meu deus" o termo escapa da minha boca em um momento de surpresa, era aquilo mesmo, era a minha caixa do ensino médio.

Meu blazer do uniforme estava dobrado em cima de tudo, ao desdobra-lo com cuidado o pequeno broche com meu nome pende da peça azul marinho, "이동혁" Lee Donghyuck, em letras pretas contrastavam contra o fundo amarelo canário.

Depois de pegar a peça um universo de coisas se torna visível, alguns cadernos, CDs e fotos, ao ver o bolo de imagens o pego imediatamente e me ajeito em cima da cama, só que não calculo o movimento corretamente e derrubo a caixa, ao levantá-la o monte de bugigangas é virado de cabeça para baixo.

Um envelope bege é visível, o pego e em um movimento curioso abro-o, alcançando um pedaço de papel, ao que tudo indica é aquela carta, a que Mark me deu no meu aniversário de dezoito anos.

"Feliz aniversário Hyuck, obrigado por existir e me dar o privilégio de estar ao seu lado e ver você completando mais um ano de vida, você é meu raio de sol, não conseguiria imaginar meus dias sem você, meu amor por você é mais resistente do que um fluido não-newtoniano colocado sob pressão. (Você que me ensinou essas coisas inteligentes, hahahah).

Sempre seu,

Mark Lee."
Ela vinha acompanhada por uma foto de nos dois, Mark envolvia meu ombro com seus braços enquanto ambos sorriamos para a foto.

E enquanto as lágrimas correm por detrás dos óculos grandes minha mente me leva ao passado, me leva a aquele dia na coordenação, o dia em que falei com o canadense de cabelos pretos e reputação decadente pela primeira vez.

mr. trouble - markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora