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Frio de manhã, abrir meus olhos sentindo o ambiente gelado era o único motivo que eu tinha para me levantar da cama, honestamente funciono melhor no frio, e saber que o clima era de meu agrado me deixava disposta para fazer meus deveres.

Na verdade, mesmo o clima sendo ou não de meu agrado, eu precisava me levantar, fiquei mofando naquele quarto por tempo demais. Depois de dias deixando aquele colchão me engolir cada vez mais, eu finalmente me levantei, sentia meus joelhos meio enfraquecidos e prestes a quebrar, mas continuei andando em passos lentos até o banheiro, onde passei alguns minutos fazendo minhas higienes pessoais, lavei o rosto tentando fazer com que minha cara de morta sumisse o mais rápido possível.

Me olhando no espelho percebo o quão distante estou, distante de mim, muito distante. Vejo a marca da agulha que perfurou minha veia, ainda estava um tanto quanto machucada, mas não me importava com isso.

Com as mãos ainda molhadas jogo a água gelada contra meu rosto mais uma vez, acabando por ficar nesse processo por mais alguns segundos, e sai dali somente quando entendi que mesmo eu tentando lavar meu rosto, eu não iria mudar.

Com as vestes simples e confortáveis eu caminhei até a cozinha, procurando por algum alimento nos armários, e percebendo que não havia nenhum.

Era totalmente compreensível o fato de não existir alimentos ali, passei a última semana presa dentro de casa, levantando da cama somente para ir ao banheiro e buscar macarrão instantâneo, bolachas e qualquer coisa que não fosse saudável para comer, utilizando substâncias que prejudicava minha saúde de uma maneira absurda, era óbvio que aqueles alimentos não iriam durar muito, e isso significava algumas coisas.

Eu precisava ir ao mercado.

Mas antes disso eu tinha que cuidar dos hematomas ainda espalhados pelo meu rosto, uma questão muito importante era o motivo pelo qual eu estive trancada esses últimos dias, era bem simples de se responder. No mundo em que eu vivo, tem umas regras básicas, se você não faz parte de alguma gangue, você deve demonstrar respeito e não compactuar com absolutamente nada, e ter certeza sobre seus próprios ideais, mas caso você faça parte de uma gangue você deve respeito somente ao seu líder ou membros de patente mais alta.

Acontece que eu não preciso ser de gangue para respeitar alguém, não importa o quão temido ele seja. Por conta disso, eu acabei me metendo em encrencas, resultando em eu ferindo muitos delinquentes de gangues importantes em Tokyo, então me tranquei em casa por um tempo.

Sem contar que tive uma terrível recaída com algumas coisas.

No entanto, eu precisava sair agora, como queria voltar o mais rápido possível apenas vesti roupas largas o bastante para esconder meu corpo, e também uma máscara descartável.

Antes de sair de casa verifiquei se havia fechado todas as janelas e trancado a porta corretamente, e como sempre eu havia feito tudo certinho, então logo desci as escadas do prédio que eu morava e caminhei em direção a um mercado local. O estabelecimento estava pouco movimentado, e eu esperava isso mesmo, estava muito frio e era cedo, ninguém estava afim de sair de casa além de mim.

Peguei o de sempre, lamen, salgadinhos, energéticos, e doces. Não era a melhor refeição, mas eu também não me importava com isso.

- Tenha um bom dia. - a senhora que trabalhava no caixa falou enquanto me devolvia o troco, com um sorriso de orelha a orelha.

- Igualmente.

Murmurei e sai do local, dessa vez andei em passos mais lentos e calmos, estava no meu bairro e mesmo que existissem pessoas perigosas atrás de mim, ninguém seria tolo o suficiente para me atacar. Não estou me gabando, mas acabei com uma divisão inteira, isso porque nem estava com raiva, e se resolverem interromper minha manhã fria e calma eu certamente ficaria com muita raiva e cometeria sérios crimes, como sempre fiz.

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