Pilantra II

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Irene saiu como chegou, um vulto frio e despercebido. O ômega precisou de alguns minutos perto das plantas para colocar a cabeça no eixo.

Kelvin cruzou os braços, sentindo o peito subir e descer rapidamente com a respiração ofegante. Observou a noite por um pouco, quando o frio não era mais tolerável, começou a caminhar para adentrar o bar novamente. Pertinho da porta, bem na pintura dos amantes, estava o alfa, já dando sinais de alteração pelo rum, com o sorriso bobo.

- Kevinho - chamou empolgado - Bora dançar? Uma dança de macho - o troco bobo fez o menor sorrir, apoiando a mão no rosto.

- Eu vim só pegar um ar, Rams. Tava quente lá dentro - ele coçou o braço, arrumando a segunda pele de brilho, chegando mais perto de Ramiro.

- Nando tá tocando aquela música que você gosta. - o alfa esticou o braço, trazendo o loiro pra perto, entrelaçando sua cintura como de costume - ocê aceita dançar com eu?

- Só se eu ganhar um apertãozinho, pra relembrar os velhos tempos. - segurou a gravata de Ramiro, trazendo seu rosto mais pra perto.

- Não , eu vou te dar um apertãozão em você, que nem na pintura - inclinou a cabeça para a pintura - vem.

Sempre foi impressionante a força que Ramiro tinha. Levantou o omega só com o braço, imitando a pintura realmente e afogando seu rosto no pescoço branco e convidativo. O beijo veio naturalmente, calmo, como se fosse uma onda, porém, quando o alfa tentou unir ainda mais seus corpos, foi interrompido:

- Vamo' voltar - Kelvin moveu suas pequenas mãos pela barba de Rams, deixando carícias ali.

- Vamos. - o alfa juntou as sobrancelhas, estranhando o afastamento, mas isso devia ser coisa da sua cabeça.

Eles se dirigiram de volta à festa de casamento, que estava mais que animada. Kelvin tentava esconder sua inquietação e concentrar-se no momento. Olhou bem ao redor e viu Aline conversando com João. Observou com atenção; ele tinha cachinhos iguais aos de Ramiro e parecia bastante com o alfa. Sua cabeça já ansiava para descobrir se Maria Flor também se pareceria mais com seu outro pai do que com ele próprio.

Quando já não aguentava mais as botas, subiu e arrastou um Ramiro um tanto alto para o quarto, interpretando aquele chamado como um convite. O alfa, assim que a porta fechou, abraçou o menor por trás, apertando bem o corpo pequeno contra o seu. Depositou beijos molhados por sua nuca, e suas mãos tentavam adentrar aquela roupa chique. Sentiu um puxão forte quando se aproximou da barriga do loiro, ouviu um chamado do ômega que segurava forte sua mão.

- Rams, você se importa se a gente não fizer nada hoje? Eu estou meio cansado...

- Ah, Kevinho, de boa- afastou seu quadril, mas permaneceu abraçando seu ômega agora um pouco mais leve - eu também to meio cansado e tem a entrega amanhã, mas a gente ainda pode dormir agarradinho, né? - depositou um beijo nos cabelos macios.

- Claro que pode - o menor rodou seu corpo, agora encarando um Ramiro com olhar doce - antes, a gente pode conversar sobre uma coisa rapidinho? Se você não estiver muito bêbado, claro.

- Eu não sou muleke para ficar bêbado rápido assim, não, Kevinho. Eu sou macho...

- Esquece essa história de macho, Ramiro - o menor disse entre dentes - eu preciso te falar uma coisa importante.

- Se for sobre a Dona Irene, pode esquecer, Kevin - o ômega levantou a sobrancelha - eu conheço o cheiro dela, Kelvin, nenhuma ômega cheira daquele jeito.

Ele sabia exatamente o que estava acontecendo. Ramiro não conseguia contar, mesmo juntando as duas mãos, quantas vezes Irene o prensurou, no quartinho, na fazenda e em ligações. Mas usar o seu ômega, aquilo era um ato de desespero. Não era o modo operante que a mulher agia, e Rams podia ver de perto o porquê do desespero. Conhecia Antônio la Selva, sabia o que aquele beta era capaz e o temia tanto que nunca pensou em aceitar a proposta de roubo.

Acontece ( ABO MPREG)Onde histórias criam vida. Descubra agora