Capítulo 4

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Lia Grimes P.O.V

Eu não conseguia descrever o pânico de ter visto aqueles olhos de novo. A sensação de estar de volta no passado me abraçou tão forte que me senti a mesma garotinha de seis anos novamente. E quando ela com aquela voz, a mesma voz, sussurrou meu nome... senti o mesmo medo de antes. Como se ela ainda tivesse poder sobre mim.

Fiquei surpresa quando a mesma não veio atrás de mim assim que sai correndo daquela maldita sala. A única que correu em minha direção foi Sherry, que parecia visivelmente perdida. E eu não estava muito diferente.

A dor que senti naquela sala foi sentida de novo quando vi Daryl, bem na minha frente, junto a Negan e Dwight. O seu estado me arrepiou por completo, e tive medo ao pensar o que Negan havia feito com o mesmo. Meu sangue ferveu. Quis agarrar Negan pelo pescoço, matar o mesmo sufocado, o socar até vê-lo completamente desfigurado... como fez com Abraham. Mas era claro que não daria certo. Eu sabia que Negan estava certo em uma coisa, eu havia me oferecido para vir, e fui burra ao acreditar que pudesse fazer um acordo com ele. Não se faz acordo com o diabo.

Minha voz já saia tão baixa que tive certeza que se fosse Dwight tomando conta daquela maldita porta, eu já estaria com um tiro na cabeça, mas para a minha sorte, o gordo sentado a minha frente pareceu ter adormecido com a canção, o que me deu a liberdade de finalmente parar e cair no choro.

A lua já havia passado pela janela, o que me fez acreditar que estava sentada ali mais tempo do que parecia. O homem na minha frente roncava, e senti a necessidade contar a Daryl.

— Ela está aqui. — Sussurrei entre soluços.

— Quem? — Daryl respondeu confuso, a voz embargada do outro lado.

— Lauren. Ela está viva e aqui. — Minha voz saiu mais alta enquanto eu sentia a dor no peito aumentar e me encolhia no chão, me abraçando. Eu não conseguia explicar a dor daquele desespero, mas até o ar me faltava.

Senti a porta atrás de mim estremecer por segundos, e vi que Daryl havia despertado.

— Tem certeza, Lia? — O desespero e preocupação evidente me fez chorar mais um pouco.

— São os mesmo olhos.

Os malditos olhos.

Escutei o mesmo socar a porta, e me virei instantaneamente para o homem em minha frente. Nem sequer um solavanco, o ronco continuava.

Graças a Deus...

— Olha amor, eu prometo que vou nos tirar daqui. — A voz rouca, como sempre ficava quando o mesmo estava nervoso, me fez estremecer.

— Eu sei, amor.

O silêncio se instalou por segundos, então Daryl me chamou, a voz baixa e então me contou o que destruiu o único resquício de vida dentro do meu peito aquela noite.

— Glenn morreu, Lia.

A minha boca secou. O peito ardeu. A garganta fechou e por segundos, senti meu coração parar de bater.

Estou enfartando. É isso.

— Lia? — A voz de Daryl parecia me chamar de longe.

Não, não podia ser.

— Lia? Lia, me responde. — Um pouco mais perto.

Tudo parecia girar. O homem em minha frente, parecia cair de um lado para o outro, mas então Daryl disse mais perto.

— Amor, fale comigo, por favor. — Ele chorava.

— Não é verdade. Não pode ser. — Disse mais alto, os olhos marejando. A dor no peito avassaladora. — Glenn, não. Por favor, não. Daryl, não.

Destino Travesso [2] || Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora