𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟒

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Meus olhos se arregalaram diante da cena. Nunca estive tão assustada em toda a minha vida. O lugar era extremamente tenebroso e assustador, e eu não conseguia explicar o motivo do meu medo. Deixei a minha bicicleta cair no chão rígido, hesitei por alguns segundos antes de encarar Mike.

— Como você consegue trabalhar aqui? — Perguntei, ajeitando o meu boné em minha cabeça.

— Eu não sei. —Ele assentiu, rindo um pouco ao observar a pizzaria. — Bem, você não vai entrar?

— Já estou aqui mesmo. — Dou uma leve risadinha, tentando demonstrar tranquilidade. — Abre. — Visualizo a porta que me faz entrar dentro do local. Sinto meu coração acelerar por alguns segundos. Eu não conseguia explicar o meu medo. Conforme Mike a abre, sinto-me cada vez mais assustada. Um calafrio percorre minha pele, que já está fria.

— Caralho, como você consegue ficar aqui? Como você consegue trabalhar tranquilamente?... —Arregalo os olhos e observo tudo ao meu redor. O lugar parecia abandonado — e realmente estava. Cadeiras por aqui e por ali. Tudo era tão bagunçado e estampado com a cara de uns bonecos estranhos e extremamente medonhos.

— Trabalhando. É simples. — Ele responde, revirando os olhos e olhando para mim. — Você está bem, Jane? — Engulo em seco rapidamente e continuo a andar, atentando-me a cada detalhe. — Claro. Continue andando. Quero observar mais as coisas aqui.

Me sinto cada vez mais tensa; meu rosto se vira para cada canto do ambiente com uma expressão apavorada. Resolvo espiar atrás de grandes cortinas que estavam à minha frente. Robôs estranhos a habitavam, deixando-me cada vez mais ansiosa. Fecho-a imediatamente e corro para perto de Mike, respirando rapidamente.

— Este lugar é sinistro. — Digo ofegante, meu rosto reflete o espanto do momento. Mike segue em direção a algum lugar. Mike olha para trás, fixando seu olhar em mim. — Vem logo, Jane. — E ele continuava a andar. Ajeito o meu boné, tentando seguir em frente.

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Ele continuava a andar, e eu o seguia, com o velho Walkman nos ouvidos e uma expressão assustada. Mike chegou a um local pequeno, repleto de câmeras, escuro e abandonado, provavelmente onde ele trabalhava. Sentou-se em uma cadeira em frente às câmeras e respirou profundamente, claramente exausto pela rotina.

— É aqui, então... — Sento-me ao lado de Mike. Observando o local, noto uma embalagem redonda laranja, provavelmente um remédio para dormir.
— Você toma isso para trabalhar? — Rio um pouco enquanto seguro o medicamento. — Vou experimentar também.

Consigo perceber claramente o quão desatento ele estava. Estalo os dedos algumas vezes, buscando chamar sua atenção, e o observo atentamente enquanto ele lentamente volta para a realidade.

— Mike, está bem? — O garoto parece retornar à realidade e responde, um pouco distraído.
— Sim, estou bem. — Ele responde, visivelmente cansado. Dou uma leve risadinha, abrindo o pacote e consumindo o remédio. — Vamos ver se isso me faz dormir também.

Minutos depois, a única visão que me era possível era a minha casa. A antiga e familiar residência, repleta de retratos familiares, brinquedos infantis espalhados pelo chão frio, um sofá desarrumado com almofadas e pacotes de doces caídos. Um ambiente peculiar, talvez devido à presença das quatro crianças que a habitavam. Percorri todos os cantos, observando detalhes sem hesitação. Ao dar mais alguns passos, me deparei com uma pequena mancha de sangue rastejada no chão. Movida pela curiosidade, decidi seguir o rastro. A cada marca, meu coração acelerava, minha pele arrepiava-se. Em um breve descuido, próximo à cozinha caótica, deparei-me com minha mãe. Ela jazia de bruços, aparentemente sem vida. Sua pele cortada e ensanguentada, uma faca cravada em sua barriga.
Em desespero, minha única reação foi chorar e acariciar seu rosto, ciente de que aquela poderia ser a última vez que a contemplaria. Lágrimas escorriam desesperadamente, molhando cada centímetro de sua face, enquanto meu choro crescia em intensidade, carregando tristeza, remorso e ódio. A ardência na pele revelava a mistura avassaladora de raiva e tristeza que me consumia.

Após essa cena angustiante, sinto algo tocar meu braço e, subitamente, uma sensação de arranhão nos ombros me faz estremecer. De repente, volto à realidade, despertando para encontrar uma mulher loira diante de mim. Vestida com uniforme policial, sua expressão revela profunda preocupação enquanto observa meu rosto adormecido.

— Hm, parece que ela também está machucada, não está? — Sinto-me fragilizada por um momento quando ela toca meu ferimento. Levanto-me, angustiada, a encarando. — O que aconteceu?... — Olho para Mike e para a misteriosa mulher, que, até então eu não conheço.

— A garota também está machucada. Você não tem nada a dizer, Mike? — A mesma analisa a situação com interesse, olhando para o meu machucado e para mim.

— Eu não sei o que aconteceu. — Respondo com uma expressão confusa, desviando o olhar para meu ombro ferido.
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Me desculpem a demora para postar! :))

𝐀𝐋𝐋 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔.Onde histórias criam vida. Descubra agora