Era um saco ter que mudar de escola, principalmente para uma escola que só tinha riquinhos mimadinhos de Arezzo. A minha antiga escola acabou pegando fogo e deixando algumas pessoas feridas, inclusive eu que quase morri quando um pedaço de concreto caiu em cima de mim enquanto eu tentava fugir.

Eu fui salva por Drew, um dos meus melhores amigos e que também estudava naquela escola. Ela era uma das piores escolas de Arezzo, além da bagunça enorme não tinham muitos professores. Ninguém queria dar aula onde só haviam pessoas de gangues e totalmente agressivas.

Não é atoa que pegou fogo.

Eu até que gostava daquela escola, não estudava muito, mas gostava.

Abri a porta da minha humilde residência e gritei pelo meu pai.

__ Pai! está em casa?

__ Com'è andato il tuo primo giorno nella nuova scuola, figlia?

(como foi seu primeiro dia na escola nova, filha?)

__ Ah, mimadinhos chatos metidos a bosta.__ revirei meus olhos e joguei minha bolsa no sofá.

Caminhei em direção ao vidro grande que estava em cima da estante e sorri enquanto olhava o meu pequeno escorpião dentro do vidro. Gentilmente eu abri a tampa e deixei que ele subisse em minhas mãos.

Ele não me machucava, já estava acostumado comigo e com meu pai.

__ Deu a comida dele?__ perguntei.

__ Óbvio que eu dei.

Coloquei o pequeno novamente no vídeo e o fechei. Comi com o meu pai e tomei um banho gelado lavando os meus cabelos para tirar o cheiro daquelas pessoas idiotas de mim.

Eu não gostava deles pelo fato de me olharem como se eu fosse roubar as suas roupas de marca, como se eu fosse ataca-los na primeiro oportunidade igual ao um escorpião, o que na verdade passava pela minha cabeça. O preconceito daquelas pessoas com gente igual a mim não era de hoje, eu trabalhava em uma lanchonete e sempre que eu atendia essas certas pessoas passava por certas humilhações...

Elas não são melhores que eu pelo seu saldo bancário, não para mim, mas infelizmente para o estado e para a população idiota, eles eram sim.

Uma boa parte de Arezzo era largada em um lado da cidade, na maioria das vezes ficávamos sem luz ou até mesmo sem água. Por dias! Isso era um saco, mas estávamos acostumados já que crescemos no meio disso.

Quando alguém simplesmente desaparecia, a polícia não vinha saber o que aconteceu ou até mesmo para levarem o corpo para um enterro digno. Não éramos nada. Então por isso existem tantas gangues desse lado da cidade, para nos protegermos.

Mas acaba que a rivalidade entre gangues é maior.

A gangue que eu participava graças ao meu pai, era a mais forte e mais antiga de todas. Meu pai entrou quando era somente uma criança e não foi diferente comigo, me iniciei quando tinha somente 6 anos.

O ano em que minha mãe nos abandonou.

Mas ela não era mais tão importante assim.

Fui até a sala onde encontrei meu pai colocando sua jaqueta escura, toda a sua roupa estava escura. Ele me encarou com um sorriso e veio até mim dando um beijo em minha testa.

__ Sabe que não precisa trabalhar nessa lanchonete, não sabe? Pode trabalhar no bar...

__ Na lanchonete eu ganho mais, pai.__ falei o cortando.__ Estou atrasada, a noite eu passo no bar.

__ Okay, minha lindinha. Bom trabalho!__ ele falou enquanto eu caminhava para fora de casa.

Coloquei meu capacete e subi na minha moto que antes era do meu pai. Fui pilotando até chegar na parte "boa" de Arezzo. Eles não queriam me dar esse emprego, ainda mais que eu não tinha as qualidades óbvias para o emprego... Mas o meu querido papai ameaçou o dono e ele me contratou.

Ao longo da tarde, a lanchonete estava cheia como sempre, fazendo eu ficar cansada logo cedo. Eu saia às 22:30, então ainda teria longas horas de trabalho nessa porcaria. Eu ganhava um salário bom até, dava para me manter, mas eu odiava trabalhar aqui.

__ Boa noite, Lili!__ ouvi a voz de Barbara e olhei para ela onde estava acompanhada de Dylan.

__ Boa noite, gente.__ falei quando parei na mesa dos dois.__ E então, o que vão querer hoje?

__ Eu quero o de sempre.__ sorri anotando o pedido de Dylan que era basicamente um lanche com carne de frango. Eu odiava esse lanche, mas se ele gostava eu não podia fazer muita coisa.

__ Eu vou querer um X bacon e muita batata frita. Estou morrendo de fome hoje.__ Barb falou e eu anotei seu pedido.__ O que achou da nossa escola?

__ Uma merda, pra falar a verdade. Mas o ensino é melhor que a minha antiga escola, só não gostei dos riquinhos mimados.

__ Nós também somos esses riquinhos mimados, basicamente.__ Barbara falou rindo e Dylan concordou.

__ Vocês são mais fáceis de aturar, ajudam na minha comissão.__ demos risada e eu caminhei até os cozinheiros para falar os pedidos.

No final da noite, eu liguei minha moto e fui em direção ao bar dos Lo Scorpione. Não era atoa a minha paixão por escorpiões, cresci vendo eles e os achando fascinantes, graças a gangue!

Lo Scorpione era a gangue mais antiga de Arezzo, também a mais perigosa. Em meio aos meus 17 anos de vida, vi meu pai ser preso três vezes pelo fato de estar envolvido com a gangue. Ele não era um santo, é óbvio, mas sempre pegavam ele por ser um dos mais antigos e mais fortes atualmente da gangue.

Eu também não era santa, eu também fazia coisas ilícitas e ilegais quando precisava de dinheiro ou quando precisava ajudar a minha família de escorpiões. Era isso que éramos. Família.

Acolhem os que precisam ser acolhidos, ajudam os quem precisam ser ajudados e estamos sempre juntos no final. Talvez seja esse o fato da minha mãe ter nos abandonado, ela nunca aceitou entrar para a gangue e nunca quis que eu entrasse como o meu pai, então ela simplesmente caiu fora sem dar explicação.

Mas ainda assim não é um motivo relevante.

__ Chegou, principessa scorpione.__ Jordan falou enquanto eu tirava o capacete da minha cabeça.

__ Não aguentava mais ficar naquela lanchonete.__ retirei meu maço de cigarro do bolso e Jordan me entregou seu isqueiro.

__ Temos um trabalhinho para você.__ ele disse se aproximando.

Eu ainda estava sentada em cima da moto, mas agora de lado. Suas mãos foram de encontro com as minhas coxas e eu soltei o ar da nicotina depois de tragar a fumaça.

__ A é, qual?__ falei aproximando meus lábios do seu e dando um leve roçar.

__ Quando você entrar vai saber, mas por enquanto você é minha.__ ele segurou a minha nuca e me deu um beijo.



Capítulo para conhecer um pouco da Lilizinha.



Forever, my blondeOnde histórias criam vida. Descubra agora