paraíso parisiense

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Sana se sentia impressionada.

Chaeyoung aprendia rápido e aparentemente ela havia pesquisado bastante coisa sobre a situação atual da filial.

- Então você que sempre vem arrumar as coisas aqui?

- Infelizmente.

A risada de Chaeyoung preencheu a sala fazendo Sana virar sua atenção totalmente para ela.

- É engraçado como você odeia esse lugar.

- Puff, eu conseguiria abrir mais o meu coração se eu não estivesse tão ocupada consertando as coisas.

- Eu imagino, esse também é um dos motivos para eu estar aqui.

A curiosidade de Sana brilhou em seus olhos, ela deixou o notebook de lado e se virou totalmente para Chaeyoung fixando sua atenção na garota.

- Me conte mais.

- Bom...eu sou a mais nova então quem assumiu aqui foi o meu irmão, mesmo que eu falasse para o meu pai que ele colocaria esse lugar abaixo porque ele não tem capacidade nenhuma pra gerenciar nem a conta bancária imagina uma filial inteira, foi...uma briga sem fim onde ele falava sobre tradição, linhagem e idade, mas no fim do dia estava me pedindo pra ajudar meu irmão. Então eu me cansei e me mudei pra Coréia, fiz minha faculdade de hotelaria e esse ano ia começar engenharia, mas eles apareceram na minha porta me pedindo pra voltar e assumir tudo.

- E você simplesmente veio?

- Não. – A risada de Chaeyoung inundou os ouvidos de Sana novamente. – Eu neguei e fechei minha porta na cara deles, eu já não me dava muito bem com eles e tudo piorou depois que o meu irmão assumiu, tipo ele é legal e eu amo ele, mas esse lugar não é a praia dele e eu sei que ele só assumiu por insistência. Eu só vim mesmo porque ele me pediu.

- Parece um bom irmão apesar de não saber muito sobre isso aqui.

- É, ele se dá melhor sendo chefe de cozinha e com alguém pra gerenciar tudo pra ele. Tirando isso ele é um irmão incrível, vivia brigando com o nosso pai por conta dessa insistência em frisar que eu não poderia ter algumas coisas dele por não ser realmente filha dele, minha mãe sempre me defendeu também, mas ele consegue ser um porre nisso.

- Adoção?

- Quem dera, traição mesmo.

A gargalhada de Sana preencheu novamente a sala fazendo Chaeyoung corar.

- Você fala isso com uma simplicidade.

- Em minha defesa todo mundo sabe sobre isso.

- Certo, certo...uma história interessante, me fez ter uma visão diferente de você.

- Que visão você tinha de mim?

- Uma garota que foi obrigada a estar aqui e que não faz ideia do que está fazendo.

- Eu diria que é uma visão padrão sobre qualquer herdeiro de qualquer empresa.

- Você tem um ponto.

O restante do dia foi calmo, Sana estava satisfeita com o progresso da francesa, ela sabia o que estava fazendo e apenas aperfeiçoava seus métodos com as instruções de Sana.

Com o passar dos dias elas foram se conhecendo mais e pela primeira vez Sana se sentia satisfeita trabalhando com alguém. Chaeyoung era competente, engraçada e seu olhar fofo e um pouco lerdo estava deixando ela cada vez mais atraente aos olhos de Sana. A japonesa se sentia bastante promiscua ao observar a outra andando pela Sala enquanto explicava alguns projetos que tinha em mente, sua conversa com Momo sobre como estava se sentindo também não ajudou muito.

- E daí que ela é mais nova?

- São 10 anos de diferença Momo!

- Você faz parecer que está interagindo com uma criança de 5 anos e não uma gostosa de quase 26 anos que fica andando em uma saia apertada pelo seu escritório.

- Para de citar isso em todas as nossas conversa!

- É pra você se tocar e tomar uma atitude! 35 anos na cara e não sabe dar uma flertada.

- Você não tá ajudando sabia?

- Sannie, se acontecer algo você pode aproveitar o momento. Não é como se vocês fossem se casar por conta de 2 semanas que conviveram.

- Certo...

- Ou você está pensando em se casar? Não é porque já tá indo pros 36 que você precisa escutar sua mãe e finalmente ter uma família sabe?

- Eu senti a indireta senhora estou me casando e quero que minha amiga case também.

- Que bom amiga, recado dando então.

- Idiota. Vou pensar sobre o que você disse.

- Pensa mesmo, daqui a pouco você volta e só vai ficar com os sonhos e as memórias das saias coladas.

Momo deveria dar alguns pontos para Sana, ela realmente estava se esforçando em tentar chamar a atenção de Chaeyoung.

Sana sabia que ela gostava de mulheres e que não tinha uma namorada, sua pesquisa de campo feita em jantares foi boa o suficiente até esse ponto.

Será que ela deveria ser um pouco mais sincera e só falar na lata?

Seu olhar pensativo pairava nos documentos em sua mão enquanto sua mente viajava para Chaeyoung que explicava seu novo projeto para os sócios.

- Eu não aprovo a ideia. Sei que como parte da comunidade trans você queria trazer isso para dentro da empresa, mas os investidores não vão aceitar muito bem esse projeto.

- Então eu acho que deveríamos começar a procurar investidores melhores.

- Chaeyoung...

- Senhorita Son para você senhor Durand e não estou pedindo aprovação para esse projeto. Como CEO eu quero que essas mudanças sejam feitas não apenas por ser da comunidade, mas por querer corrigir a merda que vocês fizeram nesses últimos 6 anos melhorando nossa imagem lá fora.

Ah, Sana também achava ela fodidamente quente quando tomava a frente dessa forma.

- Eles são bem idiotas com isso.

Agora elas estavam jantando em algum restaurante perto do hotel depois de uma reunião estressante, mas felizmente produtiva.

- O que? Sobre eu ser trans?

- É, não é como se você deixasse de ser quem você é por isso ou fosse anormal ou idiota como eles acham.

- Puff, são idiotas, mas nada que eu não esteja acostumada a lidar durante a minha vida.

- Estar acostumada não torna tudo menos doloroso, tá que eu não sei como é até porque eu não sou trans, mas como mulher e lésbica eu sei como é um lixo ter que lidar com comentários estúpidos que nos rebaixam só por conta disso.

- É um porre.

- Sim! Literalmente eu não sou menos competente por gostar de mulher, acho que até sou mais pelo meu bom gosto.

A risada de Chaeyoung se fez presente e Sana se sentiu feliz por animar um pouco a mulher.

- Você não tem jeito Minatozaki.

- Nada que não possa ser resolvido por você Son.

Então mais alguns dias se passaram e mais momentos foram acontecendo.

Na quarta-feira Sana reclamou de como a camisa social da francesa estava abotoada e a puxou para bem perto com a desculpa de corrigir esse pequeno erro. Na sexta-feira Sana foi buscar Chaeyoung em seu apartamento e a levou para tomar café da manhã porque a francesa estava atrasa demais e não queria ninguém desmaiando em seu escritório. No sábado Sana fez a francesa ser sua guia pela cidade porque era o mínimo que ela poderia fazer para retribuir sua presença naquele inferno.

Então a terceira semana se iniciou e Sana convidou a francesa para jantar depois de ouvir mais um dos conselhos de Momo e decidir que iria finalmente ser direta sobre como estava se sentindo.

Paris para dois • SACHAENGOnde histórias criam vida. Descubra agora