Medo Bobo

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Ao final do jantar, pedimos Petit Gateau para a sobremesa. Mas, como Marília tem o dom do cavalheirismo, se sentou ao meu lado e fez questão de me dar cada colherada do doce em minha boca. Sinto meu corpo queimar com seus olhos. Ela olha para meus seios, meus lábios sujos de chocolate, meus cabelos que voam despercebidos pelo vento do ar-condicionado.

- O doce estava gostoso? - Perguntou pondo o prato na mesa após me dar a última colher.

- Uma delícia! - Rio baixinho sabendo o que virá a seguir.

- Deixe-me provar? - Disse olhando meus lábios.

Era óbvio que eu deixei meus lábios sujos de chocolate de propósito. Nosso primeiro beijo foi assim: com ela me perguntando se poderia provar um doce que já havia acabado. Desde então, ela sempre relembra esse momento quando me dá algum doce - Tem que ser um doce!

- Por que não disse? Teria dividido com você. - Olho seus lábios rosados.

- É que a minha vontade de comer veio agora. - Se aproximou.

Outra vez, o coração disparou. Concordei. Mas, como sua velha mania, ela passou sua língua por meus lábios, os saboreando. Ainda tenho meus olhos abertos, tentando respirar enquanto a vejo brincar com meus lábios.

Passou sua língua primeiro pelo superior, os chupou, fez questão de soltar um leve gemido de pura satisfação. Sorriu ao ver meu corpo estremecer com aquilo. Logo, passou para o interior, fazendo o mesmo. Abri meus lábios para que pudesse aprofundar aquilo. Quero sentir seu beijo, entrar na nossa dança e me perder no céu de sua boca. Arrasto a ponta das minhas unhas por sua nuca, entrando por seus cabelos e os apertando entre os dedos.

- Doryy... - Sussurrou.

- Quero dançar. - Sussurro.

Sua mão em minha cintura me atraiu para si, seus dedos entraram por meus cabelos e sua língua invadiu minha boca. Sorrio e me entrego. Fecho meus olhos e sinto sua língua numa dança com a minha. É incrível que, com o passar do tempo, nossos lábios se encaixam cada vez mais, como um quebra-cabeça perfeitamente montado.

O ar faltou para nossos pulmões, mas, mesmo necessitando de oxigênio, não paramos. Ela se afastou pouquíssimos centímetros de meus lábios, para conseguirmos ter ar. Voltando ao beijo, não procuramos por outro ruído ou som que não fosse nossos lábios molhados.

Agarro seu terno, tentando trazê-la para meu corpo. Quero sentir seu corpo no meu. Me sinto fraca por não conseguir resistir a ela. A verdade? Nunca vou resistir. Nem vou tentar. Amo-a igualmente ou mais do que amo a mim mesma. Ela me ensinou o que é o amor. Me ensinou a me amar, a amá-la.

- Dory... - Olhou em meus olhos.

- Me leva pra casa. - Digo desviando o olhar.

- Você quer ir pra casa ou em uma rua escura?

Sorrio.

- Você sabe a resposta, Senhora Delegada.

Ela chamou o garçom e pediu a conta. Retoco meu batom e saímos. Quando entramos no carro, ela deu partida.

- Mas, antes de qualquer coisa, quero que veja um lugar. - Ela diz virando em uma estrada de chão.

- Aonde vamos? - Pergunto curiosa.

- Pega seu ursinho.

Como uma criança ansiosa, pego meu ursinho. Não demorou muito para chegarmos. Ela subiu uma trilha de chão. A estrada era rodeada de árvores e flores, muito bem cuidada, pois os matos estavam aparados, tingidos com um verde-claro que só vemos em filmes animados. Quando chegamos no topo da mantenha, ela ligou o som e colocou a nossa playlist, colocou o volume máximo e saímos.

Dory, Ainda Te Amo | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora