O grande dia

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À beira da cidade, Ramiro e Kelvin encontraram abrigo sob uma árvore. A exaustão da jornada logo se fez sentir, e decidiram descansar antes do amanhecer.

— Vamos descansar um pouco aqui, Kevinho. Amanhã na cidade, precisamos estar alertas.

Sentando-se ao pé da árvore, Ramiro se aninhou, e Kelvin, de forma instintiva, apoiou sua cabeça em seu colo, enquanto abraçava Pascal que estava deitado em sua frente. A cena transmitia uma sensação de lar.

— Rams, você acha que veremos as luzes no festival de primavera amanhã?

Ramiro, olhando para o céu estrelado, respondeu sorrindo e afagando os cabelos loiros do menor.

— Vamos sim. Será um novo começo para nós.

À medida que o cansaço os envolvia, Kelvin se sentiu confortável e seguro com a cabeça apoiada no colo de Ramiro.

— É bom ter alguém em quem confiar. Eu nunca senti isso antes.

Ramiro, acariciando gentilmente os cabelos de Kelvin, sorriu.

— Eu também não, loirinho.

Sob o manto da noite, com a cidade adormecida à distância, eles observam o manto estrelado acima deles. Kelvin franziu a testa, encabulado com um pensamento.

— Ramiro, o que eu vou fazer quando realizar o meu sonho? Ver as luzes?

— Aí você procura outro sonho, loirinho. Algo que você queira de verdade, que sempre quis fazer. Não deve ser tão difícil, já que essa é a sua primeira vez vendo o mundo.

— Eu queria...queria cantar. Mostrar minha voz pra todo mundo, mas também cuidar de plantinhas. Eu amo planta, natureza, sabe? Queria um cantinho cheio de verde em volta. A cidade é boa, mas é muito agitada.

— Então você já pode começar daí.

— E você? Tem algum sonho?

— Já faz tanto tempo que eu não sonho que até perdi a prática. Só queria um cantinho e condições boas para viver. Ser feliz.

— Bom, sorrindo você já tá. — Kelvin brincou, dando uma risada gostosa — Eu gosto da sua companhia. De verdade.

— Também gosto da sua companhia, loirinho. — Ramiro falou, acariciando o rosto do menor com a ponta dos dedos. Kelvin tencionou, sentindo um arrepio e arregalando os olhos — Você é tão bonitinho.

— Você acha, é? Obrigado. — Ele corou, sorrindo tímido — Você também é bonito, mesmo com esse seu jeitinho bruto.

— Sou bruto, mas você não largou de mim ainda.

E nem quero. Kelvin pensou.

~

Com os primeiros raios de sol despertando a cidade, Kelvin acordou sob a sombra acolhedora da árvore. Ao abrir os olhos, percebeu a posição íntima em que estava, sentindo uma estranha sensação de conforto.

Kelvin, ainda sonolento, estendeu sua mão suavemente acariciando a barba de Ramiro, um gesto íntimo que refletia a conexão crescente entre eles.

Um calor reconfortante percorreu Kelvin enquanto ele refletia sobre esses sentimentos crescentes pelo cacheado, seu peito se inflava em afeto e cada parte de seu corpo encostada no maior formiga.

Percebeu o maior se mexendo um pouco, e logo notou que havia acordado.

— Desculpe, Ramiro, não queria te acordar. — Ele falou um pouco envergonhado, retraindo sua mão.

Luzes da Primavera (Kelmiro AU) Onde histórias criam vida. Descubra agora