01 | 𝚃𝚑𝚎 𝙼𝚊𝚒𝚍 |

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Hell's Haven é uma pequena aldeia situada à beira de um precipício ao norte, conhecida por sua paisagem árida e desolada

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Hell's Haven é uma pequena aldeia situada à beira de um precipício ao norte, conhecida por sua paisagem árida e desolada. Com poucos habitantes, o local enfrenta uma constante nevasca, que acentua a sensação de isolamento.





A vida é uma merda, não é?

Sou filha de um camponês que nasceu e cresceu sem posses. As dificuldades para ter o que comer eram constantes, uma luta diária de sobrevivência. A pobreza, como uma sombra inexorável, permeou toda a minha vida, e desde muito jovem, fui encarregada de cuidar de meus cinco irmãos. Cada dia era uma batalha para garantir o mínimo de comida, enquanto nossos corpos se tornavam cada vez mais magros e fracos, com a fome nos corroendo por dentro.

Minha mãe, uma mulher de rosto sempre pálido e olhos tristes, não suportou o peso esmagador da extrema carência. Certa noite, sem aviso ou despedida, ela fugiu, abandonando-nos à mercê de um destino cruel. Meu pai, já inclinado à melancolia e à ira, afundou-se ainda mais no abismo do álcool e da violência, tornando-se um homem que já não reconhecíamos. Seus olhos, outrora vibrantes, agora eram turvos e injetados de sangue, refletindo o veneno que lentamente o matava por dentro.

A tragédia não tardou a nos atingir. Meu irmão mais jovem, um bebê que mal começara a viver, foi espancado até a morte pelo próprio pai, que, em um acesso de raiva insana, não conseguiu controlar sua brutalidade. A quarta criança morreu de fome, seus olhos afundando nas órbitas enquanto sua pele se tornava translúcida, como se a vida estivesse sendo sugada aos poucos. A terceira, uma menina que mal entendia o que estava acontecendo, foi vendida para um bordel, arrancada de mim em um mercado imundo, suas lágrimas ainda gravadas na minha memória. A segunda, Alicia, a mais bela entre nós, foi poupada dessa miséria por sua aparência angelical. Seu rosto perfeito, como esculpido pelos deuses, e seus cabelos dourados lhe garantiram um futuro promissor, sendo criada com a única intenção de ser casada com alguém de uma família prestigiada, como uma joia rara que precisava ser preservada.

E eu, a primeira filha, considerada a menos atraente, permanecia ao lado do meu pai, invisível e indesejada. Minhas feições eram apagadas, comuns, e o corpo, deformado pelos constantes espancamentos, tornava-me cada vez mais repulsiva aos olhos de todos. Uma lesão na perna, fruto de uma surra particularmente severa, interrompeu meu crescimento, deixando-me baixa, desajeitada e mancando.

Meus dias são uma monotonia desesperadora. Eu acordava antes do sol para cumprir minhas obrigações, buscando alimentos que não existiam, lavando roupas que nunca ficavam limpas, e limpando uma casa que, para mim, já era um túmulo. Durante o dia, trabalhava na padaria de Mark, no centro da cidade, servindo pães que eu mesma nunca poderia comer. E à noite, quando o mundo parecia dormir, eu enfrentava a fúria incontrolável de meu pai, que me batia até que o cansaço o dominasse. Cada golpe ressoava em minha alma, mas nenhum era tão doloroso quanto o silêncio da indiferença de todos ao meu redor. É uma vida árdua, sufocante, como uma corda que se apertava lentamente ao redor do meu pescoço.

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