Capítulo 1 |Mimoso

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Capítulo 1 | Mimoso

Escuto os Tiros ecoando Por Toda a Comunidade, Meu Radinho não para, com os meus crias a todo momento na Sintonia, nessas horas que o coração do bandido bate na sola do pé.
Escuto o barulho do águia Roda por cima Das casas.  

- Vai logo meu Paizão, o cerco está se fechando. - nego mais uma vez segurando meu fuzil. - Vai Mano, sua Comunidade precisa de Você, faça isso por eles.

- Não vou abandonar você aqui Casulo. - falo pra ele que sorri negando. - Não vou abandonar a Minha Família.

- Justamente por isso Você precisa agir com a Cabeça agora Paizão, Não sabemos Oque esse Juiz Filho da Puta quer - Fala atento a tudo, estamos escondidos, no meio da Mata, nos Fundos do Vidigal. - Eu aceitei o Cargo de Gerente Prometendo te Proteger até a Morte, Porque a Sua Favela precisa de você vivo.

Por um segundo, recordo de tudo que vivi, desda infância precária, até o Dia que ganhei a Frente do Vidigal, Transformei a Comunidade em um Lugar de paz e sossego para os Moradores, conquistei o Respeito e a Admiração de Todos no dia a dia ao longo desses 23 anos.
Eu e meus irmãos construímos uma facção que se espalhou por todo o Brasil, até fora do País.
Não seria Justo eu perder a Única Família que conquistei. 

- Eu vou. - falo me levantando, e o Casulo faz um toque comigo, e me abraça rápido. - Se cuida.

- Tamo Junto Meu Mano, Vou te Proteger até meu Último suspiro. - bato nas costas dele por cima da colete, e começo a andar abaixado no meio do mato.

Qualquer passo em falso pode custar minha vida, qualquer deslise é crucial, a dentro a mata escura, enxergando o Mínimo possível só com a Iluminação da Lua, seguro Meu Parafal colado ao Peito, e a Mete blindada, tentando me convencer que vai dar tudo certo. 

(...)

Já na minha casa aqui na Penha me
Escosto No vidro da sacada Colocando meu balão pra subir, na tentativa de calmar minha mente conturbada.

As Luzes da Comunidade refletem minha infância, ou a melhor parte dela, foi aqui dentro Da maior favela do Brasil, que ganhei uma segunda chance de vida e conheci o Crime, fui Fugueteiro, depois Vapor, evolui pra linha de frente, logo fiquei na segurança do chefe, Xavier.
Pai do Meu Melhor amigo e irmão de Vida.

Foi dentro dessa comunidade que comi uma comida de verdade pela Primeira vez, Foi aqui que ganhei meu Primeiro Brinquedo, Uma Arma.
Foi aqui dentro que comecei a construir minha Família do Coração, Primeiro com Meu Irmão Willan, ele era mais novo que eu só que muito mais inteligente, gostava de estudar, tinha facilidade para aprender.

Não é Atoa que seu Pai o Apelidou de Professor, o moleque aprendia as coisas rápido, era só vê uma vez, que ele já sabia até ensinar, apesar dele nunca ter sido muito Ligado no Crime.
Porque não enchergava a vida com os mesmos olhos que eu.

Através do Professor, conheci meu Outro Irmão e Parceiro, O Bagulhão, que era Filho de Um Amigo do Xavier, Ele Morava na Maré, mais sempre que o Pai Do Professor, levava ele eu ia também, Juntos Viramos os três Pilares.

Bagulhão me Ensinou a ser Ambicioso, a querer sempre mais, me ensinou que dinheiro é luxo vem conforme corremos atrás para ter, E o Crime era a oportunidade perfeita para conseguir. Sempre me incentivo a Não me acomodar, a querer sempre mais, então sempre que Xavier me subia de Cargo no Crime o Bagulhão Fazia uma festa, para Comemorar.

Os dois me fizeram ver a vida com outros olhos, aprendi a ser Forte, guardei meus traumas e dores, coloquei minha armadura e fui pra guerra.

Escuto meu celular tocando em cima da cama, e me viro indo ate ele, na tela aparece o Nome da Minha Única Filha, Ela e meu Neto, são meus herdeiros, meu sangue, Juliana e Uma menina de Ouro, tem um coração gigante, e infelizmente sofreu muito na vida, mesmo descobrindo que sou O Pai dela a Pouco tempo, Já conseguimos construir uma Relação Maneira de Pai e filha, ela se parece muito comigo, acho que isso ajudou.

Desliso o dedo na tela atendendo, dou outro lado da linhas escuto a respiração acelerada dela, e mais ao fundo os Barulho de Tiro, ela ainda está no Vidigal, na Casa que dei a Ela, assim que descobri sua Paternidade.

- Oi filha, está tudo bem aí, cadê o Davi?. - Pergunto e escuto barulho de passos, e logo uma porta se fechando - Filha tá me ouvindo?

Olho para a tela do celular vendo que ainda continua na ligação, minha mente podre já pensa logo o Pior, coração acelera no Peito e levo o baseado ate a boca, só então escuto a voz dela, baixo mais audível.

Ela me diz que está escondida, no cofre e que acabou de ficar sabendo que o Casulo Morreu, Sinto um aperto no peito, O Mano era sangue Bom, estava comigo a vários anos, infelizmente mais uma pessoa que perde a vida pro crime.

- Valeu por avisar. - falo com pesar. - Cadê o Davi, vocês estão bem?

Ela diz que está bem, o Davi está dormindo, mas percebo no seu tom de voz que ela esta com medo, e quem não ficaria, Trazer ela pra Minha vida infelizmente a colocou em risco. Principalmente agora com esse Juiz querendo Destruir a Facção.

- Fica tranquila filha, dentro do cofre você está segura. - escuto ela sussurrar dizendo que vai desligar para não acordar o Davi. - Se cuida Filha, Qualquer coisa me Liga.

Desligo a ligação e jogo o celular em cima da cama novamente, minha cabeça  Lateja ainda mais, acho que já virou até crônico esse bagulho, Minha cabeça dói 24hrs por dia, teve uma época que me entupia de remédio, mas não adiantava de porra nenhuma, então tive aprender a conviver com ela.

Esfrego a mão no rosto, pensando na merda que anda acontecendo, Primeiro foi a merdinha do filho dele, sequestrando minha afilhada, depois o atentado ao professor, agora a invasão na minha comunidade.

Logo na minha casa, que eu prezo muito pela paz dos moradores, não deixo ninguém ficar ostentando arma pra não incentivar as crianças, esse Juiz desgraçado vem bagunça, mas nsp vou deixar isso fica assim, vou achar esse Rato nem que eu precise ir pessoalmente no esgoto.

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