Prólogo II

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- Sofia -

Brinco com minha Boneca de Pano, enquanto minha Mãe pentia meus Cabelos, os cachinhos vão se formando, e caindo sobre meus Ombros, Com meu Vestido Rosa de Borboletas no Corpo, Mamãe me arruma para irmos a Igreja, sinto ela dar um Beijinho na Minha cabeça, e passo a Mão devagar por cima do meu cabelo, sentindo o Pentiado que ela fez hoje.
- Mamãe porque você sempre faz Penteados no meu cabelo? - Pergunto para ela que sorri e aperta minhas bochechas.
- Porque você fica Ainda Mais Linda de Penteado, e não perde sua essência de Criança. - fala de forma calma e Doce.
- Oque é Essência?. - Pergunto Curiosa.
- Quando crescer vai descobrir, agora vai calçar seu Sapatos, para sairmos antes do seu Pai chegar. - Aperta meu Nariz me fazendo dar Risada.
Saio do guarto dela dando Pulinhos com Minha Boneca na mão, Eu amo a minha Mamãe, ela é Muito Amorosa e Forte.

(...)

Choro baixinho escondida em baixo da cama, enquanto assito meu pai bater na minha mamãe, ela chora protegendo a cabeça enquanto ele bate em todo o corpo dela com socos e chutes, uma poça de sangue começa a se formar em sua volta.
Já não consigo mais Ouvir seu choro ou gemidos de dor, ela parece imóvel, mesmo com muito medo, faço oque ela sempre me ensinou, fico queitinha, coloco a mão na boca evitando fazer qualquer barulho.
Meu Pai abaixa as calças e começa a machucar minha mamãe denovo, não sei como ela aguenta, desde pequenininha assisto ele machucar minha mamãe assim, depois ela fica muito triste, e cheia de feridas, eu tenho medo do meu pai, ele já me tentou me machucar uma vez, mas minha mamãe não deixou.
Depois que ele se cansa sai deixando ela caída sem roupa no chão.
- Mamãe. - chamo por ela baixinho. - Mamãe. - Ela não me responde, nem se meche, saio de baixo da cama e corro até ela, vejo seu rosto todo sujo de sangue, tento acordar-lá estou com muito medo.
- Sofia.- ela sussurra quase sem voz. - Me perdoa, seja forte filha.
- Mamãe. - chamo por ela chorando. - mamãe, não dorme mamãe. - abraço ela com medo. - Mamãe acorda.

(...)

Acordo sentindo uma sensação estranha, desdo dia que minha mamãe morreu, eu nunca mais consegui dormi direito, sempre acordo no meio da noite com a sensação de alguém estar me Observando.
Olho em volta e o quarto está um pouco escuro, sinto o medo e minhas mãosinhas começam a suar.
Tento enxergar alguma coisa mas a claridade que passa por baixo da porta não é muita.
Aos poucos meu olhos vão se acostumando com o escuro e consigo ver o vulto no escuro, me encolho na cama e peço ajuda a Deus pra o meu pai não me machuque.
Sinto a cama afundando e sua mão grossa apertando minha perna, tento me afastar mas ele me puxa pro meio da cama e sobe em cima de mim.
- Papai, por favor não me machuque. - Peço chorando sentindo meu corpo trêmulo.
- O papai só quer brincar com você. - Fala levantando meu vestido, sinto sua mão alisando minha barriga e descendo até o meio das minhas pernas.
- Papai, não pode, a mãe disse que só ela podia tocar aí. - Falo e ele sorri de um jeito que o meu corpo todo se arrepia.
- Sua mãe era burra, agora é você que vai brincar com o papai. - Fala e eu tento sair, mas ele agarra meu cabelo puxando forte. - Fica quietinha se não quiser que eu te machuque mais. - Manda.
- Pai. - Grito quando ele rasga minha calcinha das princesas.
- Eu mandei você ficar calada. - Sinto o tapa no meu rosto e o gosto do sangue na boca. - Pra alguma coisa você vai ter que servir nessa casa. - Fala me virando de costas pra ele.
Ele aperta meu bumbum e me dá uma palmada nele.
Sinto meu bumbum ardendo e ouço ele abrindo o zíper da bermuda.
Na mesma hora eu lembro de como ele machucava minha mãe.
Tento me arrastar da cama, mas ele me segura pela nuca.
- Fica quieta sua putinha. - Ele fala e sinto alguma coisa dura roçando no meu bumbum.
- Papai, não me machuque. - Peço chorando.
- Eu só vou te ensinar a me agradar. - Fala forçando alguma coisa na minha intimidade.
- Para pai, isso dói. - Peço chorando.
- Calada. - Ele grita batendo na minha cabeça. - Você é muito apertada. - Fala.
- Mamãe... - Grito quando sinto ele me rasgando.
- A partir de hoje você vai ser minha putinha. - Fala e eu só sinto dor, dói muito.
Sinto ele saindo de cima de mim, mas eu não tenho forças pra me levantar, não consigo me mexer, não consigo nem chorar, tudo o que eu consigo fazer é fechar meus olhos só isso.

(...)

Pela primeira vez estou descendo a comunidade para vender balas no Sinal, ontem a Dona Maria, me deu caixinha de Jujuba, disse que era pra mim vender, então e isso que vou fazer.
Fico um pouco perdida de como começar, mas junto comigo a mais dois meninos, um vendendo água, e o Outro Limpando os carros, sinto o Sol forte contra minha pele, e minha barriguinha Dói, de Fome.
O Sinal se fecha, e os carros começam a parar em filas um atrás do outro.
Ando entre eles, batendo nos vidro e oferecendo minhas balas, alguns me olham com desprezo, outros com Nojo, mas oque eles não sabem é que eu só estou aqui para ter oque comer.
- Bom dia, aceita uma bala. - falo assim que um homem que abaixa o vidro para me olhar.
- Aceito de comer, com essa carinha de criança deve ser apertadinha. - Fala é eu dou alguns passos para trás. - vamos dar uma volta com o tio?. - sinto medo e nojo dele.
Então corro para a calçada, mas mal sabia eu, que essa era a primeira de muitas das nojeira que iria escutar.

(...)

Mais uma vez o atrito do cinto contra corta minha pele, meu corpo todo dói, mas não dói mais que meu coração.
Não consigo entender como um Pai tem coragem de Abusar da própria Filha, como ele consegue sentir Prazer em me ver sofrer, oque eu fiz para merecer sofrer tanto assim.
Porque eu?
Se existe um Deus como Minha mãe sempre dizia, ele com certeza se esqueceu de mim, não é justo eu ter que passar por tudo isso, todos os dias.
Não é justo eu não ter oque comer, não ter cuidado, não tem carinho, Não é justo a única pessoa que eu tenho no mundo, me maltratar todos os dias, eu não fiz nada para merecer esse castigo.
Nem a minha própria vida eu consigo tirar, por mais que eu já tenha tentado inúmeras vezes eu nunca consigo.
Me sinto uma inútil, fraca, suja, mais Aguentar tudo isso e muito pesado para uma criança que foi obrigada a crescer antes do tempo para sobreviver.

(...)

Subo a comunidade com minha caixinha de doce nas mãos, as crianças que brincam na rua vem correndo na minha direção assim que me vêm.
E quase impossível não sorrir, sem dúvidas as crianças são os seres mais inocentes desse mundo, o brilho no olhar de cada uma delas, acende minha alma, me faz ter vontade de viver novamente.
Elas me fazer acreditar que dias melhores virão, e que tudo passa.
- Tia me da um Doce. - pede a pequena.
- Eu também quero Tia. - Diz o outro.
- Eu também. - não param de falar me cercando, não tem coisa mais gratificante no mundo doque ver o sorriso de uma criança.
- Calma, sem Briga, A Tia vai dar, fazem fila. - falo sorrindo e vejo eles fazerem oque eu mando.
Conforme fui crescendo, a rua foi me ensinando que nunca devemos deixar o mal nos sucumbir, nosso coração não pode ter Ódio, tem que ser sempre puro e bondoso como o das crianças.
Peguei gosto por ajudar o próximo, porque eu também já precisei de ajuda, Hoje mesmo não tendo nada, busco um sentido para minha vida ajudando as crianças, idosos, quem precisar.
E difícil explicar mais Ajudar acabou se tornando meu Vício de Amor.

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