𝓯𝘌𝘮𝘱𝘳𝘦𝘴𝘢.

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Washington, Seattle.
06:27.

Ontem à noite, cheguei um pouco tarde, preocupando meu pai, que pensou que eu tinha sido sequestrada. Felizmente, nada aconteceu, mas agora estou com uma terrível dor de cabeça.

Participei de uma festa com amigos, bebemos e brincamos com mais bebidas. Sinto-me fraca para essas situações, e minha cabeça está latejando.

Precisei levantar, contrariando minha vontade, para evitar ser repreendida por meu pai. Ao atender a porta, encontro meu pai ainda chateado pela desobediência de ontem.

— Camilla, se arrume e desça para o café. – ele diz rapidamente, retirando-se. Parece que ainda está bravo comigo.

Fecho a porta, vou até o guarda-roupa e pego algo confortável para enfrentar o calor dominical. Após o banho, visto minhas roupas e atendo as inúmeras ligações de Antonella.

— Calma, o que aconteceu? – Falo enquanto me arrumo, ignorando a dor de cabeça.

— CAMILLA, FUI CHAMADA PARA UM ENCONTRO COM O JACOB! – Antonella grita do outro lado.

— Se acalma! só cuidado que o jeitinho dele é usar as garotas pra fazer ciúmes à ex. Vou te ajudar com o look, mas agora preciso ir, meu pai me chamou pra ir com ele a empresa. – A garota apenas murmura e logo desligo.

— Camilla, estamos atrasados! – Meu pai grita, e desço rapidamente para o café, pegando apenas uma maçã antes de seguir para a empresa com ele.

— Pai, por que estamos indo para a empresa em pleno domingo? – Pergunto enquanto entramos no carro.

— Um homem rico se mudou para Seattle e precisa resolver questões comerciais. – Ele explica, e eu observo o sol escaldante.

Na empresa, meu pai me apresenta a Simon, e durante a conversa, descubro que o filho dele é dois anos mais velho que eu. Infelizmente, não consigo saber seu nome antes de ele se afastar abruptamente.

Na sala da secretária, entro e começo a trocar mensagens com Antonella sobre o encontro.

Nella! 🤍 On.

Você não vai vestir isso, né?
visto.

Está tão ruim assim?
08:51.

Ruim? Antonella do céu, o menino
vai tomar um susto se te ver com isso.
visto.

Você vai vir aqui hoje? Não sei
o que fazer!!
08:52.

Vou sim, só estou esperando meu
pai terminar de falar com o cara
estranho aqui.
visto.

KKKKKKKKK. Tá bom, estou te esperando.
08:54.

Nella! 🤍 Off.

Saio das mensagens e resolvo mexer no notebook da mulher que, no momento, deve estar ocupada com o marido dela. O pior é que ele a trai com a moça da limpeza. Essa Luiza é tão bobinha.

Mas a moça da limpeza é muito linda, como não consegue ser modelo? Vai entender, né?

Droga, tem senha. Não tem nada para fazer, então fico por um longo tempo ali parada, navegando pelo Instagram. Cansei de ficar olhando para o teto; vou passear por aí e ver no que dá.

Me levanto da cadeira, mas antes de sair, deixo um papel escrito na mesa dela: "Camilla passou por aqui, estou com saudades loira de farmácia. :("

Amo atormentar ela, meu melhor passatempo aqui dentro.

Saio da sala, trancando a porta, e vou andando pelos corredores. Sem querer, encontro a porta da sala de reunião, onde descubro o sobrenome do homem que fugiu da ex-mulher: Hudson, deve ser o sobrenome do filho dele, né?

Saio da sala e começo a andar pelos corredores, mas não encontro nada relacionado à comida. As pessoas não comem aqui? Que lugarzinho sem graça.

— Não tem o que fazer aqui, tenho que comer ou vou morrer aqui mesmo. Morrer aqui é tão humilhante; imagina, eu morro, e meu pai posta aquelas minhas fotos sinistras? Pesadelo!

— Falando sozinha, Camilla? – Dou um grito fino, mas baixo, e olho para a moça de olhos claros.

— Que susto, Janette, o que faz aqui? – Me sento no banquinho, e lá fiquei conversando com a moça por um longo tempo. A Janette é a amante do marido da Luiza; ela sabe que eu sei sobre o caso deles, e eu prometi não contar a ninguém.

Janette é uma das melhores amigas da minha mãe. Minha mãe já tentou de tudo para atraí-la para a empresa de moda dela, mas Janette é muito tímida e sempre arranja um motivo para fugir dessas ideias da minha mãe.

Por incrível que pareça, Janette é a única mulher adulta com quem consigo realmente desabafar. Eu até contei para ela do meu primeiro beijo no 6° ano. Eca, aquele definitivamente foi o meu pior beijo.

QUEBRA DE TEMPO.

Estava sonhando com carneiros; eu era a loba atrás deles e quase estava pegando o último carneiro quando escuto algo do além chamando meu nome.

— Calma, só mais cinco minutinhos. – Falo babando e logo escuto a voz de alguém que eu reconheço.

— Filha, levante-se, a Janette já está com dor nas pernas de te segurar. – Ele ri.

Vou abrindo meus olhos lentamente, e quando olho para cima, vejo a mulher me olhando e ao lado dela o meu pai me chamando.

— Que horas são? – Passo a mão na boca limpando a baba e vou me levantando lentamente até ficar sentada corretamente, mas encosto minha cabeça no ombro de Janette.

— 15:58.

— QUE? Pai, você precisa me deixar na casa da Antonella, já! – Vou correndo até o elevador, apertando o botão freneticamente.

CONTINUA..

𝓐  𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐂𝐀𝐌𝐁𝐈𝐒𝐓𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora