Capítulo 35 - A visita

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Roseanne


A casa do pai de Lisa não é a mansão que eu esperava que fosse, mas uma casa de arenito em Beacon Hill, que suponho ser o equivalente de Boston a viver em uma mansão.


A área é linda, no entanto. Já estive em Boston várias vezes, mas nunca nesta parte chique dela, e não posso deixar de admirar as belas casas geminadas do século XIX, as calçadas de tijolos, e os pitorescos lampiões a gás que revestem as ruas estreitas.


Lisa mal disse uma palavra durante as duas horas de viagem até a cidade. A tensão vem saindo através de seu terno em ondas constantes e palpáveis, o que só conseguiu me deixar ainda mais nervosa. E sim, eu disse terno, porque ela está vestindo calça preta, uma camiseta branca e um blazer preto. O material caro se ajusta em seu corpo como um sonho, e até a carranca permanente em seu rosto não diminui o quanto ela está gostosa.


Aparentemente, o pai dela exigia que ela se vestisse bem. E quando Phil Manoban descobriu que sua filha estava trazendo uma convidada, ele pediu que eu também me vestisse formalmente, daí meu elegante vestido azul, que usei no show de primavera do ano passado. O material sedoso cai até meus joelhos, e eu combinei com saltos prateados de dez centímetros que fizeram Lisa sorrir quando ela apareceu na minha porta, dizendo que ficaria com o pescoço doendo para me beijar, já que eu estava muito mais alta.


Somos recebidos na porta da frente, não pelo pai de Lisa, mas por uma linda loira com um vestido de festa vermelho que esvoaçava em volta dela. Ela também está usando uma sobreposição preta rendada com mangas compridas, o que acho estranho porque faz uns milhões de graus dentro de casa. Sério, está calor aqui, e não perco tempo tirando meu casaco na elegante sala.


"Lisa", diz a mulher calorosamente. "É maravilhoso finalmente conhecer você."


Ela parece ter trinta e poucos anos, mas é difícil julgar porque ela tem o que gosto de chamar de "olhos velhos". Aqueles olhos profundos e sábios que revelam que uma pessoa já viveu muita coisa. Não sei por que tenho essa sensação.


Nada em sua roupa elegante ou sorriso perfeito sugere que ela passou por tempos difíceis, mas a sobrevivente de trauma em mim imediatamente sente uma estranha afinidade com ela.


Lisa responde com uma voz brusca, mas educada. "Também é um prazer te conhecer...?"


Ela deixa em aberto, e seus olhos azuis claros brilham de infelicidade, como se ela tivesse percebido que o pai de Lisa não havia dito à filha o nome da mulher com quem ele estava namorando.


Seu sorriso vacila por um instante antes de se firmar. "Cindy", ela completa. "E você deve ser a namorada de Lisa."


"Roseanne", eu respondo, inclinando-me para apertar sua mão.


"É um prazer conhecê-la. Seu pai está na sala de estar", ela diz a Lisa. "Ele está muito animado em ver você."


A Tutoria (ChaeLisa) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora