Estágio 1 - Prólogo|Morte

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ᴛᴏᴋʏᴏ

Estava aguardando meu melhor amigo atrasado para a festa de Halloween - que por sinal ele mesmo havia me convidado - com minha roupa de vampira ridiculamente boba, contando com presas falsas e sangue feito de mel e corante na minha boca.

Sigo esperando o querido chegar enquanto minha cara ia no chão por não ter ideia de quem eram aquelas pessoas.

Itadori onde vc está?|

Yuuji: Já to chegando [Nome], tive que passar na casa da Nobara antes, ela ficou sem carona

Haha, tudo bem, mas só pra eu lembrar, tá fantasiado de quê?|

Yuuji: Ghost Face 👻

Certo, chega logo tá? Não conheço ninguém aqui|

Após a última mensagem bloqueio a tela do celular, vendo de canto de olho alguém se aproximando, quando percebo, era ele, com a fantasia do Ghostface, olhando para mim.

_ Ah meu Deus, Itadori! _ Levo a mão ao lado esquerdo do meu peito. _ Quase me matou de susto.

O mesmo segue em silêncio ainda me fitando.

_ Você chegou rápido, a Nobara precisou de carona mesmo ou era "gracinha" sua também?

_ ...

_ O gato comeu sua língua?! _ Brinco, mas logo percebo o quão mais alto ele estava, estranhando. O mesmo ainda seguia calado. _ Tá usando aquele coturno velho de novo?

Me aproximo mais com a falta de resposta.

_ Ei! _ Faço menção em tirar a máscara dele, já irritada com a situação.

_ Hey, [Nome]! _ Escuto a voz de Itadori atrás de mim, gelo ao me virar e vê-lo, junto de Nobara.

_ ... Yuuji? Mas você não estava aq- _ Me viro novamente vendo que a "cópia" havia simplesmente sumido. Travei.

_ Tá tudo bem aí?! _ Kugisaki vem em minha direção, tocando meu ombro e tirando meu transe.

_ A-ah sim! Só tô um pouco confusa. _ Falo ainda olhando para o lado em que aquela pessoa estava.

_ Vai me falar que já tá chapada e nem esperou a gente. _ Itadori sorri chegando mais perto de nós duas.

_ Você sabe que nessa boca aqui não encosta uma gota de alcool, idiota. _ Empurro seu braço, tentando descontrair. _ Bom, deixa pra lá, não foi nada.

Balanço a cabeça ignorando o medo momentâneo e a confusão. Quem quer que fosse, se estava tentando me assustar, tinha conseguido, mas não vou deixar um instante do dia atrapalhar o restante dele.

[...]

Não vi mais o segundo mascarado pela festa, o fato passado se desvincula completamente de minha mente, e no momento que estava tento me enturmar com as poucas pessoas que eu conhecia e estavam lá também, Nobara e Yuuji como sempre eram mais interativos, e eu seguia quieta e esquecida no meu canto. Entre nós estavam Maki e Yuta, com as fantasias combinando de um padre e uma freira, ousado. Eles eram como poesia, para um casal assumido a poucos meses se davam super bem, e eram basicamente a Elite da escola.

Agradeço mentalmente por Mai não estar presente com a gêmea, eu e ela não temos um relacionamento muito amigável, digamos assim.

Seguimos conversando sobre coisas banais do dia-a-dia, como os flertes entre nossos professores, e até mesmo com alunos às vezes. O próprio professor Gojo era um exemplo disso, desnecessariamente bonito, irritante, sem nenhum pudor e vergonha na cara, nem imagino o quanto de professoras - e professores - que ele já não tenha pegado.

Seguindo a conversa vejo Kugisaki digitando no celular, com uma aparência visivelmente nervosa. Me aproximo apoiando minha cabeça em seu ombro.

_ Ele não vem? _ Indago.

_ Sinceramente, eu estou pouco me fodendo para o Fushiguro agora. _ Solta o celular na mesinha de centro.

Nobara e Megumi tinham diversas Dr's, mas sempre reatavam, acredito que por isso ela teve que vir com Itadori, a falta de compromisso do namorado era impressionante. Ela e ele eram iguais a água e óleo, mas como dizem, os opostos se atraem. Sabia que iam se resolver uma hora ou outra.

Após alguns minutos ouvimos ao longe um grito feminino, e vemos uma agitação fora do normal entre os convidados do externo da casa, alguns correndo e outros aparentemente desesperados.

Nos levantamos ignorando nossos assuntos completamente e seguindo para fora, a histeria dos demais estava me deixando ansiosa.

Chegamos ao exterior da moradia, mas preferia nem ter saído, a cena que vi fez o arrependimento ser instantâneo. Era um dos alunos do terceiro ano, também vestido de vampiro, esfaqueado no peito, com a faca ainda cravada lá, o sangue jorrando escorria para a piscina logo atrás, fazendo a coloração da mesma escurecer em um carmesim intenso. Um misto de revolta e incredulidade me domina.

_ É o Junpei. _ Itadori diz com lágrimas nos olhos.

_ O que aconteceu aqui? _ Maki segura o braço de um garoto que passava ao lado, ainda perturbado com a situação.

_ O corpo veio lá de cima... não vi mais nada.

Olhamos para o segundo andar da casa, onde a janela do sótão estava visivelmente quebrada.

Por instinto - o mais burro que fosse - eu segui para dentro subindo até lá, não estava acreditando nisso.

Empurro a porta sem rodeios.

_ Você tá maluca, porra?! _ Nobara arfa por ter me seguido na mesma velocidade que subi, logo atrás Yuta também chega.

_ Não acho bom que a gente mexa na cena do crime... _ O de madeixas escuras diz, tentando acender a luz e vendo que o interruptor estava estragado.

_ A cena do crime ta lá embaixo, e o assassino também pelo jeito. _ Digo após averiguar todo o cômodo sem ninguém, apenas com estilhaços de vidro brilhando no chão.

Andamos pelo quarto escuro com a lanterna de um dos celulares acesa, verificando o mesmo, quando piso em algo que vendo melhor era uma espécie de carta, dizendo "Vampiros morrem com uma estaca fincada no coração".

Minhas pernas bambearam, lembro na mesma hora daquela pessoa que confundi Yuuji mais cedo. Minha visão escurece, e a última lembrança daquele dia foi sentir o chão frio em contato com meu corpo.

Obsessão Assassina - Choso KamoOnde histórias criam vida. Descubra agora