Capítulo único

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A pedido da Sunnysnow, venho assinar a carteira de passiva do Gojo. Boa leitura!


A Lição

Suguru sentiu o nervo em sua pálpebra pular quando teve sua leitura interrompida pela incontável vez naquela tarde. Admitia ter certa parcela de culpa naquele comportamento mimado de Satoru, já que tendia a ceder por no fundo achá-lo uma graça quando o fazia, mas com isso percebia ter criado um monstro.

Revirou os olhos e o livro em sua mão se fechou num só baque alto, interrompendo a fala desenfreada de Gojo, algo sobre ele só ficar naquele livro e nunca dar-lhe atenção. Os olhos muito azuis então o miraram, como se tentasse lê-lo, e o que não costumava ser um real obstáculo para si, passou a ser naquele instante, confundindo-o.

A verdade era que mesmo que por vezes reclamasse do jeito pacato e previsível de Geto, que segundo suas próprias palavras, se comportava feito um monge, Satoru se sentia confortável com isso. Era como se sempre soubesse onde estava pisando, de certa forma, sempre sabendo que reação tiraria do namorado e quais chaves girar caso quisesse um resultado diferente.

Naquele fim de tarde, porém, quando Geto ergueu os olhos negros para si, enquanto fechava o livro entre as mãos grandes produzindo um som pesado, Satoru sentiu o chão sólido sob si quebrar-se lentamente enquanto a sensação de conforto ia embora pouco a pouco e o silêncio se tornava mais perturbador que o mais aterrorizante dos gritos. Ele se sentiu pequeno perante o olhar que recebia, e não se lembrava, em seu grande banco de dados sobre Suguru, que ele pudesse ser tão intimidante, pelo menos não consigo.

— Hm, me desculpe? — Pediu, mesmo sabendo que Geto ainda podia ver a diversão em seus olhos.

O que foi confirmado quando ele estreitou os olhos argutos para si.

Gojo tremeu, o chão terminando de se partir sob si. E tudo apenas piorou quando o namorado sorriu, apenas um repuxar de lábios, deixando o livro em suas mãos sobre a mesa de centro. Ele então sentou-se relaxado no sofá, o mesmo sorriso medonho mantido em seu belo rosto quando disse calmamente:

— Você queria atenção, não é mesmo, Satoru? Bom, o que está esperando então? — Perguntou ao indicar com um gesto de mão que o namorado se aproximasse.

Satoru torceu o nariz, havia alguma pegadinha ali, disso não tinha dúvidas. Mas sua carência após ter sido ignorado quase o dia todo e trocado por um livro enquanto esteve entediado durante aquele tempo fez com que arriscasse. Ele então trocou a expressão desconfiada por uma animada e feliz, como um filhote, e caminhou até que estivesse em frente ao sofá, se jogando sobre Geto no momento em que o alcançou.

— E o que vamos fazer? Podemos assistir àquele filme que eu te disse, lembra? — A voz soou empolgada enquanto ele se distraía com os dedos longos na pele exposta de seu peito na camiseta preta de gola V.

Suguru riu por dentro, sádico. Quase sentiu pena da ingenuidade alheia, quase.

— Hm, acho que não... Na verdade, eu estive pensando durante essa tarde toda enquanto você me interrompia, Satoru, e sabe a que conclusão eu cheguei?

— Não... — Sentiu o corpo estremecer em antecipação, dividido entre sentir-se amedrontado e excitado pelo tom do namorado junto ao seu sorriso perverso.

As mãos de Suguru, antes repousando no tecido do sofá, foram parar na cintura alheia, onde mantiveram um aperto firme enquanto seu rosto se direcionava para a lateral da cabeça de Satoru a alguns centímetros abaixo de si, até que se nivelasse com a orelha coberta de fios brancos.

— Bom, eu cheguei a conclusão de que mimei demais você, entende? E que precisamos corrigir isso o quanto antes, se não quisermos transformar isso num problema futuramente... — A tranquilidade em sua voz profunda era ao mesmo tempo sexy e insana.

A Lição (SatoSugu PWP)Onde histórias criam vida. Descubra agora