Ainda dava para ficar sem luvas no outono? Zoro contestou isso quando sentiu o chão frio de seu quarto ao se levantar. Contudo, abraçava os braços tremelicando por estar sem uma camisa, apenas de bermuda. Ele resolveu procurar seu celular enquanto ainda alisava os seus braços fortes e teve um baque por estar atrasado no estágio.
Vestiu qualquer coisa e não se importou de tomar banho, na verdade, ele não tomaria mesmo se tivesse tempo. Encontrou pelo caminho alguns jovens que participaram da festa que Perona havia dado naquela noite. Grunhiu ao se lembrar que tentou dormir no meio da poluição sonora que sua irmã e seus amigos fizeram na casa.
Cascos de bebidas estavam aos montes largados no chão, vômitos e outras coisas nojentas também.
Suspirou, não chegaria tão cedo em casa para não ver aquela amostra do inferno novamente. Talvez beberia num bar com os colegas.
Ajustou seu cachecol no pescoço e chamou um táxi assim que saiu do portão enferrujado e que causaria tétano em qualquer um que não curtisse uma vacina. Ele entrou no carro, sentindo-se mais quente em seu interior e buscou sua mochila para pegar algo. Era um bloco de notas que sempre carregava consigo, ele leu o endereço do escritório anotado nele antes mesmo do motorista perguntar o destino.
Nova York era uma cidade prática quanto a isso, por mais que tivesse ruas e por mais que fossem cheias, Zoro podia pegar um táxi a qualquer momento por muitos estarem na pista e no seu alcanço. E era só ler os endereços no seu bloco de notas e tudo terminaria bem.
O rapaz tinha o costume de se perder. Perona achava que era algum problema sério, mas ele não esquecia as demais coisas além dos caminhos que havia acabado de passar. E uma cidade como Nova York não ajudava muito com tanta informação e aglomeração, sem dizer de pessoas trambiqueiras que gostavam de testar a boa fé das pessoas. Com certeza, Zoro seria uma que cairia facilmente numa de suas armadilhas.
Era importante ele pegar o táxi.
Por conta disso, Zoro tinha uma rotina rigorosa e que se dedicava para chegar seguro no estágio. Por mais que se atrasasse, ele sabia que não estaria atrasado para pegar um táxi. Só não podia perder o bloco de notas que carregava em sua mochila.
Durante o serviço, Zoro era dedicado. Ele sempre trazia o café para o chefe, tirava impressões e até andava nos corredores carregando uma coluna de papel, também atendia os inúmeros telefonemas e que na maior parte do tempo eram grosseiros. Ele não sabia como ainda tinha psicológico para aguentar tudo aquilo e era exatamente isso que ele pensava enquanto bebia uma água num copinho de plástico ao lado do bebedouro.
No entanto, seus olhos castanhos captaram uma figura que chamava a atenção de Zoro. Era um rapaz loiro de sobrancelha enrolada que fazia estágio também, mas cuidava de outro setor, provavelmente estava ali para entregar alguma papelada. Zoro o achava atraente. Estava de costas e ele pôde observar sua bunda junto de suas coxas torneadas, que tipo de esporte praticava? Não sabia e isso fazia Zoro se lembrar que queria conhecê-lo mais.
Aliás, aquela roupa social caia muito bem no seu corpo esguio e era também bem vaidoso mas, cristo, sua bunda...
Vai de retro satanás!! Mas não tinha culpa quando já fazia um tempo que não transava com um homem.
No intervalo, Zoro descia para o térreo e tentava relaxar na medida do possível, mas sempre encontrava Sanji, o rapaz loiro da sobrancelha enrolada, na ala dos fumantes conversando com outros caras tão atraentes quanto ele.
Jesus, por que não estava numa agência de modelos em vez de estar ali e parasse de perturbá-lo? E o infeliz atraía pessoas bonitas em volta, fora de cogitação Zoro ter alguma chance.
Zoro estalou a língua e se sentiu exausto, apesar de ser jovem e fazer exercícios com certa frequência, mas doía na sua mente quando se lembrava que não conseguia chegar perto e dar uma cantada. Três meses vendo aquele sobrancelhudo com a bundinha mais sexy que não via há tempos e nada.
Seu trabalho de meio-período acabou, estava exausto e doido pra chegar em casa e se masturbar. Não havia dignidade nenhuma na sua vida, obedecia a seu chefe como uma cadelinha e antes de dormir batia punheta. Só esperava que a casa já estivesse limpa e que poderia ter uma boa noite de sono.
No entanto, ao revirar sua mochila pela sexta vez, Zoro entendeu que seu bloco de notas havia desaparecido e tudo dava a crer que ele havia derrubado no táxi de mais cedo. Isso que dá não fechar o zíper da mochila, maldição!!
Puxava os cabelos quando ouviu uma voz de que gostava bastante ecoar pela sala.
— Ah, não sabia que havia ainda uma pessoa no departamento. Pensei que haviam esquecido de desligar a luz, por isso cheguei perto. Mas te deixar na escuridão seria deprimente, não?
De fato, Zoro estava sozinho naquela sala, ele procurou tanto pelo bloco que não viu seus companheiros partindo. Porém, não entendeu o que Sanji quis dizer com "deprimente".
— Como assim?
— Você é estagiário, certo? Eu sei como esse serviço é humilhante por ser um também e pensei que seria horrível finalizar seu trabalho no escuro como se não fosse ninguém.
Zoro ficou surpreso por Sanji saber que era um estagiário — talvez porque carregava no pescoço uma identificação explicando seu cargo —, mas não deixou transparecer.
— E sabe... — Continuou Sanji. — Hoje é sexta, não me chamaram pra beber... eu fui o último a sair da sala também. Só não fiquei no escuro porque ninguém tá nem aí pro mundo e seus recursos naturais.
Como puderam deixá-lo sozinho? Será que ninguém reparou na sua bunda? — Fizeram o mesmo comigo.
Sanji falava ainda no batente da porta do departamento, ele carregava seu terno em um ombro e as mãos nos bolsos da calça — Zoro o achava tão estiloso!!!! — e sorriu novamente para o rapaz de cabelos verdes, que o lembrava de um marimo. — Venha então beber comigo, pode ser?
Zoro assentiu e nem um pouco inseguro, também nem um pouco exaltado. Estava simplesmente calmo, pois não tinha como estar quando ouvia a voz maçante de Sanji e, pela primeira vez, era direcionada aos seus ouvidos.
Como não sabia o endereço de casa — e mesmo que tivesse o bloco de notas em mãos, ainda não recusaria o convite —, deixou que o sobrancelhas o guiasse e ele o levou até seu apartamento depois da ida no bar. Fizeram amor, mas Sanji levou um susto tremendo quando Zoro apalpou com tanta vontade sua bunda.
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Como diz a música... hoje é sexta-feira
HumorEle quase deixou o colega de trabalho na escuridão por achar que a sala estava vazia. zosan