02 - bala de uva

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Amizade; Bem na semana que se passou mais lenta que um velho caracol capengando, Jungwon soube melhor como era. Amizade, começava quando um arriscava dar o primeiro passo na curiosidade de chamar outro para bater um papo de gostos em comum, às vezes nem tanto. Algumas vezes, era ter alguém para caminhar com você de segunda a sexta te fazendo rir mesmo sem assunto e xingando os idiotas que mexiam com si, bem ele achava, já que era isso que lhe acontecia. Mas seja como fosse e o que fosse, Jungwon apenas deu certo espaço para Jay se aproximar e rir das piadas horríveis que o maior contava em meio a alguma reclamação sua, só isso era grande avanço para a enorme sociedade.

Jungwon sempre foi horrível em adaptações, não importava por quais escolas ou quantas ele passasse, era algo que vinha desde quando ele era criancinha, daquelas que correm, pula e gosta de explorar a natureza, mas no meio da turma se isola, não quer e não deixa ninguém se aproximar e olha que já tentaram. A situação era ao ponto da professora mandar bilhetes e mais bilhetes, fazer reuniões até mesmo com seus responsáveis, tentar incorporar o pequeno Yang em atividades que precisava ser em grupo, mas tudo era falho;

É algo que vem desde que morava ainda em Osoleta — cidade a qual nasceu e viveu por bom tempo. Era uma pequena vila, menor que Laranjeiras e era pouco povoada, dava até ar de abandonada, com casas ainda em estilo de construção antiga e com muitas histórias. — mas agora inusitadamente e excêntrico, ele criou uma forma de 'coleguismo' com um rapaz que morava próximo a sua casa. Um carinha que sabia muito bem puxar um assunto meio lelé, fazendo ganhar forma na conversa e fazendo Jungwon deixar de ser tão perdido na própria mente. Jay, podia afirmar que nenhum boato que chegou até ele de Jungwon fazia sentido agora na convivência, nunca o viu falando sozinho, bem já o viu conversando com plantas e um gato, mas isso não era de todo anormal, sempre acabamos falando sozinho em algum momento no natural da vida.

Não demorou muito para Jongseong e Jungwon se achegarem um no outro e sempre voltarem juntos depois de se encontrarem na esquina que separava as escolas; Iam juntos também algumas vezes, até à esquina que se separavam por lados opostos e foi assim a semana inteira.

Até sua tia ficou em choque ao ir cedo pegar as correspondências e ver o sobrinho saindo para a escola na companhia de um rapaz alto, de cabelo castanho e pele meio bronzeada, mostrando que tomou muito sol naquela curta vida e com tamanha beneficiência e simpático, chegava ser bonito. Vendo a cena de Jungwon todo dia saindo para a escola e voltando com o mesmo rapaz aos risos e com papo jogado fora, a mais velha matou a curiosidade perguntando se ele era amigo do mais novo e se o mesmo tinha se adaptado em um canto finalmente, meio incerto afirmou o mais novo, tão chocada com o pequeno, a mais velha ficou e apenas falou para ele o convidar o mais novo amigo para um almoço ou um lanche qualquer dia.

Aquela típica sexta estava levemente mais agradável aos olhos de todos, o céu mais aberto, um pouco azulado, com nuvens brancas espalhadas por toda mansidão do azul, fazendo até uma sombra, ou tentando esconder alguns dos raios do sol, não tinha efeito apenas deixava o clima abafado e para quem fez educação física a pouco correndo para lá e cá, aquilo era horrível. Os raios de sol — mesmo sendo fim de tarde — consequentemente queimavam sua pele no momento de volta, ele sentia e sabia que deixava suas bochechas rosadas, Jungwon tinha noção que era mais pálido que as nuvens do céu e por isso nem se surpreenderia ao se olhar no espelho em forma de lua na entrada de sua casa e se ver levemente vermelho – nem tanto, mas ainda sim igualmente a um camarão, faltando só as anteninhas —.

Jungwon, depois de um dia exaustivo, com o professor explicando o sentido da vida, repleto de perturbação com um comentário idiota ou outro de colegas de sala e colega corredor, colegas... Nem nisso chegavam e bem, o pequeno Yang não ligava tanto para aquele bando de sem noção que fazia questão de o atentar, ele sequer contestava, retrucava. Adolescentes tinha essa grande mania, cismar com algo e se apegar até o fim naquilo para ocultar o quão desinteressante era por si só, ao ponto de precisar de alguém para zoar e usar de papo em um rodinha, amargurados e desesperados por atenção. Por isso Jungwon não ligava, eram só pessoas desinteressantes falando besteira.

Menino Estranho - jaywon Onde histórias criam vida. Descubra agora