24 - Parte II

818 158 147
                                    

Lorenzo Guerrieri

O padrinho tomou um gole de uísque, enquanto olhava para Nicola e Mumú.

— Eu chamei vocês aqui porque quero comunicar  algo importante. Sei que alguns membros importantes não puderam estar aqui, mas irei comunicar mesmo assim. Porém, as pessoas que quero dar o recado estão aqui: Mumú e Nicola.

— Pode falar. — Mumú falou.

— Minha filha Fabrícia está apaixonada por Nicola. E como você é amigo de longos anos da nossa  família e  mesmo Nicola sendo filho bastardo, faço gosto dessa relação. Ela não encontrará um marido melhor. Nicola é fiel igual a você, Mumú.

Mumú assentiu satisfeito.

— Uma honra ver meu filho casado com uma Guerrieri. — Mumú  olhou para Nicola esperando que ele dissesse algo. — Parabéns, filho. É um orgulho.

Fabrizio e Mumú riram, já se preparando para comemorar e se abraçar. Mas, notei que no olhar do meu amigo havia muita tristeza.

Nicola continuou com o semblante triste enquanto eles comemoravam.

— Não vou me casar com ela. — a voz de Nicola quebrou o silêncio do ambiente.

Eles pararam de sorrir e o olharam para Nicola como se ele fosse um ET.

Mumú ficou pálido e pela primeira vez, o vi quase  voar no pescoço do filho.

— Você está ficando maluco, Nicola? — trincou os dentes. — Olha a merda que está fazendo. Está me envergonhando na frente dos meus amigos.

Nicola abaixou a cabeça. Mas Mumú estava muito irritado e por pouco não avançou no filho.

Tio Matteo interviu em defesa de Nicola.

— Acalme-se, Mumú. Deixa o garoto se explicar.

Nicola começou a chorar de repente e todos nós ficamos sem reação. Nicola sempre foi muito sério, centrado e que não se abala fácil. Agora, vê-lo chorando por algo tão banal, me fez repensar se ele está mesmo preparado para trabalhar comigo.

— Não é certo eu me casar com uma mulher amando outra. — murmurou baixinho.

O tio Matteo olhou para Nicola de um jeito como se já tivesse entendido a situação:

— Justo.  Mas por qual motivo ainda não pediu a outra moça em casamento?

Nicola chorou mais.

Depois de alguns minutos se debulhando em lágrimas, ele levantou a cabeça.

Nunca o tinha visto chorar antes. E se ele está assim, significa que essa mulher é  especial. Isso aguçou minha curiosidade.

— Estamos esperando sua explicação, Nicola. — o padrinho falou.

— Nicola. — chamei-o. — Explique-se. Isso é motivo para chorar desse jeito?

— Acontece que essa moça nega minha existência. Para ela eu sou um lixo, um monte de merda. Ela nem me olha. Acho que nem existo. É areia demais para minha caçamba.

— Qual o problema disso? É só caçar outra mulher e pronto. — ri. — Mulher é que não falta. 

Ele me olhou.

— Você diz isso, Lorenzo; porque nunca amou de verdade.

Mumú deu um soco na mesa.

— Já chega, Nicola. Que absurdo é esse? Lorenzo está coberto de razão.

Lorenzo - Série os Guerrieri - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora