Lorenzo - Série os Guerrieri - Livro 4

Capítulo 25

Giuliana de Angelis

O dia mais temido chegou. O dia do casamento. Por incrível que pareça os dias passaram voando para o meu desespero. E aqui estou eu com o coração palpitando de ansiedade e medo.

Um misto de sentimentos tomava meu peito enchendo-o de angústia. Minha barriga doía muito, fazendo com que eu vá  toda hora ao banheiro por causa do desarranjo. A senhorita Beatrice teve que dar um remédio para melhorar a situação.

Por incrível que pareça o sol brilhava com intensidade.

A  empregada trouxe meu café no quarto, enquanto isso três mulheres estão me arrumando e maquiando como se eu fosse uma princesa.

Ontem a senhora Laura me levou no spar, e eu saí de lá me sentindo renovada. Eles fizeram de tudo: massagem, unhas, depilação a laser.

É  estranho ter tanta atenção assim. Mas não posso ser mal agradecida pois a senhora Laura tem sido muito boa para mim.

A única coisa boa disso tudo foi ter conhecido a senhora Laura. Acho que é por isso que não desabo totalmente, porque sei que ela vai interceder por mim. Por isso farei tudo para manter uma boa relação com ela, mesmo que no fundo, meu casamento seja um desastre total.

O casamento acontecerá no jardim da família Guerrieri. Parece que o Lorenzo quer que a cerimônia seja simples e rápida.

Pela janela eu consigo ver a equipe se dedicando ao máximo. O local estava enfeitado com flores naturais, tudo muito luxuoso ao meu ver.

Mas não era para mim, nada disso parece  real.

Faz dias que não vejo o Lorenzo. Parece que está empenhado nos negócios da Cosa Nostra.  Ele  se comunicava com família através de mensagens.

Se pelo menos eu estivesse casando por amor. Mas não é o caso.

Abaixei o olhar lutando contra as lágrimas. Nesse momento escuto o barulho da porta e quando olho nessa direção, vejo a irmã Teresinha e o meu pai entrando.

Parecia ser um miragem. Mas não era.

Eles são reais e vieram para o casamento.

Corri imediatamente para abraça-los e chorei feito criança.

Pelo menos o Lorenzo teve palavra. É um presente de casamento para mim. Só espero não estar me iludindo.

Os conduzi para a mesa improvisada do café da manhã. Eles estavam famintos, isso cortou meu coração.

Papai  também contou que apanhou tanto que ficou cego de um olho. Já a irmã Teresinha por pouco não morreu naquele dia. Isso fez com que meu medo aumentasse em relação a Lorenzo.

Como ele pode ser tão cruel assim?

Uma parte de mim também se sentia culpada por isso ter acontecido. Porque mesmo que eu tente, nunca conseguirei fugir da Cosa Nostra, papai me avisou desde o início.

— Você está linda, minha filha.

Continuei em silêncio. Logo senti as mãos acolhedoras da irmã Teresinha.

— Anime -se, irmã. Não é um velório.

— Prefireria mil vezes que fosse  o meu velório.

— Chega disso, Giuliana. — meu pai falou sério. — Não acha que já sofremos muito? Está se comportando como uma menina mimada.

— Vocês sabem que não faço gosto desse casamento.

— Esse é o seu destino. Sei que falhei com você, filha. Mas quanto mais rápido você aceitar, menos iremos sofrer. Toda a sua rebeldia tem respingado na gente.