Afinal, algum dia seria um homem de verdade? Algum dia o enxergariam como alguém normal? Japão poderia ser trans, mas era mais homem do que muitos.
🪲 | Avisos:
Menções de transfobia, inspirado na música da mitsuki🪲 | Personagens:
Japão (menções de China, Coréia do Sul, Império Japonês e Império Coreano)Aos 6 anos de idade descobri que não era uma garota, e isso não era nenhuma surpresa para mim.
Fui até meu pai e disse isso. Que na verdade eu era um garoto. Meu pai riu, eu me senti ofendido, mas ignorei. Ele havia pensado que por eu ter um espírito tão guerreiro eu acabava achando que era um garoto.
Mas não era isso, não era mesmo, era algo muito mais profundo. Eu poderia ter cotenstado meu pai ali, mas eu era jovem, apenas aceitei o que meu pai houvera me dito.
Mas continuei pensando nisso, pensei muito. E realmente estava decidido, eu realmente era um garoto. Não era por eu não gostar de bonecas como as outras garotas, ou odiar meu cabelo comprido e nem sequer por invejar meus amigos meninos. Era por odiar a imagem de me ver como uma mulher adulta, era por odiar a ideia de estar preso a um corpo estranho que não era meu, era por ter que passar dia a dia sendo olhado por diversas pessoas como uma pessoa diferente de quem eu sou, era por eu não ser eu. Era simplesmente por eu ser um garoto um pouco errado. Talvez muito errado, segundo algumas pessoas.
Decidi não inventar mais ideia e esquecer tudo isso. Porém aos 12 anos, quando meu peitos começaram a crescer, senti algo que nunca havia sentido daquela forma. Era uma dor imensa, uma vergonha, um erro. Um garoto com peitos, aquilo era um escândalo! Me sentia a pessoa mais horrenda do planeta, a mais errada, mais estranha possível. E o pior foi quando percebi que eu e meus amigos garotos não tinhamos as mesmas coisas entre as pernas. Que nenhuma garota se interessaria por mim como se interessava por um "garoto normal".
Agora que meus peitos haviam crescido, não poderia mais jogar futebol com os manos sem camisa. Não poderia mais prender o cabelo e fingir para os outros que era um menino comum. Agora eu deveria aprender a ser uma dama, segundo meu pai.