1964

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Notas da autora: Olá pessoal! Como prometido aqui está o capítulo! Acho que agora vai acontecer algo que vocês estavam esperando rs. Espero que vocês gostem, beijos!

Se encontrarem algum erro por favor avisem!

☆⌒(*^-゜)v

A faculdade era complicada; era seu sonho, mas era desafiador. Você amava a parte artística, mas se tivesse que ler a poética de Aristóteles outra vez, teria um treco. Sua cabeça doía só de tentar entender o que diabos esse homem morto há sei lá quanto tempo antes de Cristo queria dizer.

Seu cérebro buscava qualquer barulho para te distrair daquele livro, por isso você foi correndo atender o telefone logo no primeiro toque.

— Olá? — Disse a voz robotizada atrás da linha.

Aquela voz era tão familiar, tão familiar que doía. Você a reconheceu no momento que a ouviu.

— George? — Você disse com descrença. Não conseguia acreditar, apesar de não conhecer ninguém com a voz minimamente parecida com a de George.

— Sim, sou eu. — Você podia ouvir ele rindo levemente através do telefone. — Faz um tempo, não faz? — Ele disse.

— Você está brincando comigo? Faz o que? Um ano? Quase dois! Agora que é famoso, se esqueceu dos velhos amigos de Liverpool? Estou surpresa que você sequer lembra do meu número! — Você falou isso rápido demais, como se estivesse querendo dizer isso há muito tempo.

Ele riu outra vez. Você podia imaginar aquele sorriso idiota do outro lado da linha.

— Não seja boba, estou tão ocupado com turnês, e eles só me dão um telefonema a cada três dias. E sabe se eu não ligar para minha mãe, ela vai ficar magoada.

Você entendia, mas ainda não achava que justificava não dar sinal de vida por um ano.

— Você me viu na TV? — George perguntou inocentemente. Obviamente, você o viu na TV.

Era estranho ver o menino piolhento com quem você brincava quando criança se tornar uma estrela. Você estava tão orgulhosa dele, apontava para a TV e dizia às pessoas "eu conheço ele", mas Deus, você não tinha percebido o quanto sentia falta dele até agora.

A conversa por telefone durou quase duas horas. Você queria tanto ouvir as histórias de George, queria que ele lhe contasse sobre a América, sobre a fama, e sobre a sensação de estar na TV. Naquele momento, George havia se tornado a pessoa mais interessante do mundo para você. Não poderia se importar menos com seus estudos agora. Quem era Aristóteles perto de George Harrison?

Mas aquele menino bobo só perguntava com tanta curiosidade sobre a sua vida, mesmo que você não fosse a celebridade aqui. Ele queria saber sobre a sua faculdade, sobre seu trabalho. Você ria e dizia a ele: "Minha vida não é tão interessante como a sua agora", mas ele não ligava. Ele só queria escutar a sua voz depois de tanto tempo.

Às vezes, nem falavam; só ficavam em silêncio pelo telefone. Você sentia falta disso, sentia falta de não fazer nada com George. A presença dele já era o bastante, saber que ele estava lá, e que se prestou a te ligar era o bastante.

— E-eu estou indo pra Liverpool. Queria te avisar.

Seu estômago virou quando ouviu isso. Ele estava te avisando que queria lhe ver? Ou ele falou só por falar? Você queria vê-lo, ouvir sua voz calma e serena pessoalmente, não por um rádio de música ou por um telefone.

— Sabe, estou de férias. Sinto falta de casa, da minha família.

Demorou um momento para entender, por conta da voz robótica. Por um momento egoísta, achou que ele queria voltar para ver você.

Do início ao fimOnde histórias criam vida. Descubra agora