1966

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Era uma tarde de sábado tranquila. O sol entrava pela grande janela da sala de estar. Você aproveitava os raios de sol com um chá de canela, e uma música indiana como som de fundo. Estava corrigindo os trabalhos dos seus alunos. Após seu ano sabático, avia conseguido um estágio como professora de artes da educação infantil. A lição de casa dessa semana era desenhar um monstro assustador.

Enquanto você corrigia, não podia deixar de notar um George inquieto caminhando para lá e para cá. Você riu levemente da inquietude do seu marido. Marido, essa palavra ainda lhe dava um quentinho no coração.

Não fazia tanto tempo que vocês dois aviam se casado. Todos os detalhes ainda estavam fresquinhos em sua memória.

George tinha lhe dado a ideia de passar por Liverpool para visitar a família. Você se sentia um pouco insegura quanto a isso, já que não tinha falado com seus pais desde que concordou se mudar para Londres com George. Portanto presumiu que veriam apenas os Harrison e seus irmãos.

Entretanto. A primeira parada que o carro de George fez foi na residência de seus pais. Seu rosto se virou para George em uma expressão confusa. Ele apenas sorriu de volta e respondeu — Eu preciso pedir permissão para uma coisa. — Você achou estranho George ter que pedir permissão para fazer qualquer coisa para o pai da namorada, como se ele tivesse 15 anos outra vez. 

Mas lembrou a si mesma que seu pai era um homem mais ou menos sensato. Ele até podia bater em um adolescente encrenqueiro que queria namorar sua filha, mas ele não tinha tanta audácia para fazer o mesmo com um guitarrista famoso e rico.

— Espere aqui do lado de fora. Eu já volto. — Ele disse enquanto sai do carro. O que deixou você ainda mais confusa. Porque teria que esperar para entrar na casa dos próprios pais?

Você se encontrava encostada na porta do Cadillac Series 62, usando um vestido da Mary Quant. Esperando seu namorado guitarrista famoso terminar de falar, sabe Deus oque, com seus pais. — Cristo, a eu de dois anos atrás, jamais reconheceria quem sou agora. — Você pensou em voz alta. O quão diferente era da menina oprimida que vivia naquela casa.

Depois de ficar longos e demorados minutos esperando. De repente George abre com confiança a porta. O sorriso em seu rosto indicava que seu pai não tinha lhe arrancado nem um dente. Atrás de George estava seu pai, os braços cruzados, porém seu olhar não era tão assassino quanto todas as outras vezes que viu George na vida.

Suas sobrancelhas franziram, conforme George se aproximava com uma das mãos no bolso. E deixou escapar um suspiro surpreso quando o mesmo se ajoelhou diante de você. Era tão obvio agora.

— Desculpa a demora. Seu velho é muito cabeça dura, mas seria teimosia não me deixar casar com você agora. — George tirou do bolso a aliança mais perfeita do mundo. Era clássica e bonita, mas não extravagante e exagerada. Com um pequeno diamante azul e discreto no topo.

George mal teve tempo para pôr o anel adequadamente em seu dedo. Quando as lagrimas escorreram em seu rosto e você pulou nos braços dele.

Agora. Aqui estava você. E seu marido que inseguramente caminhava ao redor da sala de estar.

Você sabia que quando George caminhava inquietamente a sua volta com seu violão. Só podia significar uma coisa, que ele avia escrito uma música e queria te mostrar. Você achava fofo que mesmo sendo um músico famoso, e que vocês eram casados, ele ainda ficava sem jeito quando queria lhe mostrar algo. Podia notar que dentro da cabeça dele, estava pensando como mostrar isso. Será que é bom o bastante? E sempre era, você se sentia honrada em saber que era a primeira a ouvir as ideias de George.

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