Caça e Caçadora

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Por um segundo, ficamos todos parados.

Fito a menina loira nos olhos. É óbvio que ela é a líder do grupo. No total, são 6 carreiristas e eu. Em toda essa enorme arena, eles vieram parar exatamente aqui. Minha falta de sorte beira o absurdo.

Não há dúvidas: eles são os caçadores e eu sou a caça.

— Incrível uma Doze ter sobrevivido ao banho de sangue — comenta um menino de pele escura, segurando um facão — Ela pode ser útil.

— Mason, ela não tem nada a oferecer — a líder faz um biquinho triste enquanto diz isso, depois sorri maliciosamente e pega uma flecha.

Só que antes que dela conseguir colocar a flecha no arco para atirar, algo explode alguns metros atrás de nós. BOOM!

A explosão é grande e levanta uma labareda de fogo mais alta que as árvores. Os carreiristas olham para trás em reflexo. É a minha chance.

Corro desesperadamente. No segundo seguinte, uma flecha raspa minha perna. Sei que eles estão correndo atrás de mim pelo som das armas metálicas balançando. Eles são barulhentos e pesados, mas correm rápido. Viro à esquerda bem no momento que uma lança atinge o lugar em que eu estava a meio segundo antes. O desespero cresce em meu peito. Não posso correr e desviar para sempre.

Solto um grito tão alto que sinto minha garganta arder de dor. Escuto os carreiristas pararem por um segundo, talvez achando que eu fui atingida. Mas o meu plano é outro. Todos os tordos ao redor começam a imitar meu grito. Dezenas de gritos meus ecoam pela floresta ao mesmo tempo. Corro para a direita e dou mais um grito. Sigo na minha corrida desesperada e grito de novo. Agora, num raio de pelo menos dez metros, dezenas de "Maysilees" gritam sem parar. Resolvo parar por dois segundos mínimos para resgatar um pouco de fôlego.

— Mason, o lança-chamas! — escuto o grito da líder, ela está perto. Continuo a correr — Vocês dois vão por ali e vocês dois por aqui. Quebra-Ossos vem comigo.

Olho para a árvore, será que eu conseguiria escalá-la a tempo? Tenho que tentar. Se eu escalar alto o suficiente, talvez eles não me encontrem.

Sem tempo para pensar, corro para a primeira árvore que vejo e começo a subir. Minhas mãos estão suadas e tremem, mas o medo e a adrenalina são tão fortes que me fazem escalar rapidamente, com uma força quase sobre-humana.

Os carreiristas chegam perto da minha árvore. Estou apenas na metade do tronco, mas eles não me veem. Escuto o barulho de uma lâmina batendo na outra.

— Apareça Doze — manda uma voz masculina grossa — Quero quebrar seus ossos.

— Espera, não ouço mais passos — diz uma menina. Pelo som, ela está exatamente embaixo da minha árvore.

Pego um dardo. Além da líder e do menino negro chamado Mason, vejo uma menina musculosa e um menino loiro gigante. Talvez ele pese mais de cem quilos. Eles estão exatamente embaixo de mim. A líder esquenta a ponta do machado com um lança-chamas.

Está na hora da caça virar caçadora. Assopro e disparo o dardo na minha zarabatana.

Quando meu dardo atinge Mason no pescoço, a líder nem espera o corpo dele cair no chão. Ela traça a rota do tiro e rapidamente encontra meu olhar .

O tempo parece desacelerar. No mesmo instante em que ela joga o machado na minha direção, eu pego outro dardo e lanço. De repente, tudo acontece rápido demais. Só tenho tempo de ver o dardo raspar o braço da menina musculosa antes de sentir uma pressão estranha atingir meu corpo.

Olho para baixo e vejo a lâmina do machado enterrada na minha barriga.

Jogos Vorazes: o 2º Massacre Quaternário • Stay AliveOnde histórias criam vida. Descubra agora