Cio

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Luciano, agitado, passa no mercado antes de voltar para casa.

Seu dia foi puxado, ele mal teve tempo de ligar ou mandar uma mensagem para seu namorado, e já está bem tarde para ir vê-lo. Há essas horas, Martín deve ter chegado em sua própria casa.

Eles estão juntos faz um certo tempo, se conheceram em uma espécie de “encontro” entre empresas e estabelecimentos da cidade. Tecnicamente, deveriam ter sido rivais assim como seus chefes. Mas ambos nunca gostaram muito de qualquer tipo de barreira, desde a primeira vez que ficaram naquele dia.

Luciano só precisa comprar macarrão e, talvez, carne, mas para na entrada do estabelecimento enquanto liga o celular, olhando as notificações de mensagens que ele não viu, todas do contato “Tincho <3”.

Antes de desbloquear a tela, se escora na parede pintada de verde, crendo que teria mais privacidade.

— Puta que pariu…

A primeira mensagem dizia que Martín ficaria em casa, logo, Luciano poderia aparecer quando quisesse.

A segunda pedia para que caso Luciano resolvesse ir, era melhor levar preservativos.

A terceira era uma foto, uma foto vinda de um baú de tesouros, provavelmente. Não mostra totalmente o rosto do homem, mas dá pra perceber que ele estava bastante vermelho enquanto se estimulava sozinho, perdido no próprio cio.

Apesar de ser apenas uma imagem, Luciano quase consegue ver os dedos entrando e saindo, totalmente cobertos por lubrificação, pensa que consegue sentir os feromônios do ômega em seu entorno, e escuta nitidamente ele grunhir e gemer, chamando-o.

Trêmulo e se esforçando para espantar o súbito tesão que sente, responde que está comprando as coisas, mas chega logo. Por sorte, o mercado não está muito cheio e os caixas têm pouca fila,mudando de ideia, encontra os preservativos e também compra bife e farinha, já que Martín sempre tem ovos em casa e permite que Luciano use a cozinha.

Por algum motivo, ou talvez intuição, Luciano sente que deve fazer algo a mais para ele.

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Martín mora em um apartamento relativamente próximo ao mercado verde, mas isso só faz com que Luciano se sinta ainda mais ansioso para vê-lo. Droga, a imagem enviada por mensagem acabou torrando os seus neurônios.

O alfa é um visitante frequente do prédio, lembrando exatamente em qual andar deve estar. Sobe batendo a sacola contra a própria perna, brincando com o peso para distrair-se.

— Martín? — Chama enquanto bate na porta, avisando que chegou — Abre aqui, é o Lu.

O estalido metálico soa assim que a frase é terminada, revelando o ômega muito receptivo. Ele parece ter tomado banho, fazendo o cheiro dos seus cabelos úmidos se misturar com os feromônios desprendendo de seu corpo. Isso atiça Luciano ainda mais.

— Meu bem… — Entra já investindo contra Martín, beijando-o rápido — Tranca a porta pra eu guardar a comida de mais tarde.

O homem obedece de prontidão, trancando a porta e pendurando a chave enquanto o outro esvazia a sacola, percebendo que uma ereção já está se formando por conta de tudo ao seu redor.

— Vem comigo, Lucho… Você não sabe como essa bermuda me incomoda.

Luciano ri da voz manhosa do namorado, seguindo-o até o quarto com os preservativos na mão. O cheiro do cômodo está incrivelmente doce e forte, principalmente próximo à cama com uma espécie de ninho nela, revestida por cobertores, almofadas, travesseiros e até mesmo uma camiseta pequena demais para caber em Martín, mas bastante similar à que Luciano perdeu faz um tempo.

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