O Corvo Noturno - 𝐈𝐭𝐚𝐜𝐡𝐢 𝐔𝐜𝐡𝐢𝐡𝐚

Eu sou um monstro

Já faz muito tempo desde que Itachi se juntou às operações secretas da ANBU. Desde que ele se juntou, eu pensei que ele tinha mudado e isso me preocupou mais do que eu me importava em mostrar a ele. Ele era uma sombra de seu antigo eu, seus olhos estavam sempre tristes e ele sempre parecia sério. Ele era taciturno por natureza, mas agora estava quase completamente em silêncio e havia desenvolvido uma tendência a se isolar. Eu não sabia o conteúdo de tudo o que ele fazia, pois era tudo confidencial, mas odiava vê-lo neste estado. No entanto, meus escassas argumentos para convencê-lo a deixar as Forças Especiais e se tornar um simples chunin novamente não eram páreo para os dos Hokage, que pareciam apreciar muito seus serviços.

Por causa de suas missões constantes, nos vimos ainda menos do que antes, mas entendi perfeitamente que ele agora tinha muito mais obrigações do que antes. Então, quando conseguimos nos ver, gostamos e apreciamos mais cada momento. Para mim, passar menos tempo com ele me permitiu ajudar meus pais com a padaria. Algum tempo antes, nosso principal concorrente teve que aumentar seus preços por causa de dificuldades financeiras. O efeito oposto ocorreu; porque estávamos cobrando menos do que ele, tínhamos conquistado de volta a maior parte de seus negócios e estávamos inundados de trabalho. Pedidos e clientes estavam entrando, os negócios estavam bons e meus pais precisavam de ajuda para acompanhar a alta demanda.

Às vezes, quando eu terminava a escola, eu visitava os Uchiha's, mesmo que Itachi estivesse fora. Seus pais estavam sempre felizes em me receber e Sasuke muitas vezes queria me mostrar o progresso que ele estava fazendo. O pobre garoto ficou desapontado por Itachi não poder ensiná-lo mais e passar mais tempo com ele, mas eu gostava de pensar que estava agindo como uma espécie de placebo até que seu amado irmão mais velho retornasse. De qualquer forma, eu gostei de vê-lo se desenvolver em um ritmo incrível para uma criança da idade dele. Esse garoto iria longe.

No entanto, em algumas ocasiões, eu tinha visto os pais de Itachi e Sasuke se trancarem em uma sala com outros membros de seu clã. Os sussurros deles às vezes chegavam aos meus ouvidos, mas por causa do meu grande respeito por essa família que me deu tanto, eu corria para fora de casa antes de ouvir demais e levava Sasuke comigo. O que eles estavam tramando não nos preocupava ou nos interessava de forma alguma.

Nesta bela noite, a magnífica lua cheia iluminou a Aldeia Oculta da Folha com sua luz prateada e pudemos ver como se fosse luz do dia. Eu finalmente tinha saído da loja do meu pai. Naquela noite, eu tinha ficado mais tarde do que o normal para preparar um pedido especial de bolos que tinha que estar pronto para a manhã seguinte. Meu pai, sendo o zeloso viciado em trabalho que ele era, insistiu em ficar ainda mais tempo para tirar um tempo para finalizar tudo, mas me ordenou que fosse para casa. Caminhando devagar, fui para casa, olhando sonhadoramente para o céu estrelado. Desde o final da tarde, um mau pressentimento estava pressionando meu peito, quase me sufocando. Essa apreensão, com o passar da noite, só piorou. Eu não conseguia explicar o que estava acontecendo, mas não gostei nada.

Brincando nervosamente com o anel Uchiha que ainda estava no meu dedo médio direito, entrei no corredor, tirei meus sapatos e acenei para minha mãe, que estava prestes a dormir, e rapidamente fui ao meu quarto para pegar algumas roupas de noite limpas. Com pressa de me livrar do cheiro de pão que estava grudado na minha pele, corri para o banheiro lá em cima para tomar banho.

A água quente e benéfica que começou a fluir sobre o meu corpo me acalmou sem fim. Tomei meu tempo, descansando e aproveitando o momento. No entanto, o desconforto que eu sentia desde antes continuou crescendo dentro de mim e me fez sentir como se o mundo estivesse prestes a entrar em colapso, impedindo-me de aproveitar plenamente o momento.

Quando a água começou a esquentar, eu sabia que era hora de eu sair. Eu rapidamente ensaboei e lavei com xampu. Assim que saí e me sequei, coloquei o pijama que havia escolhido; treze anos, logo aos quatorze anos, eu ainda estava orgulhosamente usando minha boa e velha camiseta Pokemon com Pikachu, Charmander, Bulbasaur e Squirtle. A isso, adicionei um par de shorts de suor curtos, mas confortáveis, que me serviram lealmente há alguns anos. Para o inferno com as camisolas, eu preferia o conforto dessas coisas antigas.