Lara contemplava o vasto panorama da Floresta enquanto o seu coração batia em um estranho, mas confortável, compasso com a pulsação que vinha da terra. As árvores se erguiam como sentinelas milenares, testemunhas de segredos e magias há muito esquecidas. No meio de toda essa exuberância, o Castelo de Ratanabá magicamente se revelava apenas para os que trilhavam o caminho certo - uma estrutura impressionante, onde a pedra antiga se entrelaçava com a vegetação viva, criando uma simbiose perfeita entre o feito pelo homem e a natureza. As torres do castelo alcançavam o céu, envoltas em trepadeiras mágicas que floresciam em cores vibrantes.
A menina era acompanhada por um grupo diversificado de novatos, que compartilhavam a mesma expressão de admiração. Havia cerca de 30 crianças seguindo um coelho rosa gigante por dentro da mata fechada há quase um dia inteiro. Ninguém pronunciou nenhuma palavra durante todo o trajeto, apesar de alguns rostos e expressões demonstrarem certa insatisfação com o esforço físico e mental que o longo e complexo trajeto exigia. Entre eles, João se destacava com seu porte alto e olhar confiante, irradiando uma energia que beirava a competitividade. A maioria do grupo tentava acompanhar seu ritmo. Era assustador ve-lo saltando troncos de arvores com quase tanta força e destreza quanto a do coelho que foram orientados a seguir. Sofia, cujos cabelos dourados e cacheados emoldurava um rosto pensativo, analisava tudo e todos com um olhar pensativo, em alguns momentos parecia com dúvidas quanto a seriedade daquela empreitada. "Seguir um coelho rosa gigante não era mesmo fácil de normalizar", tentava se convencer. Mantendo-se mais distante do grupo ficava Diego, que parecia caminhar numa calçada pavimentada aquela trilha em que Lara já havia tropeçado incontáveis vezes. Seus enigmáticos olhos negros pareciam vigilantes e calmos ao mesmo tempo. Não esboçou nenhuma surpresa quando a um enorme castelo se revelou abruptamente, como nos efeitos especiais dos filmes.
Conforme atravessavam os portões de ferro trabalhado, que se abriam sem qualquer toque, Lara sentia uma energia mágica pulsante no ar, como se o próprio castelo estivesse vivo, respirando e observando os novos alunos. A entrada principal era um espetáculo de arcos e vitrais, retratando cenas de magos antigos e criaturas místicas num impressionante mosaico artístico de histórias e lendas, criaturas e batalhas que Lara não compreendeu muito bem à primeira vista.
Dentro do coração pulsante do castelo, o Grande Salão desdobrava-se em uma majestosa exibição de magia e tradição. Seu vasto espaço era coroado por um teto encantado, um tecido vivo de magia que espelhava o céu noturno em sua infinita beleza, salpicado de estrelas cintilantes e constelações e supernovas em um movimento que parecia eterno. As paredes, expectadoras silenciosas de inúmeras gerações, eram adornadas com estátuas de magos e bruxas ancestrais, cada uma imbuída de poder e sabedoria, suas feições esculpidas em pedra lançando olhares imortais sobre os novos alunos que se reuniam abaixo. As mesas das casas, orgulhosamente dispostas pelo salão, exibiam seus emblemas distintos, emblemas de honra e história que brilhavam sob a luz das tochas encantadas.
No momento em que o nome de Lara ressoou pelo salão, um silêncio reverente se instalou. Uma luz suave brotou de um artefato de tempos imemoriais, uma esfera de cristal enigmática que flutuava serenamente acima da mesa dos professores. Essa esfera, pulsando com um poder antigo, liberou fios de luz que dançavam no ar, tecendo ao redor de Lara um casulo de luz que pulsava com a energia da casa Coração de Jaguar. A luz, em sua dança mágica, formou o padrão icônico de um jaguar majestoso, símbolo de coragem e lealdade, antes de se estabilizar em uma aura que a envolvia, marcando-a como membro desta nobre casa. Uma maré de emoções transbordou em Lara, trazendo uma mistura de honra, expectativa e um frêmito de nervosismo ante a ideia de pertencer a uma linhagem tão distinta.
À medida que a cerimônia avançava, Lara testemunhou seus novos amigos, João, Diego e Sophia, serem acolhidos pela mesma casa, sob o olhar atento do jaguar protetor que servia de emblema à sua nova família. Em meio a aplausos e sorrisos, cada aluno era chamado, formando novos laços sob os estandartes das suas casas: Asas de Harpia, Escama de Anaconda, e Presas de Lobo. Era uma visão de unidade e diversidade, refletindo as personalidades únicas que cada aluno trazia para o tecido da escola. Lara, observando os sorrisos satisfeitos e olhares de determinação entre seus colegas, começava a perceber as linhas invisíveis que conectavam cada pessoa a sua casa, um espelho das qualidades que começava a discernir em cada um de seus novos companheiros de jornada mágica.
Após o término da cerimônia, os estudantes se reuniram para o jantar, um banquete que apareceu magicamente nas mesas, oferecendo uma variedade de pratos exóticos que encantaram todos os sentidos. Lara sentou-se com seus colegas de casa, trocando histórias e rindo, enquanto a noite avançava.
Enquanto se dirigia para o dormitório de sua casa, Lara sentia uma mistura de exaustão e excitação. Ratanabá era mais do que uma escola; era um portal para um mundo de magia e mistérios, e ela mal podia esperar para explorar cada canto, cada segredo que ele escondia. Deitada em sua cama, com a luz da lua filtrando através da janela e iluminando as antigas tapeçarias nas paredes, Lara sabia que sua vida estava prestes a mudar para sempre.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Chamado Da Magia
FantasyEm "O Chamado da Magia", o leitor é transportado para um mundo onde a antiga magia da Floresta Amazônica se entrelaça com o destino de jovens bruxos em Ratanabá, a prestigiosa escola de magia da América do Sul. A história segue Lara, uma jovem bruxa...