Capítulo l

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"Não a saudade, se não houver morte"

Antes que pudesse me levantar para que meu corpo pudesse sentir o vento frio de minha janela , que estava a clarear meu quarto por inteiro deixando com que a Luz pegasse em meu rosto, me causando um desconforto imenso, sentia minha pele quente e meus olhos cansados da noite passada.


Não que aquela manhã fosse diferente das outras, queria um fosse diferente, que tivesse uma mudança, mas da minha própria parte eu não fazia absolutamente nada para mudar. Antes de me levantar eu olho diretamente para o relógio ao lado da minha cama.

De fato atrasada eu me levanto com lençóis e tudo, tento correr em direção ao banheiro onde deixei minha roupa a noite passada , nada diferentes dos outros dias . Me visto rapidamente e corro para a sala.


- Porra! Cadê a minha bolsa? - Grito para mim mesma enquanto desarrumo as almofadas do sofá, que por descuido já estava velho, Lembro-me de ser da época da minha mãe, ganhei de presente quando me mudei pela primeira vez.


Lembro de como se fosse hoje , eu entrando pela porta principal, com a chave em minhas mãos, e apenas tinha minha bolsa , eu e minha bolsa , apenas aquilo , passei uma semana me arrumando na casa da minha mãe , e ainda me senti péssima quando ela jogou toda a culpa em mim, apenas por um erro do passado.


Uma coisa que gosto de lembrar em todas as manhãs é que eu não dependo dos outros. Mesmo que seja tudo difícil para mim, eu ainda estou de pé. Finalmente achei a minha bolsa depois de pensar demais.


Corro pegando minhas chaves e apenas saio com pressa , em minhas mãos tinha papeis importantes para entregar ao jornal, correndo sem fôlego eu vejo a movimentação humana ,penso assim como se não fosse uma delas. Não me sinto humana na verdade, tenho sentimentos e sou livre porém estou presa em uma sociedade totalmente capitalista.


E ótimo acordar de manhã e pensar que a desigualdade só aumenta e que tem pessoas lutando pelo seu trabalho, para no fim morrer sem dinheiro, queria que tudo que escutei na infância fosse verdade , estudar e ser rica, era isso que eu pensava. Mas acabei dependendo de um trabalho em que eu trabalho mais que os outros e recebo pouco.


Com o sol já esquentando eu ainda continuo a correr até chegar na esquina de uma empresa de jornal, onde eu trabalhava feito escrava. Paro perto de uma árvore com minha franja batendo em meu rosto, suada , percebo que minha roupa está toda suja de suor e meus cabelos estavam bagunçados como ontem.


Dou um passo a frente e entro , sentindo o vento frio bater em meu rosto, me causando uma sensação térmica, o quente do meu rosto se bate com o frio do ar-condicionado, causando um desconforto.


- Bom dia, atrasada! - Uma voz nada confortante de se escutar de manhã cedo, mesmo que não seja sete horas em ponto, eu considero as oito para nove cedo.

- Oi Clarice, já veio me incomodar?


Os olhos pretos confusos me olha com rancor , eu suspiro tentando recuperar meu fôlego.


- Para sua sorte não, lembre-se de deixar a entrevista na minha mesa , e só para deixar claro. Na próxima vez em que você se atrasar , eu reclamo para o chefe.


- Ok.

Vejo ela passar por mim com ódio, sinto sua ira forte se bater com a minha, seu jeito rancoroso e egoísta deixa a manhã de qualquer um ruim. Não sei como ainda não sai aos tapas com ela , ela me lembra aqueles personagens de séries.

Adorada pelo diabo Onde histórias criam vida. Descubra agora