Na linha - uma história de JenLisa

CAPÍTULO 7 - Fair Play

[JENNIE]

De uma coisa eu tinha certeza naquele instante, meu coração iria explodir a qualquer momento. Kai tinha aquele efeito sobre mim, nunca imaginei que voltaria a vê-lo e estar naquela situação, com ele visivelmente bêbado me segurando contra o carro.

— Não consigo respirar — tentei falar quando senti a crise nascer — Por favor. — ele riu e chegou mais perto.

— Confessa que sentiu falta de mim — senti seus lábios encostarem na pele nua do meu pescoço, minha respiração acelerou e o tremor tomou conta do meu corpo, tentei empurrá-lo, mas ele era mais forte e tudo aquilo virou um jogo de conquista.

— Ela mandou você soltar, Kai! — Uma voz ecoou atrás dele o puxando com força.

Como estava bêbado, ele acabou não se aguentando nos próprios pés e caiu no chão, eu estava tremendo.

— Ele fez algo? — a vizinha perguntou me olhando de cima a baixo, mas sem se aproximar, neguei e ela virou pra ele — O que pensa que está fazendo?

— Não é da sua conta, La Lisa — ele falava em tom de deboche —  Estou me resolvendo com minha namorada, ou quer roubar ela de mim também? Não seria a primeira vez, não?

Ela me olhou novamente, mas meu desespero deveria estar tão visível que algo mudou em seu rosto.

— É melhor sumir daqui ou eu mesma irei chamar a polícia. — ele levantou cambaleando e a xingando, mas se afastou. Quando desapareceu, ela disse sem virar pra mim — Ligue para Rosé vir te encontrar, vou cuidar para que ele não te atormente por hoje.

A vi saindo sem olhar pra mim e senti meu chão desabar, ela conhecia Kai e ainda assim me defendeu. Ainda assim, vi aquela sombra passar por seus olhos, quando notou meu medo, quando percebeu que olhei para Kai com o mesmo olhar que dei a ela nas escadas. Ela se afastou e não consegui falar nada, não consegui agradecer, não consegui me mover.

Quando os dois sumiram, entrei no carro e fiquei ali, chorando e querendo sumir. Depois de um tempo consegui ligar o carro e dirigir até em casa, mas quando cheguei não consegui subir.

Então fui para a área de lazer do condomínio, colocar os pés na piscina e pensar um pouco sobre o que havia acontecido. Queria mergulhar, mas a piscina era mais funda e eu não sabia nadar. A chuva começou fraca e conforme as gotas engrossavam eu apenas as deixava correr pelo meu rosto, sabia que não deveria ficar tanto tempo ali, mas perdi a noção do tempo.

Meus ossos estavam doendo um pouco por ficar tanto tempo na mesma posição na chuva fria, alguém estava se aproximando, então resolvi levantar e voltar para casa, não queria explicar o que estava fazendo ali, mas assim que fiquei em pé, minha pressão caiu e fiquei completamente tonta.

[LISA]

Ela caiu na piscina e meu coração ameaçou sair pela boca quando percebi que não estava voltando. Então mergulhei até onde vi que estava, envolvi meus braços em volta do seu abdômen e tomei impulso para subir novamente.

A tirei da água, mas ela não reagia, a chamei algumas vezes, mas Jennie não deu nenhum sinal, comecei a mesclar entre a massagem para reanimação e respiração boca a boca, foi quando ela estremeceu inteira e vomitou o que havia ingerido. A chuva estava muito forte e ela tremia. Seus olhos encontraram os meus, assim que conseguiu voltar a si.

— Rosé não pode me ver assim — foi a primeira coisa que me disse desde que cheguei sem ser um xingamento, considerei um pequeno avanço.

— Vamos pra minha casa, você se seca e depois vai pra sua.