𝖈𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗 4

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⠀⠀SUE CLEARWATER suspirou profundamente enquanto remexia o ensopado de carne que fervia na panela a fogo baixo

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⠀⠀SUE CLEARWATER suspirou profundamente enquanto remexia o ensopado de carne que fervia na panela a fogo baixo. O tic-tac incessante do relógio acima do fogão, pregado na parede, parecia ecoar pela casa e a distraia de seus pensamentos. Do lado de fora, o céu, embora nublado, estava claro. O dia ensolarado trazia uma brisa quente, mas ainda assim muito bem-vinda para os moradores de Forks. As chances de chuva pareciam mínimas naquela manhã e Sue agradeceu mentalmente por isso. Com certeza isso vai deixá-lo animado, pensou enquanto manuseava a colher, provocando redemoinhos no caldo do ensopado.

O barulho da TV sendo ligada chamou sua atenção, olhando por cima do ombro, ela viu Charlie se aconchegar no sofá. Desanimado, ele puxou a coberta para mais perto, cobrindo o corpo abatido e desnutrido. Ele parecia um fantasma. Sue desviou o olhar para o ensopado, sentindo as lágrimas se acumularem em seus olhos. Ela piscou freneticamente para espantá-las, não querendo que ele percebesse que ela estava chorando. De novo.

Ela desligou o fogo quando percebeu o cheiro de queimado chegar às suas narinas. Bufou, frustrada consigo mesma. Ela esticou a mão em direção à pia e pegou um prato fundo no escorredor e serviu um pouco do ensopado, enchendo-o. Satisfeita, Sue caminhou em direção à sala, com o prato em mãos. O vapor e o cheiro delicioso de carne preencheram o ar, chamando a atenção de Charlie. Sorrindo, Sue depositou o prato na mesinha de centro.

ㅡ Vou buscar os talheres.

Voltou para a cozinha, indo procurar pelos talheres. Não foi difícil encontrá-los, já que ela estava familiarizada com a casa. Retornou para a sala, onde encontrou Charlie ainda sentado no sofá, os olhos fixos na TV. O jogo de futebol, embora fosse seu esporte favorito e os Gators estivessem jogando, não parecia atraí-lo como fazia antigamente. Ele continuava inexpressivo, como se sua mente estivesse vagando em outro lugar. E talvez estivesse, ela imaginou.

ㅡ Aqui está. ㅡ depositou os talheres ao lado do prato e o fitou. Suas olheiras pareciam ainda mais profundas e escuras do que a noite anterior. ㅡ Tome cuidado, continua quente.

Ele sequer a ouviu, inexpressivo como uma estátua. A única diferença era que ele ainda respirava. Seu motivo de viver já não existia mais, e Sue lamentava-se por isso. Desde que perderá a filha, Charlie se perderá. Simplesmente deixou de viver para si. Não comia, não dormia e não saia de casa – vivia trancafiado em seu quarto, bebendo e chorando, se lamentando, cheio de culpa. Como consequência, acabará perdendo o seu tão amado emprego como chefe de Polícia. Harry, Billy e Jacob tentaram ajudar no começo, mas nada parecia tirar o homem de seu luto. E com a morte inesperada de Harry, ao sofrer um ataque cardíaco, só pareceu piorar as coisas. Foi quando Sue decidiu ajudá-lo. Cuidar dele não era uma tarefa difícil, e isso também a ajudava a superar a morte de seu amado marido, porque ela entendi como Charlie se sentia. Ambos compartilhavam a dor da perda. A diferença era que Sue continuava vivendo, lutando todos os dias para superar a dor que a morte de Harry havia lhe causado, enquanto Charlie se afundava cada dia mais na dor de ter perdido a única filha.

𝗙𝗥𝗢𝗠 𝗗𝗨𝗦𝗞 𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗗𝗔𝗪𝗡 | ʳᵒˢᵃˡⁱᵉ ʰᵃˡᵉ.Onde histórias criam vida. Descubra agora