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Raven Phillips.

... Agora foi.

Antes de chegar na delegacia, algemei o bandido e coloquei ele no meu carrinho.

Espero que depois de todo esse esforço, eu tenha uma promoção.

- E aí, Malcolm? Peguei o bandido! - falei animada e joguei o homem contra o balcão.

- Fico feliz por você, meu amor. Mas o delegado mandou você ir pra sala dele quando chegasse - falou com uma feição preocupada.

- É hoje, Malcolm, eu tô sentindo - entreguei o bandido pra outros oficiais e segui pra sala do chefinho.

Quando entrei na sala, Patrick estava me olhando com uma expressão neutra.

- Mandou chamar, delegado? - disse segurando a porta.

- Entra, Phillips - pediu e eu me sentei à sua frente.

- O que você queria falar comigo? - perguntei apreensiva.

- O que você fez hoje foi algo...

- Incrível, eu sei - o interrompi.

- Foi desonroso. Você abandonou seu posto, colocou pessoas em pânico, botou o povo em risco, passou a frente de colegas seus que já estavam atrás do bandido, mas devo admitir a sua coragem.

- Muito obrigada, delegado Fiore - ele me encarou com ódio.

- Coragem pra ser completamente irresponsável e desvairada você teve, pra ser um pouco justo você impediu que ele roubasse 30 barras de chocolate - me mostrou a sacola.

- Esse cacau é ótimo, vem da mais pura plantação do país. Eu já tinha lido o rótulo, entendo dessas coisas, sabia que meus pais são donos de uma plantação no interior? Entendo muito de agronomia - comentei distraída.

- Eu não quero saber! - falou rude.

- Olha, chefe, eu peguei o bandido, é o meu trabalho fazer isso.

- O trabalho que eu te designei foi como guarda de trânsito.

O rádio dele tocou.

- Fiore, tem uma senhora desesperada querendo falar com o senhor.

- Agora eu não posso, Malcolm - respondeu e desligou o radinho.

- Senhor, você viu o que eu fiz hoje. Tenho certeza que se o senhor me der um pouco de confiança eu posso ajudar naquele caso dos desaparecidos.

- Você acha que eu posso colocar você numa posição de extrema importância como essa? Você acabou de chegar, não tem experiência.

- Pelo que eu saiba, experiência só se adquire vivendo.

- Sabe que ninguém me perguntou o que eu achava quando trouxeram você pra cá, sempre achei uma péssima ideia, mas agora tenho certeza.

Ouvir isso me deixou muito desconfortável.

- Senhor Patrick, por favor, me escuta - uma mulher invadiu a sala como se estivesse voando.

- Me desculpa, chefinho, eu não consegui alcançar ela a tempo - Malcolm chegou logo depois.

Mas abandonou a sala sem fôlego algum.

- Senhora Patton, já falamos sobre isso, estamos investigando o desaparecimento do seu marido.

- Meu marido está desaparecido há duas semanas, tinha um emprego e dois filhos. Jamais desapareceria assim, alguém fez alguma coisa com ele.

- Nossos detetives estão ocupados demais.

- Por favor, deve ter alguém que possa cuidar do caso dele.

- Eu posso! Eu posso encontrar seu marido - falei me oferecendo e vi seus olhos brilharem.

- Meu Deus, muito obrigada, você é um anjo - ela correu pra me dar um abraço. - Eu tenho essa foto dele, se for te ajudar.

- É claro que ajuda, senhora - peguei a foto das mãos dela.

- Traga ele de volta pra casa, por favor - pediu.

- Senhora Patton, espere lá fora - o delegado abriu a porta.

- Claro, muito obrigada, mocinha - a porta foi fechada e Patrick se virou pra mim.

- Está demitida - falou sem mais nem menos.

- O que? Por quê?

- Insubordinação, você foi desobediente demais durante o tempo que esteve aqui.

- Você não pode fazer isso comigo.

- Não só posso como fiz.

-  Eu já peguei o caso dela, já estou comprometida.

- Só quem pode cuidar disso é um detetive e você é guarda de trânsito, ou seja, não pegou nada.

- Essa senhora pode entrar com um processo contra vocês, sabia?

- Que entre. Agora eu vou abrir essa porta e você vai pedir desculpas, dizer que é uma ex agente que é louca e que não pode pegar o caso dela - abriu a porta.

- É verdade que a oficial Phillips vai cuidar de um novo caso? - a vice-prefeita perguntou e eu me surpreendi.

- Vice-prefeita Bell Martins? - ele perguntou surpreso como eu.

- O prefeito vai ficar tão feliz quando souber - pegou o celular digitando algo na tela.

- Por favor, não conte pra ele ainda - ele pediu preocupado.

- Ops, já enviei - passou por ele e segurou as minhas mãos. - Diria que o caso está em ótimas mãos, nós mulheres devemos estar sempre unidas, não? - eu sorri.

Com certeza vou depositar o resto de esperança que eu tenho nela, que mulher incrível.

- Sim, como imãs, com certeza - ela riu.

- Gostei dessa, qualquer coisa me liga, tá? Tem uma grande amizade na prefeitura agora. Vamos? - perguntou pra senhora Patton.

- Vamos, sim!

- Tchau tchau, quero novidades, hein! - falou antes de ir.

- Muito obrigada - a porta se fechou novamente.

- Você tem 48 horas e nada mais.

- Isso! - comemorei.

- Dois dias pra achar Kim Patton é mais do que o suficiente, e se não conseguir dê adeus ao seu emprego.

- Ok, chefe Fiore, não vou te decepcionar - abracei ele.

- Agora vai, o oficial Blanco fornecerá as informações sobre o caso.

- Tá, muito obrigada, chefe! - finalmente saí daquela sala respirando fundo.

É a minha única chance.

continua...

Voltei, vidas.

Amanhã tem mais e prometo não sumir de novo.

ttk: editscarvalhomia.

O Golpista De GreenmallOnde histórias criam vida. Descubra agora