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A PRESA.

E hoje começa uma nova vida para mim, o dia mais esperado. Minha mudança. Hoje vou oficialmente mudar-me para a cidade em que cresci e passei parte da minha vida.

Ravenwood é uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde vivi parte de minha infância e adolescência junto aos meus queridos avós. Infelizmente, meus avós morreram há algum tempo. E, obviamente, isso me abala pra caralho, mesmo depois de dois anos.

Antes de meus avós partirem, deixaram-me uma herança, que de certo modo é valiosa, mas para mim tem um sentimento bastante especial que vai além de qualquer valor material. O mais antigo e misterioso casarão da pequena cidade, o famoso Casarão Sanches.

Considerado o mais antigo de Ravenwood, o Casarão Sanches tem uma aparência vintage e se destaca por sua arquitetura decadente, com detalhes ornamentados que revelam a passagem do tempo. As janelas, enegrecidas pelo tempo, emanam uma aura misteriosa. A pintura descascada revela camadas de histórias antigas, enquanto trepadeiras retorcidas abraçam a estrutura, conferindo-lhe um toque sombrio e romântico. O rangido dos degraus de madeira ao subir a escadaria ressoa como um eco do passado, dando ao ambiente uma atmosfera enigmática e cativante.

E eu amo isso. Pra caralho.

Sabe, sempre adorei a estética desse casarão, sinto-me confortável com o leve toque sombrio e romântico que ele exala.

Por outro lado, a mamãe nunca gostou, diz que acha extremamente feio e que deveria ser feita uma obra para a modernização do local. Mas nunca vou deixar isso acontecer, minha avó deixou essa responsabilidade em minhas mãos em seu leito de morte e me fez prometer que ninguém movesse um tijolo sequer daquele casarão. Então, cumprirei com minha promessa e não vou deixar minha mãe tocar um dedo sequer naquela casa.

Quando criança, meus avós sempre me contavam histórias sombrias sobre o Casarão Sanches, e eu amava. Principalmente a vovó, ela contava que ali viviam fantasmas e monstros assustadores que saíam das sombras e vinham assustar os moradores do casarão. O intuito dela era me causar algum medo, eu creio. Mas em vez de ficar assustada, aquilo me encantava.

Mamãe diz que sou estranha por gostar de coisas que envolvam o sobrenatural desde pequena. Mas isso realmente me fascina, mistérios, casos paranormais e filmes de terror, é claro.

Minha melhor amiga também me acha um pouco estranha. Katie. Nós somos melhores amigas desde a infância, mas infelizmente, quando me mudei para a capital com meus pais, nos separamos, e isso me abalou muito. Mas eu e Katie sempre dávamos um jeito para passar o final de semana juntas, até que mamãe me proibiu de vir ver a Katie em Ravenwood. Passei semanas trancada no quarto, só saía para me alimentar e fazer minhas higienes pessoais. Mas Katie e eu felizmente demos um jeito de nos falarmos todos os dias através de vídeo chamada. E agora que estou de volta, mal posso esperar para vê-la.

Neste exato momento, me encontro dormindo tranquilamente, até que desafortunadamente minha mãe bate a porta do meu quarto. " — Callie, abra essa porta agora mesmo!" - Minha mãe ordena com um tom autoritário em sua voz, que exala arrogância. Ainda tentando processar onde estou, levanto-me vagarosamente e vou em direção à porta enorme à minha frente.

Lentamente, abro a porta e me deparo com ela me fuzilando com seus olhos azuis penetrantes. " — Bom dia, mamãe, obrigada por me fazer acordar em plena segunda-feira às..." - Olho ao relógio instalado em minha parede ao lado da porta. " — 6:30 da manhã." - Dou um leve sorriso de canto a mesma, para tentar esconder a raiva que estava sentindo naquele exato momento. Ela olha para a minha face com um olhar de desaprovação. " — Precisamos conversar." - Ela diz, e sem ao menos pedir minha autorização, ela invade o meu quarto. Reviro os olhos para a atitude da mesma.

Ela entra e anda poucos metros até perto da minha cama e senta-se. Fecho a porta atrás de mim e vou até ela. " — Olha, Callie, eu pensei muito essa noite, mal consegui dormir, e por favor, eu quero pedir para você não ir para Ravenwood. Fique aqui. Este é o seu lar." - Ela diz, quase em um tom de desespero em sua voz, que agora não exalava tanta arrogância assim.

Reviro os olhos e rebato sua fala. " — Mãe, não tente me impedir, eu não sou mais uma criança para ser controlada por você, já sou maior de idade e sei muito bem o que fazer. Então, não tente me proibir." - Bato os pés, e vou em direção à porta. " — Agora, por favor, saia." - Abro a porta em minha frente e indico com a mão para a mesma sair.

A mulher se levanta da minha cama e anda até mim. Logo, me olha com um olhar de desaprovação e tristeza? Bem, é o que parece. " — Olha, Callie, você já é adulta, sabe o que quer, mas se algo acontecer com você, não diga que não alertei." - Ela sai me olhando uma última vez.

Fecho a porta, e o ato agressivo faz um barulho estrondoso, e a porta estremece. Nunca tive uma boa relação com minha mãe. Sempre querendo controlar minha vida. Que saco. Mas a partir de hoje, isso vai mudar. Hoje começa uma nova fase.

Ravenwood, eu estarei de volta. Meu verdadeiro lar. Em breve, uma nova vida longe de qualquer caos, eu sinto.

𝐌𝐘 𝐒𝐇𝐀𝐃𝐎𝐖 - Tom kaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora