Capítulo Único

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Notas iniciais

Internet tá péssima então tô correndo pra postar ainda hoje hahaha

Essa fic foi um presente pra deusa LarissaShimizo, essa mulher perfeita que eu admiro demais 💖💖💖

Tema: Música que te lembra da infância
Música: Velha infância - Tribalistas (não é porque tem infância no título não, viu? Eu realmente escutava mto na época que lançou chiquitistas como tema de Karol e junior huehuehue)

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O característico frio de inverno deixava as ruas desertas e compelia as pessoas a fazerem como os bons velhinhos que sempre criticaram; estarem deitados e encobertos em suas camas antes mesmo do horário nobre.

- Vamos pra cama, amor? - Marco chamou, já levantando-se. Estava no sofá assistindo a novela das noves ao lado do marido, como de praxe, e junto ao seu fim, seu relógio biológico já começava a anunciar a chegada do sono. - Vou ir escovar os dentes, pode ir levando as coisas pra cama?

- Claro, já estou indo - Ace comentou acompanhando-o e dando-lhe um selinho antes de voltar ao móvel acolchoado, juntando os cobertores e travesseiros que havia trago.

Quando Marco sumiu pelo breu do corredor, Ace esperou alguns segundos até ouvir a porta do banheiro se fechar e sorriu travesso.

Correndo para o quarto, jogou os objetos na cama e sorrateiramente abriu as portas do guarda-roupas, caçando no meio do montinho de roupas da gaveta um pote com alguns doces de chocolate recheado.

Céus, como sentia falta de um bom chocolate quente nessa época de frio! Mas como o marido tinha diabetes em decorrência do histórico familiar e açúcar não podia ser algo muito frequente nas refeições, a pequena formiga que residia em Ace sofria sem seu vício. Não que não pudesse comer doces apenas por Marco ser diabético, mas preferia evitar para não deixar ele se sentindo mal por não poder comer mais.

Porém, enquanto apreciava um dos chocolates, não passou despercebido o conteúdo do pote pouco abaixo da metade. Certo que eram doces grandes e retirar um deixava um grande espaço vazio, mas tinha o costume de comer apenas um único por noite - afinal ter diabetes e ficar sem seus doces de vez não era sua intenção, mesmo que sua estratégia para evitá-la não fosse das melhores - e a capacidade do pote era o suficiente para passar o mês, sem contar que ele não costumava deixar as cascas tão a vista assim.

Já havia dado falta algumas vezes, entretanto achou que era coisa da sua cabeça ou até que estivesse comendo a mais e esquecendo que comeu. Só que agora tinha certeza que estavam lhe roubando, e precisava descobrir o autor do crime!

- O que está fazendo? - Ace ouviu a voz de Marco chamá-lo de repente e assustou-se, dando um pulo de susto e tentando desajeitadamente guardar o pote na gaveta logo em seguida enquanto virava para ele com as bochechas ainda cheias. Droga! Ficou tão focado na falta dos seus doces que nem reparou quando Marco deixou o banheiro. - Não precisa esconder os doces.

- O que? Eu... - Tentou falar com certa dificuldade, mas não havia muito o que fazer. Havia sido pego no flagra. Fez biquinho depois de engolir o último pedaço do chocolate. - Droga, desculpa por esconder, eu não queria que você se sentisse mal.

- Eu sei, mas não se preocupe, Ace. Eu já me acostumei a não poder comer tantos doces, não é tão ruim assim.

- Espera, você já sabia?

- Era meio óbvio, amor - Marco riu com a careta confusa de Ace e retirou os óculos, guardando-os na mesa de cabeceira, sentando-se na cama. Era adorável a maneira como ele não queria que ele se sentisse mal por não poder consumir mais com tanta frequência o que ele julgava tão imprescindível em sua rotina e até fazia um esforço para diminuir o consumo e não fazê-lo "passar vontade". - Eu sempre sentia o gosto nos seus beijos de boa noite, e eu até reclamaria dessa sua péssima higiene de só escovar os dentes quando acorda e depois do almoço, mas até que é bom, é uma maneira de voltar a poder provar um pouco mais de açúcar.

- Aawn - Ace gemeu, achando uma graça como Marco considerava aquele seu ato. Contente, foi até ele, que rapidamente se prontificou a ficar de pé para Ace passar os braços por seu pescoço e lhe dar um beijinho suave. - Hm, espera! - o moreno pediu, voltando seu foco à questão que estava intrigado-o mais cedo. - Meus doces estão sumindo. Não foi você, foi?

Marco negou com a cabeça, ainda segurando-o pela cintura. Depositou um beijo na bochecha de Ace antes de pegá-lo nos braços, levando-o para a cama com um sorriso.

- Por que não esperamos mais um pouco e dormimos mais tarde hoje?

E assim fizeram, apagaram as luzes e ficaram à espreita por alguns minutos, abraçados apenas aproveitando a companhia um do outro em meio ao silêncio enquanto o sono não os obrigasse a dormir.

Ace estava tranquilo com os afagos que recebia sob o calor e conforto dos cobertores até escutar passos leves se aproximarem e logo mais o rangido lento da porta se abrindo. Por pouco não estragou tudo, mas Marco foi mais rápido em tapar sua boca antes que deixasse escapar algum ruído.

Em seguida ouviram a gaveta rolando. Marco pegou o celular na cômoda com a mão livre, já que o interruptor estava mais distante, e passou para Ace que, assustado, ligou a luz da lanterna, gritando assim que a outra presença no quarto foi iluminada.

Uma vozinha fina gritou de volta, fazendo Ace gritar mais ainda por cima até perceber que, encostada na madeira do guarda-roupas, estava Tama, também assustada.

- Olha aí a pequena ninja que anda roubando seus doces, seguindo os passos silenciosos do pai - Marco comentou com um sorriso, vendo a cara de choque ainda estampada na feição da pequenina.

- Fui pega, o-oh - Tama disse com as mãos no ar e um sorriso supera. - Preciso abortar a missão, bomba de fumaça! - anunciou antes de simplesmente correr cômodo a fora.

Ace riu alto com ação da filha, voltando-se a Marco que também ria, porém mais contido.

- Como você sabia? - perguntou ainda sorrindo, apreciando a feição leve e descontraída de Marco que achava tão linda.

- Vocês são muito óbvios - voltou a dizer, bagunçando os fios escuros de Ace quando ele fez biquinho mais uma vez. - Ou achou que fosse um fantasma devorador de doces?

- Nunca se sabe, tanta gente morta por aí, inclusive crianças malucas - defendeu-se, dando de ombros.

O comentário fez ambos rirem, talvez estivessem vendo filmes de terror ruim demais ultimamente. Ace puxou o loiro para mais um beijo antes de se levantar para correr atrás de Tama, acendendo as luzes enquanto corria para alcançá-la e pô-la na cama devidamente.

Marco voltou a se ajeitar na cama, deitando-se cansado, ouvindo as risadas gostosas embalarem seu sono. Aquele era o melhor doce que podia provar, e era ainda melhor quando recebia mais de um na noite.

Entre doces, roubos e mais docesOnde histórias criam vida. Descubra agora