My Love, Mine, All Mine

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  5 anos depois.



 Aziraphale preparava um chá tranquilamente, ainda vestia seu pijama de inverno bege. Checou as horas e soube que seria mais um dia que não abriria a livraria, já mandando mensagem para Muriel que não precisaria vir na parte da tarde também — o ajudante trabalhava no período em que Fell estava fora, em EastGate.

 Além de estar brutalmente frio em Londres, o loiro sentia uma leve dor de cabeça aumentando e já passaria muito estresse mais tarde na universidade.


 Sentou-se na sua poltrona e bebericou o chá na sua tradicional caneca com asas de anjo, logo pondo-a na mesinha de centro. Pôs seus óculos de leitura e ia alcançar um livro em sua frente quando um estrondo o fez pular de seu assento.

 — Que frio do cacete! — Crowley fechou a porta delicadamente depois de ter quase arrombado

 — Bom dia, meu anjo. Você já comeu? Trouxe uns crepes e aqueles bolinhos da cafeteria da...

 — Nina?

 — Isso! Nina — sentou-se no braço da poltrona em que Aziraphale estava.

 — É muito gentil da sua parte, Crowley! Obrigado! — não tardou em abrir a sacola e tomar o café da manhã surpresa — Aceita?

 — 'Tô de boa — o ruivo gostava muito de vê-lo comer, por isso sempre fazia questão de trazer alguma coisinha.

 — Certeza? Você está vidrado nos meus crepes, querido!

 — Como você sabe? Não está me vendo!

 — É mas eu sinto! — na realidade não eram nos crepes que o ruivo estava vidrado.


 Estavam perigosamente perto, a ponto do cotovelo de Fell tocar a perna do ruivo de vez em quando; e Crowley sabia que o braço do sofá era um espaço pequeno, por isso que sempre se sentava ali. Podia observar o loiro comendo, lendo e fazendo qualquer coisa sem que este percebesse. Fora que era uma graça toda vez que ele virava a cabeça para cima para conversar com Crowley, realmente uma graça...

 Era incrível como ambos não aparentavam ter mudado nadinha, mesmo que agora estivessem quase na casa dos trinta.

 — O próximo jantar no Ritz fica por minha conta, querido!

 Crowley queria dizer que não precisava retribuir porque já fazia um bom tempo que aquilo não era mais um favor, apenas gostava de agradar o loiro com as coisas que ele gostava. Só que mesmo depois de anos de amizade, o ruivo temia que ele de repente o esquecesse caso parassem com essa dinâmica, então nunca deixaram de ser assim; era sempre um fazendo favor para o outro.


 O amante de livros contava mais uma das histórias que estava lendo, sem virar o rosto para Crowley pois estava também se deliciando com sua refeição; o que era um alívio para o ruivo, já que só o que via eram as mechinhas loiras tão claras que pareciam brancas como uma nuvem, sentindo um desejo incomum de adentrar sua mão ali e afagar seus cabelos. Se perguntava como seria a sensação.

 E era macio.

 Aziraphale sentiu os olhos relaxarem com o carinho, quase sentindo que fosse adormecer, mas isso foi em questão de segundos até que ele tomasse consciência do que o outro estava fazendo.

 — O que está fazendo, Crowley? — ficou desapontado quando o outro retirou a mão de seu cabelo, automaticamente.

 — Tinha... um fiapo. No seu cabelo.

Ineffable Love StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora