Acaso

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Sinto um corpo pesado bater na cama e os cobertores sendo puxados, logo desperto, sem entender muito bem escuto múrmuros de meu marido, provavelmente algum xingamento direcionado a mim, finjo que estou dormindo para evitar uma briga. Depois de perceber que Antônio pegou no sono novamente me levanto do jeito mais suave o possível e vou em direção do banheiro, meu corpo inteiro dói mas mais que o corpo minha mente doía, aqueles sentimentos da noite passada foram um estopim para o começo do meu desabamento, minha vontade era ligar o chuveiro e por tudo para fora, gritar, chora, berrar até que essa dor insuportável passa-se, mas eu sabia que isso não resolveria nada então só um banho morno e algumas lágrimas era os planos de hoje.

Saio do banho um pouco melhor do que quando entrei, tentei ignorar as minhas mágoas e me concentrar em meus afazeres, me direciono a sala abrindo as cortinas, o dia tinha acabado de clarear, uma paisagem sem dúvidas maravilhosa, normalmente eu veria minhas ovelhas mas a cerca está arrebentada e  meu marido não tem a capacidade de concerta-lá.

Penso em fazer um café mais ainda é muito cedo, pego algumas uvas na geladeira, me direciono a mesa da sala de estar e começo a corrigir inúmeras provas, mesmo trabalhando eu não consigo parar de pensar na situação em que me encontro, me relembro do começo com Antônio, não era perfeito eu sei, mas nunca pensei que chegaria a esse ponto, como eu deixei chegar a esse ponto? Nessa hora eu me pergunto será que ainda posso salvar esse casamento? Eu tenho consciência de quanto ele me faz mal, que tem amantes, seus xingamentos, críticas e seu descaso a mim me machucam, ferem a minha alma, acabam com minha alto estima, e eu sei que deveria me divorciar o mais rápido o possível mas eu não quero que meus filhos percam de certa forma seu pai, e eu sei que caso eu me divorciei do Antônio todos os nossos bens que posteriormente seriam dos nossos filhos ele daria para meninas mais novas e gastaria tudo em cachaça, conheço o monstro que tenho em casa, fora todos os problemas que um divórcio trás como separação de bens e eu sei que Antônio tentaria fazer a minha vida uma desgraça, principalmente se eu um dia arrumasse outra pessoa.

Depois de remoer esses pensamentos finalmente acabo a correção das provas, e quando olho o relógio vejo que está quase na hora do Fernando ir se arrumar para escola, escuto seu despertador tocar, me preparo para fazer seu café da manhã, normalmente eu só faço o café dele mas já prevendo que meu querido marido vai iniciar uma briga por eu deixa-lo dormindo no carro vou fazer seu café também, uma tentativa de agradá-lo.

Me direciono a cozinha e decido fazer panquecas, uma receita simples que eu sei que todos da casa gostam, vou rapidamente preparar a massa e em menos de 10 minutos já as coloco na frigideira, com cuidado sirvo as panquecas as nos quatro pratos, para eu, meu marido e meus dois filhos, coloquei acompanhamentos em potinhos e frascos na mesa para que cada um escolha como iria fazer seu próprio prato, tem frutas como: banana, morango e kiwi, também outros acompanhamentos como: creme de avelã, mel, manteiga e chantilly preparei um suco e um café.

-Bom dia mãe - com uma voz sonolenta meu caçula se aproxima e me dá um abraço e olha para a mesa - quatro pratos?

Sorrio e aceno com a cabeça - Meu anjo você poderia chamar seu pai por favor ? - ele acena e vai em direção ao quarto enquanto eu vou para o quarto de minha filha do meio, Alicia.

Bato na porta e chamo seu nome, vejo ela se mexer um pouco em meio as cobertas e me aproximo mais - Querida vamos levantar por favor? Fiz um café especial para nós. - uma afeição sonolenta e brava me encara.

- Quantas vezes tenho que dizer que eu não gosto que me acordem de manhã! - ela olha para mim e se vira para o outro lado e se cobre.

-Bom dia pra você também Alicia - por mais de muitas reclamações ainda insisto para ela vir e creio que ela aceitou.

A secrets calling LOVEOnde histórias criam vida. Descubra agora