Revivendo

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Ao sair do departamento, uma fina garoa caia, Mason parava, olhava para cima enquanto os pingos caiam em seu rosto, os céus se iluminavam com os relâmpagos, os sons de trovões ecoavam, ele então pensava: "ah definitivamente eu não gosto desse clima".
John ajeitava seu chapéu, levantava a gola de seu sobretudo e seguia a pé até um ponto de carruagens, ao chegar lá ele enfiava 50 euro-dolars no autômato na frente da carruagem e dizia para onde queria ir, ele então entrava na cabine, abria seu caderno e anotava o horário que precisava sair da cidade no próximo dia.
Na cabine o detetive cochilava, sua mente e corpo estavam cansados, as próteses eram de última geração e por mais que usassem um cristal branco ainda exigiam bastante do corpo não tão jovem dele.
Ao chegar John acordava, saia da carruagem e o que ele via era um tanto quanto estranho, o Big-drunk estava destruído, porém em estado inicial de reforma, a obra estava vazia devido a chuva, ele então pegava seu caderno e caneta e entrava, ele ia andando até onde costumava ficar o balcão, Mason ao chegar lembrava de boas lembrança que havia construído ali, ele se agachava, passava a mão no chão e falava:
- Me desculpe meu amigo, não deixarei isso passar em branco, você sempre me ajudou e eu não pude fazer o mesmo por você, espero que esteja bem independente de onde esteja, descanse meu velho, daqui um tempo eu chego.
John então olhava o local da explosão, uma enorme mancha preta estava no chão, o que não era comum, na memória dele a prótese do braço de Mayne que tinha explodido, porém a explosão de um cristal azul, que era o utilizado na prótese de seu amigo, não deixava um rastro de explosão.
Ele anotava em seu caderno e fazia um desenho de sua última visão antes da explosão e fazia anotações, o rastro preto se estendia para as laterais e não para frente, que era onde ele estava, o balcão não tinha resistência para segurar a explosão como estava aparentando.
Era difícil saber se o alvo era mesmo Smoug, o mesmo já tinha saído do prédio e ele nunca se sentava no balcão, uma explosão vinda no Mayne não tinha lógica de ter Smoug como alvo, tudo ali era confuso.
Mason sabia de coisas, porém nada que levasse o mesmo a ser alvo de alguém, todos esses seus pensamentos eram escritos e descritos no caderno.
Destruir o bar poderia ser uma opção, todas as gangues e máfias da cidade e entornos tem um bar, clube ou restaurante que demarca seu território, o Big-drunk era o bar do Smoug, destruir ele é praticamente uma declaração de guerra.
Tudo era tão confuso, parecia ter sido um ataque gratuito, mas não, isso vai mais longe que isso, ninguém destruiria um lugar desse por simplesmente nada, algo grande está acontecendo ali e Mason se sentia como alguém que observava um furacão distante, era questão de tempo dele estar no olho da tempestade.
Ao se virar e olhar o bar, sua cabeça mais uma vez latejava, queimava como se uma faca quente estivesse entrando em seu crânio, ele tinha um dejavu, uma visão tomava seus sentidos, ele escutava a banda tocando jazz, ele via pessoas dançando com roupas de classe, e ouvia a voz familiar de seu amigo chamando seu nome, ao se virar, a realidade voltava a tona e tudo estava normal mais uma vez.
John pensava consigo mesmo enquanto suava frio: " que merda tá acontecendo comigo?, podia jurar que estava revivendo aquilo.".
Ele começava a desenhar a sua memória vivida, enquanto saia daquele lugar, ao sair ele se virava para entrada, tirava uma moeda de seu bolso, jogava a mesma nos restos do bar e dizia com tom de melancolia:
- Adeus parceiro, que Caronte guie sua alma.

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