Cristalake

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O bonde seguiu seu caminho, passando por várias cidades e estações, até que o bonde ficou vazio e foi anunciado a última parada na cidade de Cristalake, uma cidade pequena, com poucos habitantes, era um local pesqueiro, basicamente tudo produzido lá era para o próprio sustento e uso de seus moradores, a cidade fazia fronteira com Veninghan o local da missão de Mason, ambas eram divididas por um enorme rio que deságua no mar, o rio Caronte.
John então desceu do bonde, colocou um chapéu e foi caminhando pelas ruas estreitas da cidade, já estava a noite, as duas eram de pedra, as casas de madeira, o silêncio era notável assim como a fina névoa que cobria todo o local, o cheiro de peixe e terra molhada exalava e o único barulho que se escutava era o ranger das casas e a correnteza do enorme rio.
Após andar alguns minutos o detetive observava um homem velho sentado em uma cadeira de balanço, ele tinha um cigarro de palha na boca e entalhava um pedaço de madeira com uma faca aparentemente improvisada, Mason se aproximou e perguntou ao senhor:
- A viagem me deixou cheio de sede meu caro, onde fica o bar mais próximo?.
O homem olhou para ele da cabeça aos pés, cuspiu no chão e respondeu com uma voz bem rouca:
- Você veio de longe não? O bar do morto fica a duas quadras daqui, mas um cara que fede a cidade grande não vai ser lá muito bem atendido por aqui.
John olhava calmo o homem e respondia:
- Agradeço e fiquei tranquilo, não espero ficar muito tempo por aqui.
Ele então seguia a instrução do velho, mas antes de chegar no bar ele entrava em um beco, rasgava as mangas de sua camisa, e com sua faca fazia um corte superficial em seu braço e o enfaixava com a manga que tinha rasgado, também fez um corte na calça, jogou seu chapéu fora e bagunçou o próprio cabelo, então seguiu para o bar.
Na entrada do estabelecimento John escutava uma música baixa tocando, o som de uma vitrola, uma música clássica no estilo blues saia pela porta, ao entrar ele testemunhou uma cena macabra, em cada mesa do bar havia cadáveres frescos, o sangue escorria na mesa e nas cadeiras, e ao fundo o barman limpava seu balcão.
O homem notava a presença de Mason e dizia:
- Não se sinta incomodado com isso, sente-se no balcão, os bancos estão limpos, já já o pessoal vai buscar o resto desses ratos para desova, desculpa a gente pelo inconveniente a primeira dose sai por conta da casa.
Mason escutava aquilo e seguia até o balcão, se sentava em um dos bancos enquanto o barman pegava um copo e servia uma dose de uma bebida sem rótulo, o homem então dizia:
- Essa aqui é produção local do nosso melhor alambique, experimente e tenho certeza que não vai querer parar.
John bebia a dose, aparentemente era uma bebida feita de cana, era doce e forte mas caiu no agrado do detetive que ao terminar dizia:
- Bela bebida mas me tire essa pulga que tá atrás da minha orelha e me diga o que aconteceu aqui?
O homem então servia mais uma dose, apoiava as mãos no balcão e respondia:
- Fico feliz que gostou da bebida, mas o que aconteceu aqui é o seguinte, não posso e nem quero dizer pra você o motivo, mas digamos que ratos no seu estabelecimento é ruim para os negócios, então contratar um pesticida as vezes é a melhor opção, enfim posso ajudar com algo mais?
John tomava a bebida e respondia:
- Entendi, preciso de mais uma dose desse mel, e de um lugar pra poder descansar as pernas, você sabe onde posso ir.
O homem respondia enquanto servia mais uma dose da bebida:
- Você tem bom gosto, eu alugo quartos no andar de cima do bar, cobro a diária e o uso de água quente, toma a chave do quarto 07, e por gentileza já vamos acertar os valores.
John pegava as chaves, pagava a bebida e a diária e subia para o seu quarto, era um cômodo pequeno com uma cama, um rádio, e um banheiro com um chuveiro bem antigo, ao trocar de roupa e bater na cama para ver se estava limpa e livre de insetos, ele se deitava e escutava barulhos no bar, ao olhar pela janela, ele via um grupo de homens com alguns caminhões pequenos, colocando os corpos que estavam no bar em sacos e levando embora dali.

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