Travessia

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Mason havia dormido cedo naquele dia, ele estava exausto, porém acordou um pouco antes do sol nascer, se levantou, lavou o braço cortado na pia e o enfaixou de novo, bateu uma água no rosto, escovou os dentes, pegou suas coisas e desceu para o salão, ao chegar se deparou com uma cena estranha, o bar estava limpo, as janelas estavam abertas com cortinas novas, o cheiro de verniz invadia o nariz de John, as mesas todas envernizadas juntamente ao balcão, todas as bebidas da prateleira estavam cheias e a mesma música de blues tocava na vitrola.
O barman estava com roupas limpas, parecia que tinham acabado de sair da loja, uma camisa branca de manga comprida, uma calça social preta com suspensórios de couro, sapatos marrons engraxados, no cabelo tinha gel, um penteado separado no meio, o bigode do homem estava com cera, modelado sendo curvado para cima, o dono do estabelecimento tinha olhos azuis e a pele morena de alguém que pega bastante sol, ele rapidamente limpava o balcão, e quando o detetive sentava no balcão ele percebia sua presença e dizia:
- Agora sim tenho prazer de te atender, o bar estava bagunçado ontem devido aos negócios locais, deixe eu me apresentar, meu nome é Heimerich, sou dono desse bar e pousada, e você quem seria?.
Mason estendia a mão e cumprimentava o senhor respondendo:
- Prazer Heimerich, me chamo Thomas Crigg, no momento sou apenas um viajante, mas agora que a situação está mais tranquila, o que houve com o bar ontem e hoje?
O homem então se inclinou, pegou uma xícara e serviu chá para Mason e disse:
- Todos sabem que Veninghan é dominada por uma instituição sem vínculo com o governo, porém é uma cidade onde os ricos vem comprar coisas exóticas por preços mais em conta, é isso que alimenta os porcos da cidade, mas quando um grupo fora da instituição ganha algum poder e sai da coleira, são eliminados mas fora da cidade para não gerar alarde.
John tomava o chá e respondia:
- Entendo, então eles armam uma grande ratoeira, eliminam a praga indesejada e compensam o lugar por isso?.
O barman guardava alguns copos e secava as mãos e respondia:
- Olha você pode até me julgar, mas com o meu bar nas condições que estava, nesse fim de mundo, eu não conseguiria sobreviver, eles ofereceram uma reforma, uma grana e proteção, então poderei sobreviver por mais uns meses vivendo com uma comida que não me envenena e tomando uma água que não apodreça meus órgãos.
Mason se levantava, colocava o dinheiro na mesa junto as chaves do quarto, apertava a mão de Heimerich e dizia:
- Não te julgo, fazemos de tudo para sobreviver e viver com alguma dignidade, foi um prazer meu caro, espero um dia retornar aqui, e aliás, o que aconteceu aqui, morre comigo, até mais ver.
John saia do bar com uma bolsa de pano onde levava algumas roupas e seguia para o pequeno porto onde ficava as balsas que atravessavam para Veninghan, durante todo o caminho, vendo aquela cidade minúscula, onde o esgoto corria ao lado das ruas de pedra, as pessoas magras, com a pele ferida, olhos calejados por uma vida dura, esquecidos naquele lugar, o peito de John martelava o sentimento de pena.
Ao chegar no pequeno porto, ele avistava uma balça, então caminhou até a bilheteria e comprou uma passagem, ao entrar na balça, algumas pessoas estavam sentadas, uma mulher chamava a atenção de Mason, era uma senhora, vestindo trapos, em seu colo uma criança magra como um esqueleto, a criança abraçava uma boneca remendada de pano, enquanto a mãe dormia.
A situação miserável daquele lugar, daquelas pessoas causava algo em John que fazia tempo que ele não sentia, uma dor que ele sentia por outra pessoa, a balça seguiu por cerca de duas horas até atravessar o extenso rio, ao chegar no porto de Veninghan, Mason se levantava, pegava um casaco que tinha na bolsa e cobria as costas da mulher adormecida, então olhava para frente e descia da balça.

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⏰ Última atualização: Feb 13 ⏰

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