Capítulo 8 - For Those Who Are No Longer Here - p.1

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Vinte e seis de agosto.
A pequena cidade do Vale dos Pinheiros amanheceu hoje quieta e sombria. E não poderia ser diferente, afinal, hoje completa uma semana do massacre e todas as pessoas decidiram fazer uma espécie de santuário perto do local do crime, pois o mesmo ainda estava bloqueado com fitas pretas e amarela.

Ali iluminavam, ao total, quatorze velas em memória as quatorze vítimas do massacre. Apesar de alguns terem resistido, com o passar das horas, dos dias, o destino acabou sendo o mesmo. Menos para uma única pessoa.
Chloe Turner estava ali em uma cadeira de rodas acompanhada de seus pais. A menina sobreviveu, mas as sequelas eram visivelmente terríveis. A mesma já não tinha mais a mão esquerda, no lugar, só restavam suturas e esparadrapos com manchas de sangue. Sua mão direita teve alguns dedos amputados pelo ataque, seu pé direito também teve que ser amputado, pois uma infecção quase se espalhou até seu joelho. Além, é claro, das cicatrizes visíveis em seu rosto.

A mesma não demonstrava emoção, não reagia a nada, as pessoas paravam para cumprimentá-la, porém ela não reagia e isso era um efeito do trauma que viveu e do trauma que terá que viver. Chloe sempre foi uma menina vaidosa de beleza pura e natural. Agora ela parecia ser um monstro cheio de cortes e costuras. O silêncio já dizia tudo e, para ela, seria melhor ter morrido. Os médicos disseram que ela já poderia ir para casa e continuar o tratamento lá. Por isso, a sua casa virou quase que um hospital e, talvez com o tempo, ela possa sair da cadeira de rodas e usar muletas.

Na primeira tentativa de obter respostas, no começo da investigação, o detetive Lee, foi até o hospital para tentar falar com ela, porém a menina teve um ataque de pânico e os médicos tiveram que dar um sedativo forte.

Desde então ninguém mais ousou perguntar, nem seus próprios pais. No local ainda restavam pedaços do que um dia foram garrafas, roupas e uma caixa de música. As árvores ao redor do local continham marcas de arranhões, sangue... É, talvez seja por isso que Chloe esteja olhando somente para o chão. Olhar ao redor poderia fazê-la ter outro ataque e ninguém quer isso.

Perto da entrada da floresta, Pietro, Lee e Sean estavam encostados na viatura da polícia, nenhum deles quisera adentrar a floresta e participar da homenagem, não naquele momento. Havia no total três viaturas para fazer a segurança do local, com o entra e sai de pessoas, o medo era que o local do massacre fosse contaminado ou destruído por algum mala sem alça. Pietro fazia parte da patrulha que tinha de ficar de olho, Lee e Sean só estavam ali, pois esperavam por uma pessoa.

– Então... Ele vem mesmo? - Perguntou Lee

– Ele disse que nos encontraria aqui e que então conversaríamos mais sobre o caso. - Explicou Pietro

– E no que ele pode nos ajudar exatamente? Afinal, pelo que você contou, ele tá mais para um cidadão comum do que um policial!

– Eu sei, mas acredite em mim, não vai querer saber os detalhes agora.

Os dois ficaram calados, enquanto um casal saia da floresta e uma família de cinco pessoas entrava, acompanhados de mais três pessoas diferentes. Foi então que Sean chamou a atenção de um deles.

– Sinto muito, mas não podem levar o cachorro junto. - Interveio. O dono do cachorro o olhou feio e Sean retribuiu o olhar.
– Olha, é pelo seu bem ou vai querer arranjar problemas com a justiça por que seu cachorro mijou, ou cagou onde não devia?! - O homem então deu meia volta, desaparecendo da visão dos três.

– Você leva jeito para isso. - Comentou Pietro

– Eu administro um bar. Sempre tem coisas desse tipo lá. - Sean saiu de perto da viatura e caminhou até o meio da estrada, olhando para a outra direção da rua onde, em seguida, surgiu uma figura de moto. - E lá está ele.

Blood Moon - SylvestrisOnde histórias criam vida. Descubra agora