Capítulo 9 - For Those Who Are No Longer Here - p.2

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Vinte e seis de agosto.

Arthur ainda não havia saído da cama. O Vale amanheceu quieto e nublado, e isso poderia significar que ele não iria para a aula. O som das escadas rangendo o fizera se sentar na cama, esperando que a pessoa entrasse em seu quarto. Para sua surpresa, a pessoa que abriu a porta não era sua mãe e nem seu pai. Era ela. A única garota de cabelos ruivos que ele conhecia.

A garota adentrou o quarto, seu rosto estava vermelho - provavelmente com vergonha - ela carregava a mochila pela alça, usava um cachecol preto e longo em seu pescoço. Significa que está realmente frio lá fora.
Arthur não sabia como reagir, nunca havia entrado uma garota em seu quarto - apenas sua mãe - e agora ambos estavam em uma situação um pouco constrangedora.

- Hum... Sua mãe disse que eu podia subir. - Explicou.

- Ahn... Você veio aqui por quê? - Perguntou.

- Está frio, talvez chova, mesmo assim irei a aula... E pensei que você já estivesse pronto para ir também. - Disse. Sarah, na realidade, não sabia se seus amigos iriam a aula.
- Celeste não responde as mensagens. E Pedro disse que já estava se arrumando, mas não falou mais nada.

- Então... Você veio aqui para ver se eu ia para a aula? - Perguntou, novamente.

- Sim... Você vai?

- Sim! Eu vou... Só... Preciso que você saia para eu me vestir...

- Ah! Sim, sim, claro... Vou te esperar lá embaixo. - Então Sarah fechou a porta e desceu as escadas novamente. Arthur se deitou em sua cama, cobrindo o rosto com as mãos, seu rosto estava quente e vermelho, seus lábios tremiam e formavam um sorriso tímido. Em seguida, já de pé, ele começou a escolher a roupa que iria, pegou seus livros e cadernos, vestiu-se e então desceu as escadas.

Quando adentrou a sala, viu que sua mãe, Abigail, e Sarah conversavam. Sarah tinha em mãos um sanduíche com geleia de uva, enquanto sua mãe bebia uma caneca grande de café.

- Filho, vá tomar o seu café! Seu pai está na cozinha esperando por você - Disse sua mãe. Sarah olhou lentamente em direção à Arthur, ela não tinha visto ele ali. Já Abigail nem precisou olhar para saber que era seu filho ali parado.

"Estranho..." pensou. Arthur deu meia volta e passou pela entrada que leva até a cozinha, deixando as duas a sós novamente.

- Então, como eu dizia... - retornou Abigail ao assunto.
- Nos mudamos para cá a alguns anos e desde então nunca tínhamos visto algo assim!

- Algo como o massacre na floresta?

- Exato... Nem em meus anos de caça- Digo... Nem em meus anos morando em uma cabana no meio da floresta, nunca tinha visto algo parecido.

- Err... Por que se mudaram? - Perguntou Sarah, logo em seguida mordendo seu sanduíche de geleia.

- É complicado..., mas talvez entenda.

- É algo pessoal? Bem, minha mãe e eu nos mudamos para cá porque meu pai foi assassinado. E, desde então, aos meses seguintes, viver na cidade grande parecia impossível. - Abigail pode sentir a voz de Sarah tremer, assim como os batimentos cardíacos que começaram a acelerar.

- É... Você entende. - Então a mãe de Arthur sorriu de forma meiga e Sarah sorriu de volta. Quando ela olhou em direção à porta, Arthur já estava ali esperando.
- Bem, é melhor vocês irem. Tenham cuidado! - Disse-a por fim. Sarah se levantou, agradeceu a recepção e então ambos saíram em direção à parada do ônibus.

- Sua mãe é bem legal! - Disse Sarah

- Ela é - Arthur sorriu para Sarah e ela sorriu de volta. Em seguida os dois desviaram os olhares e seu rosto ficaram rosados, porém, Arthur mantinha um sorriso tímido.

Blood Moon - SylvestrisOnde histórias criam vida. Descubra agora