Lágrimas.

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Comemos, tendo uma ótima conversa sobre tudo um pouco. As crianças falavam sobre quais livros queriam ler, e até parecíamos uma família. Balanço a cabeça, por este pensamento ter me invadido, sou tirada de meus pensamentos por Aerin.

- Ahhh, é verdade! Daqui a 3 dias será o festival de primavera!

- Oh, como pude esquecer? - digo isso, largando os talheres e direcionando minhas mãos à boca.

- É verdade, como você esquece seu festival preferido? - Theo ainda lembrava que meu festival preferido era o da Primavera, mas era óbvio que um elfo nascido na primavera gostaria desse festival.

- Lembro-me de quando éramos pequenos, neste festival em especial você fica muito agitada, sempre amou festivais, mas o da Primavera sempre deixou você mais animada. - dou um sorriso ao lembrar dos festivais passados. Era uma semana de pura alegria, nesta semana, meus pais e os pais de Theo voltam para o vilarejo, e vamos em todas as atrações do festival a semana inteira. Nossos pais são muito próximos, então sempre vão juntos. Só tenho lembranças boas quando está relacionado a este festival.

- Que ótimo, bem no começo do festival, a Cristal estará aqui. - Não podia ser. Cristal nunca esteve no vilarejo neste festival. Na primavera, os pais dela iam para a casa de sua avó. Não posso ser negativa. Não é só porque a Cristal estará no festival que tudo vai ficar ruim. Com meus pais aqui, nada vai me deixar triste.

- Quer dizer que mamãe e papai vão vir, não é? - Billi me faz essa pergunta com tanto entusiasmo na voz que me faz ficar ainda mais animada para a volta dos nossos pais.

- Sim, sim, eles sempre voltam nessa época.

- Isso! Estou com tanta saudade.

- Também estou, mas vamos parar de falar sobre o festival, pois vou ficar muito animada - digo isso dando um grande sorriso só de imaginar o quão maravilhoso vai ser.

- A gente vai lá na sala, tá bom? - diz Aerin se levantando da mesa juntamente a meu irmão.

- Tá bom, só vamos terminar de limpar essa bagunça e já vamos lá. - as crianças assentem e logo vão para sala, deixando novamente eu e Theo sozinhos. Olho para ele, estava me encarando com um pequeno sorrisinho nos lábios.

- O que foi?

- É que eu gosto tanto quando você não esconde o seu sorriso, ainda mais aquele que mostra o quanto você está feliz - na mesma hora que ele pronuncia isso minhas bochechas coram, sempre escondo o meu sorriso, por conta de uma vez cristal falar que meu sorriso era aberto demais.

- Obrigada! - falo isso tão alterada que Theodor leva um pequeno susto.

- Você devia mostrar mais esse sorriso, ele é tão lindo, seria capaz de fazer um jardim inteiro florescer! - estava tão vermelha quanto uma rosa, pela mãe, por que ele está me elogiando tanto?

- Pare de bobagem, vamos limpar tudo aqui. - Digo tentando parecer calma, mas não funcionou tão bem.

- Poxa Mary, te elogiar não é bobagem, por que você tem que ser tão dura consigo mesma que você não aceita um elogio? - Pare de me jogar verdades! Não digo nada sobre isso. Theo vira seu corpo na cadeira para me olhar, eu pego mais um pedaço de torta de maçã.

- Você quer? - Ele não diz nada, não insisto. Quando coloco a primeira garfada na boca, Theo diz.

- Poderia pintar você assim, distraída.

- Nem pense. - Ele sorri.

- Por que não? Iria ficar lindo.

- Theo, por favor, pare.

- Mary, por que pararia de te elogiar? Estou dizendo o que eu acho. - Porque me machuca, não digo isso em voz alta, apenas volto a comer.

- Ei, nunca menti quando disse que você é boa em tudo que você faz, e também não estou mentindo quando digo que você é linda. Ouso dizer que é a elfa mais linda desse mundo. - Nesse momento, minha vontade era sair da cozinha. Tudo não passava de mentiras, sei disso, pois quando Cristal morava aqui, todos a denominaram a mais bela garota do vilarejo, enquanto a mim, seria a mais feia. Era isso que as crianças diziam. Sei que Theo sempre me defendeu, mas sei que era por pena, não por achar o contrário. Meus olhos estavam cheios de água, já estava enxergando tudo embaçado.

- Mary, olhe para mim, você não precisa ser forte o tempo todo, especialmente quando está comigo. Eu sei que tem algo te incomodando. - Theodor fala isso, chegando sua cadeira mais perto.

- Você pode contar comigo, você sabe. - Me levantei subitamente peguei meu prato e fui para a pia. Botei o prato em cima do balcão e me virei para ir pegar os outros pratos, porém meus movimentos são parados pelo corpo de Theodor que estava parado na minha frente. Sem falar nada, ele me abraça. Como se um tronco que atrapalhasse a correnteza fosse tirado do lugar onde estava atrapalhando a passagem da água, minhas lágrimas caíam sem nada as atrapalhar, tudo que segurei a meses estava saindo naquelas lágrimas. Theo me abraçava fortemente e fazia carinho em minhas costas. Eu soluçava, tantas coisas que queria dizer a ele, dizer o que o nome Cristal me faz lembrar, dizer que o amava, um turbilhão de coisas que queria jogar para fora, porém apenas seguro e me afasto limpando o rosto.

- Pode terminar de limpar para mim?

- C-claro. - Ele diz gaguejando por meu movimento repentino.

- Já volto para lavar a louça.

- Não precisa. Já disse que lavo amanhã, não se preocupa. - interrompida por Theo, apenas assenti e fui até o banheiro lavar o meu rosto. Jogo um pouco de água em minha face, logo a olhando no espelho,estava inchada e vermelha por conta do choro. Ao me olhar naquele estado, lembro-me de quando era mais nova e vivia com a cara desse jeito. Chorava muito quando pequena, demais para uma criança tão nova. Balanço a cabeça para afastar as memórias de minha infância, saio do banheiro indo para a sala. Theo já estava acendendo a lareira, hoje a noite estava fria, então dormiríamos todos na sala. As crianças já enroladas nos cobertores, rindo e conversando.

- Mary! Vamos logo, estamos ansiosos para saber o que acontece com a última guerreira da frota dos elfos. - dizia a pequena garotinha entusiasmada para saber o final da história que há muito prometera terminar.

- Não acredito que você não leu o final da história para ela, Theo! - repreendi Theo com um olhar de advertência, que logo foi se explicando.

- Acha mesmo que iria terminar essa história? Foi você que contou todo o resto; você é quem eles gostam de ouvir, não poderia terminar.

- É verdade! - concordaram os dois pequenos em um único suspiro.

- Bom, se vocês estão dizendo, vamos lá. A guerreira já cansada e sem esperanças de que sairia daquele lugar com vida, suplicava a seus deuses esquecidos ou seja lá quem a ouvia. Se botou de pé, com dificuldade para respirar, a frota dos humanos se aproximando e só ela em campo de batalha, mas não iria desistir de salvar seu povo; a morte de seus companheiros não seria em vão. Lutaria até seu último suspiro defendendo seu povo e sua liberdade, até que...

Obs: Ela devia parar de ser pamonha e falar de uma vez o que sente•~• kkkk
Espero que gostem🥀💗

O legado perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora