## Capítulo Único

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Olhou em volta e viu uma cidade caótica e poluída, cheia de luzes, ruídos, fumaça e pessoas. Sentiu um misto de medo, curiosidade e esperança.  Acreditava que estava sendo perseguido pelos caçadores de replicantes, que queriam aposentá-lo. Ele sabia que o seu tempo de vida estava acabando, que tinha apenas alguns minutos ou horas. Sabia que era um replicante, um ser artificial, mas ele também sabia que ele tinha uma mente, uma memória, um desejo.

Decidiu que não queria morrer sem ter vivido. Queria ver o mundo, conhecer as pessoas, sentir as emoções. Desejava descobrir quem ele era, de onde ele veio, para onde ele ia. Buscava encontrar um sentido para a sua existência.

Começou a caminhar pela rua, tentando se misturar com a multidão. Procurou por algum lugar onde ele pudesse se esconder, se informar, se proteger, por algum sinal de vida, de beleza, de esperança.

Entrou em um bar quase vazio, exceto pelo garçom no balcão e uma mulher sentada em uma mesa com luz bruxuleante. Não sabia se ela era humana ou replicante, mas o semblante melancólico dela chamou a sua atenção. Ela tinha cabelos loiros, olhos azuis, pele clara e lábios vermelhos. Vestia um vestido preto, um colar de pérolas e um chapéu de aba larga. Ela segurava um cigarro entre os dedos e soltava baforadas de fumaça. Parecia distante e triste.

Ele sentiu uma estranha atração e curiosidade sobre ela. Teve uma vontade de falar com ela. Imaginou se ela era como ele, um replicante nos últimos momentos de vida, se ela sabia quem ele era, um fugitivo dos caçadores de replicantes. Será que ela queria o mesmo que ele? Uma chance de viver.

Ele ia arriscar, tentar se aproximar dela e iniciar uma conversa.  Ser gentil e educado. Ele ia tentar ser discreto e cauteloso. Ele ia tentar ser humano.

Se aproximou do balcão e pediu uma bebida ao garçom. Não sabia se ele era humano ou replicante, mas ele parecia indiferente à sua presença. O serviu um copo de uma bebida alcoólica sintética, que tinha um gosto amargo e uma cor escura. Pagou com algumas moedas que ele roubou da sua estação, bebeu um gole e sentiu uma leve sensação de calor e tontura

Caminhou até a mesa daquela mulher, sozinha e misteriosa.

- Com licença, senhorita. Eu posso me sentar com você? Estou sozinho e gostaria de fazer companhia. Você se importa? 

Ele hesitou, falou com voz fraca, era a primeira vez que iniciava uma conversa.

A mulher olhou para ele, surpresa, não aceitou que ele se sentasse com ela, com desprezo e disse:

- Não, você não pode se sentar comigo. Eu não quero fazer companhia. Você me incomoda. Por favor, vá embora. 

Ele ficou constrangido e decepcionado. Se desculpou e se afastou dela. Procurou por outro lugar para se sentar no bar. Ela percebeu que ele era um replicante? Era uma humana ou uma replicante? Será que fez algo errado? 

.

Sua unidade replicante foi construída em massa, com seus números de série grafados no braço, talvez se revelar fosse perigoso, mas o que tinha a perder? Mostrou o seu braço grafado com os números "24601". Ela olhou para o seu braço e reconheceu o número. Ela disse:

- Eu sei o que esse número significa. Você é um replicante, assim como eu. Deve estar fugindo dos caçadores de replicantes, assim como eu. Você está nos últimos momentos de vida, assim como eu. Você quer viver, assim como eu.

Ele ficou surpreso e aliviado. Descobriu que ela era uma replicante, como ele. Ela sabia quem ele era, um fugitivo dos caçadores de replicantes. Ela queria o mesmo que ele, uma chance de viver.

Confiou nela, ia tentar se aproximar dela e continuar a conversa. Sentou-se na mesa dela e disse:

- Obrigado por me entender. Me chamaram 24601, mas você pode me chamar de Jean. E você, qual é o seu nome?

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