🎄Capítulo 1

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Olá, passageiros, aqui quem fala é a vossa maquinista! Chegamos à primeira estação! espero que gostem do capítulo. Volto amanhã com a continuação! Beijos!!!!

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JUNGKOOK

Seul, Coréia do Sul. Quinta-feira, 23 de Dezembro.

17:45 nam hyung:  porra, kook, só faltam 15 minutos. Onde caralhos tu tá?

Jungkook lia a mensagem na tela do celular e não conseguia acreditar na bosta que seu dia estava sendo. Apesar de ter conseguido sair mais cedo do trabalho, o trânsito típico dos últimos dias do ano parecia estar especialmente mais absurdo hoje. Logo hoje. Diferente do táxi velho e lento, o grupo de mensagens com seus amigos, parecia estar a 100km/h. Sua mente parecia não conseguir acompanhar todas as atualizações que preenchiam a tela, mas, uma coisa era certa: todos já haviam chegado na estação.

17:45 Eu: cara, tá foda. Faltam poucos quarteirões, mas parece que esse táxi não sai do canto.

17:46 jin hyung: bora meu filho, desce desse táxi, vem correndo, faz igual nos filmes!!!

17:46 nam hyung: que ideia é essa jin, tá literalmente -5° lá fora, o menino vai virar picolé antes de chegar aqui

17:47 jin hyung: não se ele correr muito rápido!

17:47 hobi hyung: não faz isso kookie, tá muito frio!! Vai dar tempo!

17:47 nam hyung: qual a estimativa de chegada, kook?

17:48 Eu: segundo o aplicativo eu chego em cima da hora, 18:00h em ponto, mas não tô mais confiando em nada.

17:48 nam hyung: estamos na porta do trem só te esperando, você vem correndo e a gente entra junto!

17:49 hobi hyung: [foto] olha kookie, seus hyungs favoritos!!!

17:49 jin hyung: mas ele só tem a nós!

17:50 hobi hyung: mesmo que tivesse outros, nós seríamos os favoritos, não é, kookie?

Jungkook lia as mensagens no automático, mas sua cabeça só via mesmo os números da hora que o celular marcava e agora ele só tinha 10 minutos. E se a ideia de Jin não fosse tão absurda assim? Era só ele correr bem rápido. Ele é rápido, sabia disso.  A única certeza é que parado ali no trânsito estaria gastando suas poucas chances de conseguir embarcar no trem.

17:51 Eu: vai se fuder puta merda que ódio da escrota da minha chefe que só me liberou depois de terminar uma bosta de um relatório de merda que ela poderia muito bem esperar pra depois do natal. Quem é que vai analisar relatório no dia 23 de dezembro? Nem aquela fudida viciada em trabalho!!!

Jungkook cuspiu de uma vez toda a sua frustração que estava guardada.

17:51 jin hyung: sua chefe é o próprio grinch, sinceramente...perto dela o grinch com certeza montaria uma árvore de natal cheia de estrelas e bolinhas coloridas!

17:51 nam hyung: vamos ter calma, jungkook.

17:51 Eu: calma é o caralho, hyung. Eu to largando esse táxi agora e vou sair correndo

17:52 Eu: e se eu não chegar a tempo, por tudo que é mais sagrado, vão sem mim.

17:52 hobi hyung: tá maluco?:;?]~/+_ç~

17:52 Eu: é sério, hyung, eu sei o quanto de saudade vocês estão das suas famílias, não posso deixar a ogra da Hyunji estragar o feriado de mais ninguém.

17:53 jin hyung: cara, que bosta, que BOSTA! tem que ser uma cuzona muito grande pra conseguir cagar essa bostona colossal!!!!!!!

Jungkook não chegou a ver a última mensagem de Jin, jogou o celular no bolso da mochila, tirou o dinheiro amassado do seu bolso e pagou o taxista, dispensando o troco, se desculpou e saiu do carro. O ar gélido do inverno encheu seus pulmões e ele se preparou para correr. E ele correu, muito, as pessoas e lojas se tornavam apenas borrões, o ar frio batia em seus olhos e o fazia lacrimejar, e por alguns segundos ele se amaldiçoou por ter guardado os óculos de grau.

Seus pensamentos viajavam com muita velocidade, mas ainda assim sentia seu celular vibrar e tinha certeza que eram mensagens dos seus hyungs. Porém, o único ímpeto que teve foi de levantar o braço esquerdo que levava seu relógio até o campo de visão para checar as horas. Porra, porra, porra. 17:57. O sinal abre para os carros. E mesmo sabendo que esse botãozinho miserável do poste não serve de nada, Jungkook sentou o seu dedo indicador, com a ponta já esbranquiçada pelo frio quantas vezes conseguiu, só pra ver se a cor do sinal mudava mais rápido. Nada.

Quando o relógio apontava 17:57:55, Jungkook se permitiu respirar fundo para se preparar para a reta final da sua corrida contra o tempo. Mal o sinal fechou para os veículos, Jungkook já estava do outro lado da rua. Tentava controlar sua respiração, mas a quantidade de fumaça branca que saía da sua boca e nariz demonstrava o total descontrole que o apossava. Mais dois quarteirões vencidos. Já conseguia ver o portão da estação. Vai dar tempo, tem que dar. Mais uma olhada rápida no relógio, 17:59:45, entrou pelo portão. 

Porra, aí sim. Vamo, seu merda, só falta a catraca. Olhou para o painel luminoso procurando o número do trem para Busan. Número 7. mais uma olhada no relógio, 17:59:52, virou a cabeça para um lado e pro outro, procurando seus hyungs, nada. 17:59:58, finalmente encontrou o número 7 aparecendo na lateral do trem, correu mais um pouco, e a última coisa que viu foi as portas se fechando e o trem indo embora. Lento e impiedoso. 18:00.

Jungkook sentiu a mochila pesar e se permitiu sentar no chão. O gosto de bile subia pela sua garganta e ele sabia que era por ter se alimentado basicamente de café o dia todo, tentando terminar o maldito relatório a tempo. Sua cabeça girava, o peito parecia ter desaprendido o ritmo da respiração e Jungkook não sabia diferenciar se o que escorria pelo seu rosto eram lágrimas ou suor. Notou alguns olhares curiosos de pessoas que passavam ao seu redor, e resolveu se levantar. Já bastava de tanta humilhação.

Agora já não havia mais pressa, descansou a mochila em um dos bancos e foi até uma máquina comprar uma garrafa de água. Rapidamente voltou e sentou, sentido um pouco do frio do banco passando pelo tecido surrado da sua calça e ficou ali observando as pessoas embarcando, se despedindo, alguns deles com algumas lágrimas em seus olhos.

O frio deixava tudo mais melancólico, e como se tivesse um grande iceberg na barriga, Jungkook começava a perceber tudo que iria acontecer daqui pra frente: Teria que passar o Natal sozinho, no muquifo frio com um aquecedor mixuruca que ele chamava de casa. O sonho de passar o natal em sua casa, com o guisado cremoso e quentinho da sua mãe que esquentava até seus ossos estava acabado. Não teve coragem de pegar o celular para checar mensagens, ligações nem porra alguma. Falaria com sua mãe mais tarde e explicaria a situação.

Terminou sua água, jogou a garrafa na lixeira, colocou a mochila nos braços e começou seu caminho até a saída da estação em passos lentos.

CHRISTMAS LOVE - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora